sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

KÄNELA VERDË JÄPANESE



2011.
Enquanto os cadáveres esquartejados de animais são carbonizados em uma grelha 
improvisada, três jovens roqueiros contam histórias do passado antes que suas memórias pifem. Apesar do assunto ser recente, o trio capixaba tem muitos anos de história no meio onde costumam circular.


1995. Nessa época brotava banda hardcore em tudo que é fresta. Em Vila Velha o Mukeka di Rato era mais uma no meio da multidão com a sua demo tape “Sobrevivência”. Assim como as demais bandas da época, estava fadada a ser mais uma aventura de adolescentes que queriam curtir a vida, fazer barulho e tomar umas cachaças de vez em quando. Mas não foi bem assim.

2007. As portas do avião se abrem no país do sol nascente. Misturados entre os passageiros estão três turistas brasileiros que (para as autoridades) foram apenas visitar um amigo. Atrás do vestuário social e semblante de pessoas sérias estão escondidas as reais identidades de Mozine, Paulista e Sandro.


Muitos discos depois, tours, milhares de latas de cerveja e quilos agregados ao corpo, o Mukeka di Rato pisa pela primeira vez no Japão para 10 shows em 9 cidades, sem instrumentos e merchadising: só com a cara, coragem e um japa maluco com cabelo de cachorro que atende por Yuki.

Os 15 dias de aventuras foram registrados com imagens que vão desde porres monstros até visitas a templos budistas, passando por banhos públicos (sim, eles aparecem nus!), overdose de chá verde, comidas exóticas, shows, um falo fumante e a quase morte coletiva no mar. Como foram eles mesmo que gravaram (e quase sempre com teor etílico elevado) é necessário se acostumar com imagens tremidas, foco no assoalho e chicotes violentos. Era o que tinham em mãos. E assim foi. E como não poderia deixar de ser.

As aventuras dos roqueiros capixabas também servem de aperitivo para conhecer um pouco a cena underground japonesa, que é bem parecida com a nossa: vista com maus olhos pela sociedade e repleta de seres toscos e loucos, fazendo com que os canelas verdes se sentissem em casa.



2012. Como se não bastasse o registro histórico, com esse lancamento ainda tem um DVD bônus com imagens de bastidores, passeios e um show na íntegra em Vitória, que tem grandes chances de ser uma das gigs mais selvagens já vistas, na qual banda e público se misturam em uma massa só, cantando e suando juntos. Coisa fina.

Contrariando todas as estatísticas, o Mukeka di Rato sobrevive. Naquelas de matar a cobra e mostrar o pau, fizeram tour no Japão (coisa que nem banda famosa e rica faz) e registraram tudo nesse DVD que já é histórico para o hardcore brasileiro. Vaso ruim quebra fácil não.



>> Veja abaixo o trailer do documentário que pode ser adquirido na gravadora de discos Läjä Recordz.





Um comentário:

  1. O DVD é demais! Muito engraçado, como era de se esperar. E ele justifica o dito popular: japonês quando dá pra ser doido, é doido MESMO!!!

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Andarilhos do Underground: ZINAI-VOS!!!