quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

ENTREVISTA THE BARFLY SURFERS



Boqaa: Vamos começar logo?
Japa: É, o lance agora é tocar e divulgar do jeito que der.
Matel: Já esta disponível aí o CD!

B: Que linda tarde de apuração do carnaval, não? E nos quesitos: Surf, erva & cerva, safadeza e psicodelia, estes surfistas que não sabem nem andar na rua como seres humanos convincentes tiram nota dèeeeeeeiz!

M: Quesito tiração de onda. Notaaaa: déeeeez.

Estamos com os THE BARFLY SURFERS, uma das gratas surpresas do cenário rock nacional, formada por membros (e ex-membros) de tantas outras bandas como Merda, Morto Pela Escola, Skape, Jesse Go, Macabra, The Donnyzets, Attack Bastards e por aí vai. Nos contem como começou a parada?!

J: Vamos lá...

M: Japa começou os trabalhos

J: Então quando mudei pra SP descolei uma viola e em minhas noites enfumaçadas ficava fazendo uns sons. Chegou uma hora que o violão "ficou pequeno", queria mais barulho. Primeiro chamei o Gustavo e começamos a fazer uns sons. Mas não sou guitarrista, nem baixista. Então chamamos o Matel e me desloquei pra minha função original.Começou assim, nada muito extraordinário.

E nesse começo do The Barfly Surfers, o som já tinha essa sonoridade apresentada no disco de estréia: "Surf Trash Attack!"?

M: Acho que tem influências de todos os lados

J: A idéia foi sempre ser sujo e barulhento, nisso as coisas não mudaram muito. A diferença é que com a entrada do Matel, agora temos um guitarrista de verdade. E ele traz um lado mais técnico que o Gustavo e eu não temos.

M: Haauhahuahua

Como foi a gravação de "Surf Thrash Attack"? E o que mais piraram e o que mais acharam que podia melhorar?

M: Pirei na performance. Ao vivo é sempre mais gostoso, digo gravar ao vivo...

J: Foi uma gravação bem tranqüila. Como demoramos pra gravar sabíamos já o que queríamos. E gravamos com Luis Tissot (Caffeine Sound Studio), que conhece a gente, entende muito de som. Gravamos onde a gente ensaia. Deu pra experimentar algumas coisas. E o processo foi como sempre ensaiamos e tocamos a base de cerva e erva. Tudo muito bom!!! E sempre quis gravar ao vivo. E essa gravação traz um pouco essa pegada.

Então, vocês afirmam que numa gravação ao vivo pode-se ter um resultado melhor que a gravação por canais, no sentido de pegar a essência da banda num show? Foi pensando nisso que optaram por gravar o "Surf Trash Attack" dessa forma? E para as próximas gravações pretendem seguir a mesma receita ou pensam em ampliar as opções?

M: Receitas às vezes funcionam... e às vezes não!

J: A palavra essência é muito difícil pra mim. O ao vivo tem uma pegada diferente, gravar separado também tem suas vantagens. Mas falta alguma coisa. E como somos um trio, funciona bem pra gente esse formato de gravar ao vivo. E realmente gosto do resultado. Os erros estão lá e tal. Mas é assim. O ao vivo te mostra um pouco mais do que a banda é, não que isso sempre seja bom.

M: É isso aí. A performance sempre é mais importante. Mesmo que tenha milhões de erros

O que esperar de um concerto ao vivo dos TBS?

J: Som alto e barulho. Somos um trio de rock instrumental. Não tem muito o que esperar. É básico, simples e barulhento.

M: Rápido, rasteiro, sujo e com pitadas de surf!

J: Som pra roqueiros e putas.

M: Trilhas de filme B. Spaghetti western! Coisas que eu gosto só que não tem death metal...ainda!!!

Se o Barfly pudesse citar apenas uma influência, sendo esta de um disco em especial, o que seria o "disco pai" da sonoridade de vocês? Ou seja, algo que todos escutam em comum e que de certo modo acaba soando o que vocês desempenham?

M: Mr. Bungle em “California”? (risos)

( Risos)... Pois bem!

M: Acho que FYP não escuta este...

Sabe que eu desconfiei?

M: ( Risos) Pensei no “Naked City” do John Zorn, que é “instrumental jazz”, mas não é óbvio...

J: Rapá, essa é díficil. Cada um escuta uma coisa!

M: Dead Kennedys?

Boa. Quem acredita que Dead Kennedys é apenas hardcore pode crer no arrebatamento!

J: Eu falaria “Tribal Thunder” do Dick Dale. Mas acho que “Fresh Fruit For Rotten Vegetables” é o disco! Então ficamos com o Dead Kennedys mesmo!!! (risos)

Por falar em discos que marcaram época... O que marcou essa década que passamos? O que vocês avaliam de positivo dos “00's” na música underground em geral?

J: Sinceramente, assim de imediato não consigo me lembrar de nada... O que teve de bom nos 00´s?

Rapaz, é assustador pensar nisso mas, parece que os anos 00's não teve nenhuma grande "revolução" no Rock' N Roll. Nem de longe se aproximou do impactante anos 90's ou nos 80's. Talvez, porque de certo modo, nós estamos trancafiados no eterno retorno ou não nos importamos mais porra nenhuma com a conversinha mole do que pode “salvar o rock” proferido pelo dito "mainstream".

M: (risos)

J: Atualmente as revoluções são comedidas e cheia de estereótipos. São "revoluções" criadas. Quem tem medo do Fresno?




Tudo bem, Fresno e toda essa leva que saiu do “underground” para tocar na abertura de malhação foi absorvido pela mídia por ser uma banda atóxica, sutil e delicada(:). Sorte dos caras. Fico feliz porque se não o fosse daria com os ombros. O que quero dizer? Os seus conterrâneos capixabas do Dead Fish, por exemplo, representam algum desconforto ao esquemão jabá nation. E por quê diabos representam isso? Por quê fazem a molecadinha pensar em algo diferente de ficar com a cueca melecada (nem sempre) por causa da “garota radical”, huh?! Um moleque de classe média da terceira série C que escuta o Dead Fish, que até então tinha assistido clipes de qualquer coisa ultra-tatuada-de-franja-chorando-as-camilas-e-as-pitangas da MTV e achava que aquilo era rock, pode começar a pensar um pouco? Digo, com a cabeça mesmo?


J: O Fresno saiu do underground? Sinceramente faço parte disso que chamam de underground faz um tempo e nunca tinha ouvido falar deles. Só fiquei sabendo da existência quando fui pra Porto Alegre vi gigantes cartazes com o nome. Lembro que até perguntei pro Kanela que merda era essa. E na boa, não ligo a mínima, pra mim eles e música sertaneja é a mesma coisa. Não conheço e não faço questão de conhecer.

Gosto do Dead Fish e sei que é meio tenso bater de frente com certas coisas nesse tal de underground, mas alguém precisa fazer. Mas sei lá, não sei se a molecada está muito afim de pensar não. Sou/fui professor de escola pública e via uma molecada que escutava Racionais e tal, só escutavam. Não vou falar da diferença entra escutar e ouvir. Mas era bem isso, entra por um ouvido e sai pelo outro. Estamos sendo soterrados por informações e o moleque que quer realmente procurar alguma coisa pra pensar não vai procurar na MTV.

Enfim, saiu o "Chinese Democracy"!!!

J: Esse aí, em respeito ao velho Guns' N Rose não escutei e não vou escutar. Gosto muito de Guns e pra não estragar a imagem que tenho deles não ouvirei. Não preciso escutar pra saber que está uma merda.


Se o Rick Bonadio chegar com com umas verdinhas (em todos sentidos) numa mão e um contrato na outra a fim de cuidar da música de vocês, o que vocês fariam?

J: Bicho, isso é uma coisa tão distante de acontecer pra não dizer impossível. Então foda-se o Rick Abonadinho!!!

M: Beberíamos várias cachaças com ele....

Existe algo no rock nacional que não seja válido ouvir? (risos)

J: Que não seja válido??? Essa entrevista pode ter quantas páginas???

M: Aquela banda lá ...maymunjunio..mas não sei se é rock...


Tem uns brothers do ES que fizeram uns clipes fodas pro MDR, FOTB, Vivisick, sei lá, até Handsome and The Heartbreakers. Vocês pensam em veicular um clipe?


J: Queremos sim. Idéia é o que não falta na realidade. Na verdade pelas músicas serem instrumentais as histórias vão meio que sendo criadas junto com a música, seria legal fazer essa união entre som e imagem.

Gostei do disco de estréia. Em especial a faixa bônus, “Pequena Amsterdã”, a única melodia com vocal, vocês pensam em usar mais vocais ou ficam calados daqui pra frente?


J: Não existem regras. Às vezes depois de fazermos um som novo penso que poderia rolar vocal, espero essa vontade passar. Depois de me “acostumar” com o som desencano de colocar voz. Mas podem rolar outros sons com vocal. Na verdade tenho preguiça de escrever, preguiça de ter que tocar e cantar. Só tocar já é um sacrifício.

Como rolou de lançar o disco justamente no aniversário do glorioso e-zine do nosso amigo Tibiux, o CHIVETA?

J: Estávamos terminando de gravar e não tínhamos idéia de como lançar. Não estou com tempo e/ou dinheiro para correr atrás de lançar e não sei realmente se vale à pena lançar algo físico. Cheguei a lançar o Hillbilly The Kid (Vida Errante Gravações) e até hoje tenho capinhas coloridas espalhadas na minha casa do ES e aqui. Então a idéia logo de inicio era jogar na grande rede mundial de computadores, só não sabia de que forma. Nos clássicos myspace e tramavirtual com certeza. Mas queria ainda sim fazer um “lançamento” mesmo que virtual. O Tibiu sempre dá uma força nos meus projetos, desde FolhaTeen e Skape, então resolvi mendigar mais uma ajuda. Ele topou, demos uma acelerada pra que ficasse tudo pronto até o aniversário do ZINE e assim foi. E ele ainda está dando uma força monstra na “assesoria de imprensa”.

Quais as últimas coisas que estiveram ouvindo recentemente e que gostariam de indicar?

J: Tenho escutado umas coisas bem antigas. A internet está aí pra gente se divertir. Baixei uns Ronnie Von dos anos 60 que gostei muito, uma coletânea de bandas do Peru dessa mesma época e é muito foda, não dá pra acreditar. Ano passado (re)descorbri Beatles, Who, Jimi Hendrix. Esses dias o Matel me passou o Naked City do John Zorn que é absurdo também. E uns reguerê pra relaxar, sempre é bom !!!

M: Ultimamente uns Miles Davis, os dois quintetos "classicos", Zappa sempre,qualquer coisa do John Zorn e trilhas de filmes do Dario Argento...

Japa, qual a diferença entre ES e SP???

J: A praia!!! (risos)

Na verdade hoje acho que a diferença está na proporção. SP é tudo gigantesco, monstruoso... aqui não chove, aqui tem tempestade. E é um pouco assim em tudo. A vida no ES segue um relógio diferente, lá , tudo de uma certa forma, dá certo. Já não consigo, hoje, dizer se é melhor ou pior. Cada lugar segue o seu caminho...

E como que está agenda d'ocêis para 2010? Se algum jovem quiser fazer um som irado no quarto dele ou na festa de 10 anos. Como deve agir, cavalheiros?

M: (risos)

J: Na verdade nosso primeiro show do ano vai ser dia 20/02 no aniversário de 15 anos do Mukeka di Rato no Hangar 110. E é o único que temos marcados no momento. E se quiser chamar dar um toque, se tiver um sonzinho legal, cerveja, nós podemos conversar. Estamos tentando fechar alguma coisa pelo interior. E estudando outros rolês.

Qual e-mail para marcar show?

J: Esse aqui ó tbsurfers@gmail.com

Para finalizar, por quê diabos não despediram o figurinista de vocês por deixar o FYP usar aquele moleton lindíssimo com as cores da terra sagrada?

M: Afe!!! Pourrra! Não sei, talvez, FYP saiba...

É sério, ele é bonito, aquilo acabou com ele. Fodeu. Soube até que a comunidade de tietes do FYP tem diminuído gradativamente!

J: Aquela blusa é linda. Foi a avó de um amigo nosso que fez para ele de presente. É lance de família! Uma linda vestimenta!! E sobre as tietes, que nada, isso só aumenta. (risos)

M: Fyp é o sex simbol do Barfly!

Cavalheiros, o espaço é de vocês! Obrigado! Nos vemos no Hangar!

M: Eh nozes, keep surfin'!

J: Valeu verme feio e sujo.




Baixe o “Surf Trash Attack” disco de estréia do The Barfly Surfers clicando aqui!

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4 comentários:

  1. Baixarei a bagaça.
    Acho que tive mais sorte que o Japa quando dava aula. Tive vários alunos que ouviam HC, "incrusive" gravava para eles algumas coisas, usava letras de punk HC e também rap nas salas de aula, e alguns deles têm banda hoje.
    ZL de São Paulo é muito punk rock, teve uma escola que eu dava aula que o professor da quarta série era o guitarrista do Deserdados!
    Bons Tempos!

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  2. É, acho que você teve mais sorte mesmo dando aula. jejeejejejej A maioria era do funk, uns ainda gostavam de rap.

    Cheguei a dar uma aula sobre história do funk, mas o funk de verdade. jejejejeje

    abrá

    japa

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  3. Juro que não sabia que o Japa era professor...

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  4. É Viegas, era...
    Agora nem sei mais. Professor e de Filosofia.
    jejejejeje

    abrá

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