terça-feira, 4 de setembro de 2012

OKUYAMA RULES!


Conheci Rodrigo Okuyama por um acaso. Estava para lançar o primeiro capítulo do meu documentário Fanzineiros do Século Passado no 1º Ugra Zine Fest em 2011. A programação do evento estava repleta de atividades para o dia, mas confesso que não dei muita atenção para a oficina de encadernação que esse rapaz iria desenvolver.

Estive com ele alguns momentos antes, no mesmo momento em que conheci pessoalmente a Fernanda Meireles. Okuyama estava mostrando um boneco de papel que carregava em seu bolso (que mais adiante transformou-se na história dobrável dO Nadador). Não era possível... Aquele cara tinha algum problema: como pode uma pessoa carregar um personagem dentro da carteira? Não tive dúvidas: teria que desvendar um pouco mais o universo dele. Então, na semana seguinte, estava em seu apartamento na Rua Cunha Gago para registrar o depoimento para o documentário e também para conhecer um pouco mais de sua produção.

Ao chegar, o sofá estava tomado por capas de zines com impressões de estêncil em embalagens de tetra pack. "Estão secando", alertou o descendente de japoneses. Os materiais que utiliza em suas produções estão por toda a sala, juntando-se a bagunça básica que toda casa de solteiro merece. Além dos manjados papéis, tesoura, régua, cola, fundamentais para a produção de um zine, naquele meio também era fácil encontrar furadeira, alicate, linhas, embalagens de leite vazias e agulha de costura. Realmente esse cara não é normal. Veja abaixo o clipe "Costurando com Rodrigo Okuyama", que gravei nesse dia:



Mesmo assumindo o custo de fazer uma publicação diferente e quase exclusiva, ele não se importa em ser cliente assíduo de papelarias, lojas de artes e aviamentos, além de gastar boa parte de seu tempo imprimindo, montando, costurando e distribuindo seus materiais.

O que mais chama a atenção em seu trabalho é diversidade de técnicas que utiliza: tintas dos mais variados tipos, papéis de gramaturas e texturas infinitas, materiais alternativos e reaproveitados, impressão com estêncil, carimbos de E.V.A. (produzidos por ele), além de dobraduras diferentes e muito complexas.

Para exemplificar a complexidade de seu trabalho, na ilustração ao lado (cartão de visita), utilizou dois tipos de papéis, impressão a laser e estêncil, além de tinta de tecido, spray e puff. Pense em quanto tempo a pessoa precisou para produzir esse material...


Embora seja um cara tímido e reservado (bem característico dos orientais), Rodrigo é inquieto e com um senso de humor ímpar. Sempre está produzindo algo (diferente, é claro) e nunca (nunca!) seguindo pelo caminho mais fácil: está sempre experimentando técnicas e materiais diferentes em suas produções. Um exemplo que reúne tudo isso é a história Outra Festa no Céu (abaixo) que faz parte da série ZineZinho, onde usa a impressão a laser, o acabamento com carimbo e a montagem com uma dobradura que só ele consegue fazer. Além do humor capaz de arrancar gargalhadas em situações simples.


Seu trabalho pode ser conferido pelo Brasil afora. Entre outras publicações, os traços de Okuyama dão as graças no livro "Horror, Humor & Quadrinhos - as Vítimas do Mico Contra o Trio do Terror", com texto de Heloísa Prieto.


Como comentei, esse cara é muito inquieto e, na época do lançamento da terceira edição do zine La Permura, construiu um móbile que faz alusão aos personagens que ilustraram a capa dos zines. Além de todo o cuidado peculiar que tem para construir os bonecos tridimensionais, também teve todo o cuidado de calcular o peso dos objetos pendurados em varas de bambu. Um dos personagens também funciona como uma luminária. Esse material ficou um bom tempo exposto na livraria HQMix e, quando a loja mudou de local, Okuyama me contemplou com essa obra que hoje dá um toque todo especial para a minha sala. Morram de inveja!

A cada dia esse cara aparece com uma publicação diferente, tanto que é muito complicado colocar todas nesse post. Recomendo que visitem o seu Flickr.

Durante o Mês da Cultura Independente promovido pela Gibiteca Henfil, Rodrigo Okuyama vai conversar com o público em 6 de setembro, às 20h. Nessa oportunidade, além de outros assuntos, vai falar um pouco sobre a sua forma peculiar de produzir. A entrada é grátis. Uma ótima oportunidade para conhecer um pouco mais do seu trabalho.

E, como se não bastasse um cartaz para divulgação, ele fez três. Claro.








3 comentários:

  1. Tenho imagens lidas desse nadador do Rodrigo!

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  2. Brigadão pelo post, Sno! Porra, valeu mesmo! Abração,

    Rodrigo Okuyama

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    Respostas
    1. Queria ter feito algo mais profissa...
      Mas foi meio corrido por causa do Mês da Cultura Independente.
      Abraços!

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