quinta-feira, 30 de junho de 2011

SEAWEED NOVO!


Depois de 13 anos, o Seaweed está de volta: no dia 4 de julho sai, pelo selo No Idea, o compacto “Service Deck”/”The Weight”. Apenas em vinil! Prediletos da casa (e nesse caso falo em nome de todos os zinistas), o Seaweed é uma banda impossível de rotular, verdadeira instituição do rock alternativo dos anos 90. Desnecessário dizer que estamos muito felizes com a notícia desse lançamento, e ansiosos pra botar as mãos nesse vinil.

Pra saciar a curiosidade dos fãs, o site da revista Magnet disponibilizou, para stream, as duas músicas novas da banda. Clique aqui e seja feliz.

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adendo parte 1

Coincidências existem. Tipo 15 minutos depois de subir esse post, fui checar meu email e lá estava o remetente: Aaron Stauffer (vocal do Seaweed). Tinha enviado um email pro cabra uns tantos meses atrás, e a resposta chegou apenas hoje. Coincidentemente hoje.

Diz o email: “Desculpe pela demora em responder. Tenho andado muito ocupado, sou um enfermeiro agora, e trabalho à noite, turno de 12 horas. Muitas vezes eu apenas durmo o dia inteiro nas minhas folgas. Bom, o Seaweed fez 10 shows desde a reunião. Em agosto, vamos fazer um show em Tacoma (WA) e talvez uma pequena tour australiana em fevereiro, que seria nossa primeira tour nesse retorno da banda. Em geral, temos optado por fazer shows isolados. O primeiro que fizemos, nessa volta, foi em New York. Temos até que composto bastante, mas queremos lançar apenas o 7” – um álbum seria um exagero.”

Claro que aproveitei o ensejo para questioná-lo sobre uma visita ao Brasa. Daqui alguns meses terei a resposta e compartilho com vocês.

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terça-feira, 28 de junho de 2011

NOVO PAINEL DANIEL MELIM - 3 PERGUNTAS



Quem estiver passando pelas imediações da Estação da Luz, sentido centro não conseguirá deixar de perceber uma das mais novas intervenções urbanas da cidade de São Paulo. Trata-se de uma pintura (ou graffiti) de proporções gigantescas feita pelo artista Daniel Melim, tomando a lateral inteira de um prédio da Av. Prestes Maia.

Conhecido pelos trabalhos feitos em stencil, Melim falou com o ZINISMO a respeito dos desafios na execução desse trampo monstruoso.


ZINISMO: Como surgiu a oportunidade ou idéia de fazer este trabalho? E por que a escolha deste prédio específico?
Daniel Melim: Há algum tempo eu tenho corrido atrás de fazer algum trabalho em grandes proporções. Primeiro tentei aqui em São Bernardo, junto com outro artista da cidade e parceiro, Cena7. Mas acabou que não rolou nada. Disso eu já tinha conversado alguma coisa com o Haroldo (SHN), Eduardo Saretta e o Baixo (ambos da galeria Choque Cultural), da minha vontade de tentar fazer esse tipo de trabalho... Essa é uma parte. Bom, no começo do ano rolou uma viagem para Basel, Suíça (conexão Galeria Choque Cultural e Brasileia), onde além de uma exposição, também rolou de pintar na rua, painéis de proporções não tão gigantescas, muros de 4x3 metros, o resultado foi bem legal e quem apoiou essa trip foi a empresa aérea KLM. Quando voltamos pro Brasil, já tinha uma proposta em mente de continuar essa parceria e desenvolver algo maior. Daí surgiu a idéia do painelzão! Desenvolver um grande painel, que realmente interfira na paisagem da cidade.

O muro é um caso a parte. No início, nem era esse muro, era um outro murão, mas não tão grande quanto esse da Prestes Maia. Mas quando nós (artista, produção e patrocinador) vimos essa murão, na hora pensamos: "é esse o lugar!". Uma que é um local que proporciona um visão geral do trabalho, dele inserido na cidade, já que não tem mais nenhuma outra edificação na sua frente (de testa!), o local tem um fluxo absurdo de carros, motos e pessoas (também dá pra ver o painel de dentro do trem), perto da Pinacoteca , Estação da Luz, e por aí vai. Mesmo assim, o lugar é detonado (parte da cracolândia), prédio invadido, mendigos, etc. A região de dia é uma coisa, de noite outra completamente diferente... Enfim, o lugar ideal para um grande painel.

E a questão de segurança. Já tinha rolado de fazer algum trampo nessa altura? Rolou um medo?
Pra ser sincero, eu não sou fã de altura (quem me conhece sabe disso), mas tem toda uma segurança e produção por trás de todo esse trampo. Isso dá um pouco de tranquilidade, mas não vou mentir, no começo é meio tenso de trabalhar. Com o vento então... um equipamento que se chama "balancim"....(risos). Mas a vontade de fazer esse trampo é maior que o medo! Vários meses de produção, não tinha como amarelar e com o tempo você esquece que está trabalhando a 40 metros de altura do chão.

Você costuma trabalhar com stencil e em menores proporções. Como foi adaptada sua técnica para um graffiti em proporções gigantescas como essas?
A grande dificuldade de um grande painel (pra quem pinta a mão livre ou com stencil) é o lance da proporção - não temos um distanciamento visual do muro que possibilite ver o trabalho como um todo, isso dificulta manter a proporção do desenho - impossível dar um traço e andar pra trás pra ver. Como minha técnica-base é o stencil, o grande desafio pessoal era esse, um stencil nessas proporções, de uma forma viável e prática.
A solução foi bem simples, o stencil normal mesmo em papel, pregado com fita crepe. A diferença é que ao invés de fazer um molde único, fiz por partes, dividindo a imagem em pedaços. Depois foi aplicar o spray e ver se funcionava. Digo isso porque nunca tinha feito antes nada dessa proporção, então poderia também dar errado... Mas, ao mesmo tempo, eu e toda a equipe, estávamos com tudo bem planejado. Isso foi um ponto que contribuiu muito para que o trabalho rolasse de uma forma tranquila.

Mais detalhes da produção no vídeo abaixo!

segunda-feira, 27 de junho de 2011

ENTREVISTA SHED 2002

Navegando pela net e consultando o Oráculo, encontrei uma entrevista que fiz com o Shed em 2002. Juro: não lembrava dessa entrevista. Ela foi feita na minha antiga loja na Galeria do Rock e foi publicada no site Zona Punk. E agora, quase 10 anos depois, resolvi publicá-la aqui também, na sua versão integral. Segue o bate-papo, com a intro original da época...


Num dia qualquer de Abril de 2002, me reuni com metade do Shed para um divertido bate-papo ao som de Closure e Smalls. Para os não-iniciados, o Shed é uma ótima banda paulistana de "róqui", ou neo-grunge como alguns preferem. O que importa realmente é a aposta numa sonoridade pouco usual e, talvez por isso mesmo, tão agradável aos ouvidos cansados da mesmice musical da cena alternativa tupiniquim. A banda é formada por Zé (guitarra e vocal), Fernando (guitarra e backing vocal), Gabriel (baixo) e a lenda Hugo (bateria e baladas na Riviera São Lourenço). Eles lançaram há pouco tempo o seu segundo álbum "Now Available In Stereo" (primeiro pelo selo Highlight) e têm mostrado nas suas performances ao vivo toda a força e qualidade da sua música. O essencial já foi dito, para maiores detalhes e ocasionais gargalhadas leia a entrevista logo abaixo... Senhoras e senhores, é com imenso prazer que lhes apresento o sensacional Shed!!

Viegas: Como, quando e por quê o Shed iniciou suas atividades?
Zé: Começamos em 98, a fim de tocar só, foi isso...
Hugo: Eu tinha outra banda antes, aí o Zé entrou pra cantar, aí a banda começou a fazer as paradas em português, nós saímos fora e montamos o Shed.

Viegas: Por quê? Só porquê era em português?
Hugo: É, a gente não gostava de português na época... tava muito igual Legião Urbana e como eu odeio Legião Urbana preferi sair fora.

Viegas: Já que entramos na polêmica do idioma, eu gostaria de saber qual o principal motivo que levou o Shed a optar pelo inglês: foi pelo fato do Zé ser americano, por causa da sonoridade em si ou para atingir um público para além das fronteiras do Brasa?
Zé e Hugo juntos: Pelas 3 coisas!
Zé: A gente acha que o rock devia ser em inglês.
Hugo: Não, não é que a gente acha isso, é que é foda fazer em português, tem que ser muito bom para ser bom, é difícil...

Viegas: Qual banda faz bem em português?
Hugo:
Prot(o).

Viegas: Só o Prot(o)?
Hugo:
Não, deixa eu ver outra banda... (pensando)

Viegas: E a Legião Urbana?
Hugo:
Não, Legião é uma bosta! Aperta o pause aí...

Viegas: Não!
Hugo (perguntando p/ o Zé):
Qual banda eu gosto em português mesmo?
Zé: Prot(o) e Ludovic. (risos).

Viegas: Expliquem o que é Ludovic...
Zé:
Ludovic é rockão meu!! (risos)

Viegas: Quem toca no Ludovic?
Hugo:
Eu, o Jair que era do Okotô, o Pepê que ninguém conhece e um outro guitarrista que eu não sei o nome porque ele nunca ensaiou comigo, só fiz um show com ele e não sei o nome dele, esqueci... (mais risos)

Viegas: Ainda na polêmica do idioma... Zé, como anda o inglês dos vocalistas tupiniquins?
Zé:
A maioria das bandas são ruins de sotaque, eu acho péssimo, mas isso é normal porque é muito difícil ter o sotaque certo para cantar...

Viegas: E quem faz bem em inglês, com um sotaque bacana, uma gramática correta?
Hugo (enfático novamente e se metendo na conversa):
Diesel.

Viegas: Só o Prot(o), só o Diesel, você é radical, hein?
Hugo:
Não, tem mais bandas...
Zé: Tem o Hateen, o Pin Ups também era bom...

Viegas: Existe um certo paradigma, apontado até mesmo por vocês, que diz respeito ao fato do Shed ter "problemas" com público. Explico: A molecada hardcore parece não entender a proposta neo-grunge do Shed, e isso meio que incomoda vocês, não é? Qual a saída: mudar a mentalidade dos guris ou tentar atingir um outro público?
Zé:
Acho que mudar a mentalidade mesmo...

Viegas: Não é a saída mais difícil?
Zé:
Só tocando e tocando e tocando pra entrar na cabeça das pessoas...
Hugo: Porque a gente não é uma banda grunge na verdade, a gente é uma banda de rock! E nem todos os moleques são preconceituosos, sempre tem uns 3 ou 4 que acabam gostando... e de 3 em 3 um dia a gente chega nos 10, 11... (risos) E como a gente toca muito com banda de hardcore, porque colocam a gente pra tocar, quem deveria conhecer nosso som acaba não conhecendo... mas foda-se também se é hardcore ou heavy, a gente quer tocar!

Viegas: Há quem diga que com o fim do Pin Ups, o Shed ficou orfão, pois o Pin Ups era tipo "padrinho" do Shed, sempre deu uma puta força pra vocês, colocando vocês pra abrir os shows deles, inclusive o do Superchunk na Broadway...
Hugo:
Quando a gente tocava com o Pin Ups era foda porque o público do Pin Ups era a galera que gostava do nosso som, ou que pelo menos poderia gostar... aí o Pin Ups acabou e nós começamos a tocar com o Crush Hi-Fi, que também acabou, aí começamos a tocar com o Echoplex que aparentemente também acabou... aí não tem mais banda pra tocar, quer dizer, tem banda pra tocar mas não como a gente, não com o mesmo som... mas tem o lado bom, pois show com banda tudo igual é uma merda, eu não aguento, principalmente se for tudo banda de hardcore.

Viegas: Vocês enfrentam um problema semelhante com o Pin Ups circa 93, na fase do "Scrabby!": eles eram pesados demais para o público guitar/indie e, em contrapartida, pop demais para a galera que ouvia música mais "pesada" (punk/hc). O Shed também vive nesse vácuo de público?
Hugo:
Nossa maior influência é punk rock, apesar do som não parecer punk, ou seja, só porque nossa influência é punk rock não quer dizer que vamos fazer um som igual punk rock... a gente faz um som nosso!

Viegas: Mas essa atitude meio passiva do público, meio fria, incomoda vocês?
Hugo:
Só em São Paulo temos esse problema, eu não sei o que acontece... quando a gente toca em outros estados junto com bandas de hardcore, muitas vezes em festivais de hardcore, o pessoal dança normal, curte o som, bate palmas (risos)... 30 ou 40 pessoas vem falar com a gente ao invés dos 3 ou 4 de São Paulo, então não sei, todas as bandas falam que estão perdendo o tesão de tocar aqui em São Paulo.

Viegas: E por falar em shows com bandas de hardcore, vocês poderiam aproveitar pra fazer um panorama geral de como transcorreu a tour com o Flatcat...
Zé:
A turnê com o Flatcat teve seus pontos bons e seus pontos péssimos... o pessoal do Flatcat é bem legal, do Reffer também, a gente se divertiu bastante na viagem, foi legal mas não tem muito o que dizer...

Viegas: E o problema com o velho TAD (ônibus da banda, de 1958!), o que rolou?
Hugo:
O busão quebrou e não tínhamos como pagar, aí o Gabriel pagou do bolso dele, depois quebrou novamente, também não tinha como pagar, aí tivemos que voltar com um busão normal, depois o Gabriel voltou pra arrumar. Aí nós tomamos um prejuízo, por isso que vai rolar um show beneficente (Nota do Editor: na verdade já rolou, foi no Hangar e tocaram, além do Shed é claro, Polara, Reffer, Fuleragem e Marshmallow Pies), espero que todo mundo compareça pra ajudar o velho TAD pois um dia você pode andar nele (risos).

Viegas: Vamos falar um pouco sobre o disco novo, "Now Available in Stereo"... O resultado foi aquilo que vocês imaginavam?
Hugo:
Não agradou porque nós não conseguimos fazer o que a gente sempre quis, até porque ainda não achamos a pessoa certa pra gravar a gente...

Viegas: Mas será que essa pessoa existe no Brasil?
Hugo:
Não.

Viegas: E o que vocês vão fazer?
Hugo:
O próximo disco a gente vai gravar fora do país.

Viegas: E o disco está vendendo legal?
Hugo:
Cara, um exemplo: na turnê com o Flatcat, enquanto as outras bandas vendiam 10 cds por show a gente vendia 1. Então na turnê inteira nós vendemos uns 10 cds, teve só um show que a gente vendeu 2 cds, na maioria a gente vendia 1 porque sempre tinha algum amigo nosso de longa data e ele comprava... hahaha... E aqui em SP a última notícia que eu tive é que tinha vendido uns 350 cds...
Zé: Mas a gente precisa tocar mais, porque só tocando é que vai vender cd, não tem jeito.

Viegas: Qual o episódio de viagem mais hilário já vivenciado pelo Shed?
Hugo:
Foi aqui em SP mesmo, a gente foi tocar com uma banda no Sub Jazz, aí o ultra-master-mega-plus batera do grupo levou a bateria dele de 7 bumbos ultra-mega-plus dourada (risos), aí o cara fez o ultra-mega-show dele com explosão e tudo, aí simplesmente no final ele retirou a bateria dele e ainda quase bateu no Gabriel...

Viegas: E vocês ainda tocaram?
Hugo: Tocamos com um tom, um surdo, uma caixa e um prato.

Viegas: E vocês já se falaram depois disso, ele pediu desculpas ou algo do gênero?
Hugo:
A gente nunca mais toca com eles enquanto ele estiver nessa banda, porque isso não é atitude digna de um cara que toca rock no Brasil, sendo que a banda dele é tão tosca e bosta quanto a nossa em termos de público, não estou falando de som é claro. Sei lá meu, o cara faz academia e tal, é descolado...

Viegas: Falem sobre o clip de "It’s Today".
Hugo:
Estava rolando a gravação de um comercial de um celular do Sul, mas aqui em SP, e estavam participando uns atores da Globo, famosos tipo ultra-mega-master-plus-hiper, tipo o batera do grupo que falamos anteriormente, e de "resvalo" eles viram a gente gravando e decidiram nos ajudar. E ficou fudido...

Viegas: E tipo caiu do céu, foi de graça mesmo?
Hugo:
É, só pagamos o material que usamos e o George que é uma lenda do videoclip...

Viegas: Vocês foram abençoados pra ter uma sorte assim?
Hugo:
Cara, a gente só entra em roubada, uma vez a gente tem que dar sorte em alguma coisa, porque a gente só se fode! Ou os caras roubam a gente no show, ou o busão quebra, a gente vai tocar e as minas não vem atrás da gente... hahahaha... É brincadeira.

Viegas: O que vocês têm escutado ultimamente?
Zé: Sense Field, a melhor banda do mundo!
Hugo: Ultimamente eu tenho escutado bastante Kiss, bastante mesmo, e agora eu voltei a ouvir bastante Hüsker Dü que eu tinha parado um pouco, Mudhoney e Fu Manchu.

Viegas: E existe algum referencial coletivo pro Shed, algo que unifique as preferências de cada um de vocês, sei lá, por exemplo o próprio Hüsker Dü?
Hugo:
Não. Seria uma banda new wave tipo Stray Cats (???). (risos)

Viegas: Pra finalizar eu queria que o Zé me respondesse uma coisa: É verdade que o Hugo é débil mental?
Zé:
É.

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segunda-feira, 20 de junho de 2011

DOMU ARIGATÔ XAVIER SAMMA

*Samma = maneira respeitosa de dizer mestre ou professor



É complicado escrever de algo que a gente goste muito sem soar propaganda, fanatismo ou algo que o valha, mas seja você um fã de animes, ou seja você um "Marvete" die hard da época das revistas da Abril Jovem e principalmente da fase que Chris Claremont assumiu o roteiro e reformulou os X-Men (exatamente quando os Mutantes da Escola do Prof. Charles Xavier ganharam sua própria revista aqui no Brasil - até então as histórias dos X-Men, X-Factor e o começinho dos Novos Mutantes apareciam no meio das revistas Herois da TV, Superaventuras Marvel e Capitão América), ou então, seja você um cara que tem saudade da série X-Men the animated series, que passou na Globo no fim dos anos 90, e, pior ainda, seja você como muitos dos Zínicos deste blog, fã de tudo isso descrito acima, tenha certeza que, se por acaso você ainda não se aventurou em "googlar" o desenho que deu origem à esse post aqui, agora, não tenha dúvidas que você será contaminado!

Faz uns três meses que eu havia visto o trailer de X-Men versão Anime (desenho de animação japonês, com aqueles traços caracteristicos de mangá, só que de conteúdo e estilo mais adulto! - Meu amigo Gustavo Az disse ontem sobre o velho Sawamu - aquele do Salto no Vácuo com Joelhada! - que a avó dele sempre o alertou que Animes não são para crianças!!! É a sabedoria dos mais experientes sempre se fazendo valer!!!). O fato é que eu estava (e ainda estou) tão cheio de compromissos de caracter estudantil que eu mesmo acabei esquecendo disso. Mas ontem, numa conversa de nerd via facebook, e o fato de eu precisar desligar meu cérebro por alguns instantes, me levou ao mundo mágico dos animes de novo! E enquanto assistia pela trocentésima vez o primeiro episódio de Blood + (ラッドプラス - Buradu purasu), eu me lembrei dos X-men.
Aí o Google me tirou do sono suspenso (igual ao do Steve Rogers) e eu passei a madruga assistindo os 10 primeiros episódios de X-Men Anime (pois é eu demorei! Malz ai! Se você já tá assistindo, não julgue isso como notícia velha, é que o tempo urge e eu estou muito enrolado mesmo!!! sorry =[ ).

O resultado, mais que esse post, foi um vício imediato e uma crise de abstinência insuportável ao fim de cada episódio! Eu nem dormi ainda! Fiquei num esquema Rentton no começo do Trainspotting + música do Ministry = JUST ONE (more) FIX! E nessa, eu tô aqui assistindo até agora! hehehe!

Se o Chris Claremont permeou todo essa fase que ele escreveu os roteiros dos X-Men com influências de jPop (jay Pop, ou cultura pop japonesa), fazendo a Tempestade mudar de visual (trocando as longas madeixas pelo estilo moicâno muito antes de Beckhan e do Neimar!) e de personalidade (logo depois do confronto com Drácula - X-Men #1) e assumindo o nome japonês de Ororo, se ele também deixou bem claro o passado no Japão de Wolverine, o treinamento com o Ronin* Ogun Samma (*tipo um Samurai assassino, quase um 人斬り抜刀斎 Battousai - retalhador - como Kenshi Shimura, o Samurai X - るろうに剣心 -明治剣客浪漫譚), o casamento de Logan com Mariko Yoshida, e principalmete quando tudo isso ainda fica mais claro na minissérie em dois volumes Wolverine & Kitty Pride e em X-Men #4, onde a mesticinha Kitty Pride vai pra Tóquio salvar o pai e cai nas mãos do Ronin Ogun se transformando por fim na Lince Negra, e ainda podemos falar que foi a fase que o Fera voltou pros X-Men, mas agora na forma bestial do fera e não mais como um humano de características animais - esse papel ficou com Wolverine que vivia uma eterna briga consigo mesmo entre o humano Logan e o animal Wolverine - enfim, se você pirava com tudo isso, então imagina agora que os próprios japoneses decidiram mostrar as influências nipponicas dos mutantes em um anime que eles mesmo fazem?!?!

Melhor do que eu escrever uma sinópse ou dizer o óbvio como: A animação é absurdamente incrível! A trilha orquestrada é genial! Lembra até as trilhas do Oingo Boingo "Samma": Danny Elfman! Melhor que tudo isso é você mesmo assistir o anime e tirar suas próprias conclusões, por isso, para infectá-lo, segue abaixo o episódio #1 com aúdio em japonês e legêndas PT/BR, os outros nove mais o que vier daqui pra frente, é com vocês!!!


Domu Arigatô X Meno!


sábado, 18 de junho de 2011

RUA PROGRESSO – MINAS GERAIS




































































Ao menos quatro gerações passaram pela ampla casa de meus avós.
Situada à Rua Progresso em Lavras foi construída pelas mãos de meu saudoso avô Jorge, após retornar como pracinha da Itália.
Passando pelos seus longos corredores, vislumbro ambientes que se sucedem com diferentes cores, decorados com as mais inusitadas técnicas: paredes caiadas, salas iluminadas por cortinas que tingem o reflexo do sol, tetos defumados pela lenha do fogão e texturas ou manchas impressas pela memória.
A fumaça no ar paira e o tempo teima em passar lentamente, me permitindo o luxo das prosas demoradas com meus antecedentes e um mergulho investigativo nas origens familiares de minhas teimosias e virtudes.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

CLIPE COM (PISTA DE) SKATE

via Facebook:

Quem é capaz de NÃO GOSTAR de uma banda que se chama: SOMEONE STILL LOVES YOU BORIS YELTSIN???



UM ANO SEM SARAMAGO


Amanhã, 18 de junho, o calendário marcará um ano da morte de José Saramago. Para o caso do esquecimento ou da impossibilidade, fica aqui, algumas horas antes, o nosso registro. Pilar del Río tem razão: é estranha essa ausência de alguém que continua tão presente - e principalmente tão necessário, demasiadamente necessário nesse mundo cada vez menos humano - em nossas vidas.

Enfim,

Recorro às palavras da viúva:

"O avião que transladaria o corpo de José Saramago chegou a Lanzarote perto da meia-noite do dia 18 para sair no dia seguinte de manhã, já com a sua carga singular, o caixão e os amigos mais próximos do escritor. Para se despedirem dele, a Fundação César Manrique convidou os ilhéus a que deixassem as suas casas e o trabalho, descessem à rua e lessem em voz alta fragmentos dos livros que Saramago escreveu em Lanzarote, de modo a que a última saída da ilha fosse acompanhada pelo eco da sua voz. Depois, quando o avião aterrou em Lisboa, outra surpresa aconteceu: pessoas erguendo livros, levantando-os do chão como Saramago havia levantado a vida de tantas pessoas humildes nas suas diversas ficções e, sobretudo, na sua escolha dilecta. Após a cerimónia na Câmara Municipal, o cortejo partiu para o cemitério. Ali foi o adeus definitivo, um grupo de pessoas dentro da sala do crematório celebrou o facto de ter partilhado a intimidade de um homem grande, enquanto lá fora havia um mar de livros e de cravos vermelhos, dois símbolos que engrandecem quem homenageia e quem é homenageado."

Leia o texto na íntegra aqui.

Amanhã as cinzas de José Saramago serão depositadas diante da Casa dos Bicos, em frente ao Rio Tejo, em Lisboa.

foto: caixão de José Saramago, na chegada a Lisboa, em junho de 2010.

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quinta-feira, 16 de junho de 2011

J. LEE FOREVER!

O 360 flip (vulgo "kickão") mais bonito de todos os tempos. E ponto final.





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quarta-feira, 15 de junho de 2011

ABRINDO PRO SLAYER...

Se o público não vai até a banda, a banda vai até o público. Imbuído do espírito "mãos à obra", o duo paulistano TEST não pensou duas vezes: levou sua kombi e sua música para a porta do Via Funchal, na noite do show do Slayer. Mas imagens valem mais do que palavras, veja o vídeo e entenda...



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sexta-feira, 10 de junho de 2011

SAIU O LIVRO DO PEDRO DE LUNA


Figura mais do que ativa na cena underground de Niterói (RJ), o jornalista e quadrinista Pedro de Luna acaba de lançar seu primeiro livro. “Niterói Rock Underground (1990-2010)” é o nome da obra, que foi viabilizada no esquema de crowdfunding. Em breve traremos, aqui no Zinismo, mais detalhes sobre esse lançamento. Aguarde!

Para saciar sua curiosidade ou saber como adquirir o seu, clique aqui.

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terça-feira, 7 de junho de 2011

IDEIAS EM TRÂNSITO - RASCUNHO Nº 1

Um semáforo balança.
Uma bicha pede esmola (não, não estou sendo homofóbico, ela mesma se definia assim: "dê uma esmola pra uma bicha que não tem onde morar").

Mogwai toca.
Um motoqueiro equilibra-se carregando cestas de pães. Muitos pães.
Outro semáforo balança.

Um galho despenca dos céus.
Na verdade, despencou de uma árvore.
As árvores não balançam. Elas dançam.

Vento. Vento forte. Venta forte.

"Ela partiu, partiu, e nunca mais voltou."
Tim Maia toca.
Cheguei.

Afinal, "sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam", já disse Saramago (ou O Livro dos Itinerários).

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TEASER DVD - BOOM BOOM KID

Sai em breve, via Läjä Recs/Ugly/Lowtown, o DVD do Boom Boom Kid. O projeto, encabeçado pelo próprio Nekro e pelo santista Lucas Valente, já tem título: INCENDIOS DE UN PITECANTROPO SIN IUTUB.

Veja o teaser:



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segunda-feira, 6 de junho de 2011

ENTREVISTA GAZY ANDRAUS - PARTE II

O Zinismo publica a continuação da entrevista feita com o professor (e estudioso de HQs e Fanzines) Gazy Andraus. Nesta segunda parte a conversa segue pelos trabalhos em pós-graduação envolvendo fanzines, passa por uma análise destas publicações nas recentes décadas e resvala em uma miríade de assuntos, como física quântica, filosofia e a utopia de um ser humano melhor. Aperte os cintos e prepare-se para esta viagem "neuroplástica" !

ZINISMO - Como você acompanha a atuação dos fanzines durante as décadas de 80, 90 e atualmente?
GAZY ANDRAUS : Eu já descrevi isso numa matéria que fiz para o Zine Royale do Jozz: a conclusão foi que durante os anos 80 e meados de 90 a criatividade de nossos fanzines brasileiros era inacreditável! Tive homéricas experiências como com o “Só Uma?” do piracicabano Érico San Juan, que colocava uma HQ de uma só página de 6 ou 7 quadrinhistas por número !



Isso era criatividade: ele pensou numa maneira inteligente de ter vários colaboradores num zine de tiragem xerocopiada, forçando-nos a criar HQ de uma só página! De certa maneira, um pouco desse estilo de HQ hai-kai (um tanto quanto koânica) se deve também a esse tipo de experimento. Houve muitos outros fanzines que foram importantíssimos, como o “Tchê” no sul (que existe até hoje, do Denílson Reis, e do qual ainda participo), e o principal, “Barata” de Santos , que fez o mesmo que o “Só Uma?”, na questão de apresentar vários colaboradores por número, mas não havia a necessidade de ser só HQ e podiam ter mais páginas para cada história (até umas 5 ou 6, como média).



Esse limite de páginas, aliás, foi o que nos ajudou a desenvolver esse estilo poético conciso de HQ, forçando-nos a sermos mais gestálticos, lacunosos na sequencialização, já que tínhamos poucas páginas para criar e publicar uma HQ. Além disso, como já mencionei, havia a exposição anual de Zines na Galícia, e sempre mandávamos nossos fanzines pra lá. Eu e o Edgar tínhamos um trabalho similar e sempre que nos encontrávamos havia uma profusão de troca de informações, zines, pesquisas etc que enriquecia sobremaneira ambos! Foi aí que fizemos o “Irmãos Siameses”, já mencionado: um zine que teve relativa penetração, e que foi o estopim para termos a alcunha de “fantasia-filosófica”, graças ao Henrique Torreiro, organizador da Xornadas de Fanzines de Ourense, dando-nos esse estigma ao receber e ler nosso trabalho! Mas depois, mais atualmente, com o barateamento tecnológico e inserção da Internet e dos e-zines, algo mudou: a qualidade criativa parece ter dado lugar mais à mesmice, mas com qualidades gráficas surpreendentes, já que a impressão barateou. Capas coloridas, miolo com papel couchê etc. Acho que isso deslumbrou a maioria dos novos fanzineiros e se descuidaram do foco no criativo. Mas acredito que isso vai voltar e se modificar de algum modo.


Fanzine Royale

O que é o Biograficzine? Como tem sido sua aplicação no ensino superior e quais são os resultados?

Elydio dos Santos Neto, que vim a conhecer no último ano de meu doutorado e agora é grande amigo (dedicando assim a ele também parte dessa entrevista) foi quem teve a idéia como professor de mestrado da área de Pedagogia da Universidade Metodista de São Paulo onde ele lecionou - agora ele está na Universidade Federal da Paraíba -, após me convidar para falar a seus alunos de mestrado da Pedagogia acerca de fanzines e HQ e dar cursos rápidos de capacitação. Como ele estuda teóricos da pedagogia e educação que defendem histórias biográficas de vida como parte do aprendizado e formação do professor, ele pensou que podia aliar isso à criatividade incrível dos fanzines em suas miríades formas e temas! Acertou em cheio e os cursos foram um sucesso com muitos dos alunos do curso (que já eram professores e até diretores de escola) darem vazão a seus arroubos criativos e histórias de vida. Isso esclareceu e reforçou a todos que os zines:

a) unem as pessoas fraternalmente e;
b) permitem com que conheçam mais a si mesmas e a suas capacidades criativas inerentes !



Disso tudo resultou um artigo “Dos zines aos biograficzines: Compartilhar narrativas de vida e formação com imagens, criatividade e autoria”, publicado no livro “Fanzines - Autoria, subjetividade e invenção de si”, organizado por Cellina Muniz - com artigos de outros autores também, como Demetrius Galvão, Fernanda Meireles, Ioneide dos Santos etc.



Recentemente eu e Elydio reestruturamos um pequeno texto derivado do que foi publicado no livro para apresentar na seção de Narrativas Visuais do IV Seminário de Pesquisa em Arte e Cultura Visual que ocorrerá em junho desse ano de 2010 na UFG, em Goiânia. Apresentaremos um dos biograficzines que resultou da oficina em que uma ex-aluna do mestrado mostra todo o percurso principal de sua formação como educadora, na forma de história em quadrinhos.

Creio que esse pioneiro método pedagógico-artístico poderá ser ampliado a partir de mais divulgações, já que explora a criatividade e autoconhecimento dos alunos da área de educação (e quiçá de outras) – que lhes será útil em sua formação e auxílio pedagógico como professores também!


Biografic Zine - Maria Helena Negreiros


Biografic zine - Prof. Elydio


Biograic zine - Gazy

Qual seria o sentido da existência dos Fanzines nos dias de hoje?
Acho que respondi um pouco disso duas perguntas atrás. Mas penso que agora o foco está também no ensino. Fanzines cresceram em fama acadêmica e estão sendo usados em escolas e em cursos de pós graduação, como falei antes. O filme documentário “Pro dia nascer feliz” mostra, por exemplo, num dos momentos que uma professora dá aula de zines na escola, e que eles ajudam a turma a ficar mais unida, a elaborarem seus fanzines dialogando e buscando criativamente fontes e pesquisando! Creio que o caminho atual dos zines é serem descobertos pelas escolas e mais valorizados em pesquisa ainda nas universidades. Ponto para Henrique Magalhães que ajudou a começar isso tudo com sua dissertação de mestrado que virou o livro “O que é fanzine”, o qual a editora Brasiliense teima em não relançar! E seu doutorado também, feito na França, bem como sua magnífica editora “Marca de fantasia”. Outro importante nome é o de Edgard Guimarães e seu tradicional “QI – Quadrinhos Independentes” que faz as vezes de uma revista temática crítica sobre os fanzines no Brasil! São esses que fazem a paratopia zineira ser possível e cobrir as lacunas do sistema capitalista reducionista limitante que castra o potencial criador dos seres humanos! Aliás, nem preciso dizer que dedico a esses dois nomes e pilares do fanzinato já que ambos me publicaram, parte também dessa entrevista!



Fala-se em um novo boom dos fanzines no Brasil nos dias de hoje. Você concorda? Se sim, por que acha que isto está ocorrendo?Reitero que esse boom está mais na valorização das mídias e sistemas acadêmicos que pouco sabiam disso! Isso dá uma valorização maior da liberdade criativa que os zines podem propor!
Creio que os zines sempre vão existir, independente até da tecnologia usada. Considero os blogs uma espécie de fanzine mixado com diário pessoal, por exemplo, e isso se amplia na rede internet. Na verdade, enquanto o ser humano tiver idéia própria, o fanzine vai continuar, não importa de que maneira, mídia ou forma, pois a essência de um zine é sua liberdade ideária e criativa, e isso nada há que tolha, pois reside de modo imaterial na mente humana!

Gostaríamos que você indicasse para nossos leitores, algumas dicas de produções, sites etc que você considera fundamentais para entender os fanzines nos dias atuais:
Além do livro que participo com Elydio “Fanzines - Autoria, subjetividade e invenção de si”, aconselho também outros como “O que é fanzine” de Henrique Magalhães, se conseguirem encontrar, porque a editora brasiliense teima em protelar uma reedição desse importante e marco tomo da área de um dos pioneiros da pesquisa zineira do Brasil, que é o Henrique. Há outros como “O rebuliço apaixonante dos fanzines”, “A nova onda dos fanzines” e “A mutação radical dos fanzines”, todos os três do Henrique Magalhães, e que podem ser encontrados diretamente em sua editora Marca de Fantasia. Um artigo que traz uma boa listagem, incluindo livros de HQ está no site Bigorna.net, diretamente no artigo de Elydio dos Santos Neto: “Dez considerações para professores que desejam trabalhar com as histórias em quadrinhos (Parte III - Final)”;

Além desses, claro, o Anuário de Fanzines da Ugrapress recém lançado e que pode ser baixado na Internet ou lido direto no link e o vídeo “Fanzineiros do Século Passado” do Márcio Sno, que pode ser visto no seguinte link .

Aconselho igualmente a leitura de meu artigo “A independente escrita-imagética caótico-organizacional dos fanzines: para uma leitura/feitura autoral criativa e pluriforme” que pode ser baixado no site do 17º. COLE – Congresso de Leitura do Brasil onde eu o expus em Campinas, em que traço um perfil do potencial criativo que os fanzines deflagram na mente, ilustrando com a riqueza de seus formatos e temas. Ainda acerca de meus trabalhos, existe uma série de textos autobiográficos de minha relação com as HQ e zines na seção de História em Quadrinhos do site do IBAC, sem falar de outras colaborações nos blogs ImpulsoHQ com a minha coluna “Consciência e Quadrinhos” e no Bigorna.net.

Não deixem de consultar também mensalmente o site do CCJ-Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso, pois este ano sou o curador da “Programação de Formação de HQ e Zines” que acontece desde março seguindo até o segundo semestre de 2011, como parte da comemoração dos 5 anos do CCJ, e que traz um pouco de tudo da área: mesas, debates, palestras e cursos de HQ e de fanzines discutindo-os como arte e educação. Para isso, venho elencando vários expoentes, tais como Laerte, Flávio Grão, Edgar Franco, Will, Bira, Laudo, Paulo Ramos e muitos outros! Acessem mensalmente o site do CCJ para se manterem informados e participarem dos eventos gratuitamente!

Espaço livre para uma mensagem final:
Creio que já expus bastante e com muita liberdade e informação, mas como mensagem final penso que devo alertar que cada um de nós somos seres sempre em formação, e se não nos pomos a criar (seja de que forma for), nós represamos uma força interior extremamente grande, e isso causa prejuízos psíquicos. Recordo-me de Wilhelm Reich que bradava em seu livro “Escuta Zé ninguém” que o ser humano tem uma energia – a que ele denominou de orgone – a qual deveria usar e não represar. Ele acusava que essa energia era represada sexualmente e isso nos tornava a todos doentes, sendo o sistema agrilhoador do homem e culpado por não permitir a fluição (e consequentemente impedindo uma fruição interna).


Escuta Zé Niguém - Wilhelm Reich

Na minha visão, embora ele estivesse certo com relação à energia, ela não necessitaria ser diluída sexualmente como fator primordial e único: outras expressões criativas poderiam auxiliar, substituir e corroborar, como por exemplo o ato desportivo de um grande e criativo jogador de futebol ou um pintor, como exemplos básicos! Essa energia, a meu ver, é a conhecida por “C´hi” oriental, ou o “prana” indiano, que nos envolve e não sabemos nem como usar, ou a utilizamos mal. Daí vêm as distorções e as desgraças psíquicas, junto de egrégoras que vão se formatando (poder-se-ia chamar de campos mórficos até, conforme o biólogo Rupert Sheldrake alcunhou determinadas possibilidades geracionais evolutivas). Mas está na hora de mudarmos nossos padrões de conduta, de pensamento, senão não melhoramos e não mudamos nossos paradigmas!

A mente é neuroplástica e temos que saber disso. Os físicos quânticos, por exemplo, até hoje admitem que não entendem (com a lógica linear) como as micropartículas quânticas são ambivalentes, ora surgindo como ondas e ora como partículas, numa lógica paradoxal. Isso racionalmente era inconcebível, até que eles foram se acostumando com a idéia e agora aceitam-na naturalmente! O que aconteceu? A natureza não se modificou...mas a mente plástica do homem se amplificou e trouxe uma nova possibilidade “lógica” aceitável que antes nos era inconcebível: assim, as coisas que supostamente “não existem”, existem, e as que parecem ser de tal maneira, podem sê-lo totalmente distintas: e creio que os fanzines são exemplos dessas possibilidades! Uma pesquisadora chamada Áurea Zavan os chamou de paratópicos - estão em algum lugar (topia) paralelo (para) às publicações e editorações dos livros ditos oficiais.

Assim, os fanzines parecem as micropartículas atômicas: embora aparentem existir fisicamente, se comportam também como possibilidades quânticas de energia: são passíveis de serem medidos no tempo/espaço, se o observador/leitor/pesquisador/buscador assim o fizer. Do contrário, aparentam não existir materialmente, mas sim como energia imanifesta em qualquer lugar. Ora, os fanzines não são “oficiais” e a grande maioria nem sabe que existem: mas estão aí como publicações paratópicas aos livros e revistas, trazendo as possibilidades de reflexão das idéias humanas mais ainda que a limitação comercial e capital das editoras que impediriam – se apenas pelas vias editoriais conhecidas – a manifestação de muitos autores que extravasam seu potencial de energia (orgone, c-hi, prana etc) na paratopia zineira, mancomunando-se e espargindo-se num campo mórfico extremante resiliente e criativo!

O cientista brasileiro Miguel Nicolelis, que construiu um centro científico de conhecimentos e sobre o cérebro na periferia de Natal – contra todas as opiniões que afirmavam que a idéia não resultaria devido à pobreza do local – disse numa entrevista que os alunos de lá, após visitarem o complexo e interagirem nele como uma escola prático-teórica alternativa, passaram a vislumbrar a vontade de serem físicos, paleontólogos, arqueólogos etc, diferentemente das idéias preconcebidas que tinham antes, de serem apenas jogadores de futebol ou atores e atrizes de tv! Acessem o link da entrevista dele para verem!

O que aconteceu foi que um mundo se abriu e amplificou a estreiteza mental a que estavam acostumados! O ensino, o conhecimento rico, amplia nossa inteligência e nos estimula a sermos co-criadores universais! Ao contrário, a mesmice sempre repetitiva e a falta de objetivos ulteriores nos mina a energia e nos faz limitados, ludibriando-nos, metaforicamente como a história da águia e a galinha trazida por Leonardo Boff: para ele, o homem é águia, mas enquanto não percebe isso, se coloca como galinha e acaba não usando as asas de águia que tem para voar, ficando sempre ao chão ciscando! Metáfora melhor não existe do que somos exponencialmente, e do que perdemos em não percebermos e ingressarmos nesse novo paradigma de realidade!

Fazer e ler fanzine é uma dessas miríades de possibilidades geradas, e que podem nos ajudar a empregar as asas de águia novamente!
Grande abraço!

O ZINISMO agradece ao professor Gazy Andraus pela entrevista e por permitir que compartilhemos com nossas leitores suas inquietantes idéias! Para frente é que se segue!

PS: Leia a primeira parte da entrevista aqui.