quinta-feira, 28 de junho de 2012

FAÇA VOCÊ MESMO SUA CAMISETA


A Microcosm Publishing é a minha editora favorita, simplesmente por lançar e distribuir diversos títulos em relação a zines, atividades independentes e cultura alternativa. Cada vez que entro no site, sempre acontece algum problema em minhas contas...

No último rombo orçamentário, entre outras coisas, adquiri Do-It-Yourself Screenprinting - How to turn your home into a t-shirt factory, de John Isaacson. Confesso que a essa publicação me apeteceu pelo título, pois essa coisa de DIY é mais forte do que se possa imaginar.

Nesse livro, o autor conta em formato de quadrinhos como produzir camisetas em casa, desde a concepção do desenho, passando pela revelação da tela de silk screem, o manuseio com as tintas, até o produto final. Como as histórias produzidas são baseadas em fatos reais, ele mesmo se coloca como protagonista da saga.

Antes de cair nessas páginas, as histórias foram lançadas em formato de zine, uma das outras ocupações do cartunista.

Na primera parte mostra como foi o começo de suas aventuras com o silk, quando sua arte tropeçava no cotidiano de sua família - e vice-versa - e a estratégias utilizadas com eletrodomésticos e ocupando todos os cômodos da casa para produzir sua arte. É lógico que ninguém leva a sério o seu trabalho, que nunca lhe traz dinheiro mas muita sujeira e "perca de tempo".

Para provar que seu trabalho é sério, resolve sair pra rua para vender seu material para "pessoas como ele". Nessa parte, conhece as burocracias (e taxas) para ser um camelô licenciado.

Aprende in loco os macetes, técnicas de venda, e as falcatruas para poder fazer seu produto circular (mesmo não vendendo uma camiseta sequer e colecionar dúzias de IBBL - I'll be back later). Tem seu primeiro choque com a realidade das ruas versus empreendedorismo.


Como percebe que não vai virar nada, resolve observar o perfil variado do público que frequenta a calçada onde está situada a sua banca.


O autor aparentemente desistiu de ser vendedor, pois não volta mais a essa situação no livro. Talvez seja uma dica de que não dá certo vender dessa forma. Ou talvez as "pessoas como ele" não circulem naquela região...


Na terceira parte, muda o título da saga para Do-It-Together Screenprinting, justamente para mostrar a sua nova fase como produtor de estampas.


Após a frustração como produtor e empresário, John, na maior cara de pau, liga para uma estamparia e se oferece para trabalhar no local, dizendo que tem vasta experiência na área e aquelas coisas que todos nós inventamos quando queremos muito um emprego. E acaba dando certo.


Lá conhece Candance que, antes da entrevista com o dono do estabelecimento, lhe dá algumas dicas de como proceder nos equipamentos e como se comportar na entrevista e, sem querer, deixa escapar que quando sua banda toca, faz "umas" camisetas lá mesmo. Depois sabemos que essa banda tem mais estampas de camiseta que músicas!


No dia seguinte, conversa com o Sr. Dave, o dono da loja e viciado em produtos químicos usados na confecção das telas de silk. É aceito e, a partir daí, com as explicações de Candence, o leitor acaba aprendendo junto cada passo da produção. Inclusive, quando explica como proceder no programa Illustrator, tem alguns atalhos para usuários de Windows e Mac. Tudo bem didático e sem forçar a barra.

Logo consegue a confiança do Sr. Dave, que lhe passa uma cópia da chave da estamparia. E o que ele faz? Adivinha...

Entre os capítulos, o autor realiza algumas entrevistas com pessoas que trabalham de forma independente e/ou profissional com a impressão de camisetas, o que ajuda a ter um panorama de como cada um trabalha e os materiais que usam como suporte, diagramação e impressão. O ruim é que seguiu bem a linha dos zines antigos de fazer as mesmas perguntas para cada entrevistado.


Também oferece canais de referências para pesquisas, compras e troca de informações.

Como a série foi produzida em momentos diferentes da vida de Isaacson, nota-se a evolução dos traços e roteiro do autor, que torna-se cada vez mais detalhista, sem perder o desenho leve e com um toque "desencanado" que lhe é peculiar.

Cheio de bom humor (capaz até de arracar algumas gargalhadas em situações atrapalhadas), essa publicação é capaz de te deixar cheio vontade de produzir algo agora, já, nesse momento! 

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