Por Marcelo Viegas
O Zinismo completa seu primeiro ano de vida. Vida virtual, claro está, mas que afeta a vida real de muitas pessoas do lado de lá do monitor. Não só as cinco vidas daqueles que aqui postam suas ideias, mas principalmente as vidas daqueles que reservam um tempo do seu dia para conferir as nossas postagens. É aí que o ciclo se fecha: quando a informação é disseminada.
Uma lição importante que aprendi nesses anos todos de convívio com o universo underground é cagar para os números. Isso mesmo: cagar para os números! Foi um aprendizado doloroso, fruto de experiências frustrantes nos anos noventa, quando nos deparávamos com meia dúzia de gatos pingados nos shows. Era triste, afinal havíamos empregado muito trabalho, tempo e algum dinheiro (que não tínhamos) para organizar o gig, e o resultado, via de regra, era deprimente.
Com o passar do tempo, veio a lição: sua entrega no palco não deve ser proporcional ao número de olhos que estão te observando. Que adianta um show para 500 pessoas que vão esquecer de tudo que viram e ouviram na próxima meia hora? Não importa quantas pessoas estão na plateia [olha a nova ortografia dando as caras]: se apenas uma for tocada de verdade pela mensagem e isso refletir na sua vida, então a empreitada foi um sucesso.
Já imaginou o significado de fazer a diferença na vida de alguém? E bem sei que o underground já mudou/moldou muitas vidas Brasil afora. Não tenho dúvida: é uma mudança para melhor. Abre horizontes, redefine valores, faz de você uma pessoa menos intolerante e preconceituosa. Prova, na prática, que um outro tipo de vida é possível, que não há nada de errado em ser a tal da ovelha negra (alguém aí lembrou do encarte do Minor Threat?). Viver diferente, pensar diferente, e não sucumbir ao sonho médio.
O mesmo espírito carreguei para os fanzines impressos que fiz, para os mais de 50 com os quais colaborei, para cada texto que escrevo nas revistas, para cada frase do meu fotolog, para cada comentário no facebook e, fundamentalmente, para cada post que faço no Zinismo. Minhas palavras não vão salvar o mundo, mas podem ao menos fazer a diferença no dia de alguém. No seu, talvez.
Vida longa ao Zinismo!
Postagens
Pois é camarada.
ResponderExcluirAcho que esse fazer a diferença é uma espécie de virus que faz nosso cerebro fermentar em busca da criação.
E dessa forma bandas, artistas, escritores nos fizeram pensar inicialmente em como seria legal, tocar, desenhar ou escrever algo também legal. E do pensar veio a ação.
É um ciclo, sem dúvida!
E mais uma vez defendo os fanzines como meios menos contaminados pelos interesses comerciais mais diversos.
Quanto maior um meio de comunicação, maior a tentação pela "venda da alma", vide os blogueiros de sucesso tornando-se celebridades.
Que a honestidade nos acompanhe nessa trilha. E caso a tentação apareça, sempre teremos nossos cds do FUGAZI para nos lembrar do caminho correto.
Abraço!
Parabens pela sua dedicação à escrita!
" Cagar para os números." Eu sempre fiquei pensando como seria a cada cumpleanõs. Pode-se dizer que há um ano atrás, não havia todos estes holofotes direcionados aos blogs.
ResponderExcluirAquela famosa rede de tv que diz tocar música criou uma categoria para blogs.
Tudo bem! Nem sei dizer quais eram os blogs indicados. Apenas me senti surpreso com o fato do blog assumir o papel de "namoradinha da distância amplificada por botões e atalhos."
Em um ano muita coisa muda.
Como dirai Hesse. " O mundo das configurações altera-se a cada instante."
E acredito que não é importante: um, dois ou mil anos. E sim, cada instante que nos motiva a tocar isso.
Keep Zining!
o show do Down by Law foi um ótimo exemplo do "cagar para os números". Vida longa ao Zinismo, abraço a todos!
ResponderExcluirCidadões Zinismenses,
ResponderExcluirParabéns pela primeira volta ao redor do sol. Ao ler palavras como essa, que fazem a diferença, é fácil ficar com os olhos marejados. Grande abraço a todos do Zinismo, e que continuemos cagando para os números por anos a fio!
O primeiro album do Velvet Underground foi uma piada de vendas...Mas, reza a lenda que quem comprou o album montou uma banda no dia seguinte ...Entre esses estão: Iggy Pop, David Bowie, Ian Curtis,Thurston Moore , Kurt Cobain e mais alguns figuras que literalmente estavam cagando para os números!!!
ResponderExcluirAbraxxx!
perfeito, Cox!
ResponderExcluirAinda sobre os números é interessante uma passagem do rock, acho que foi o primeiro show do Sex Pistols em Manchester (está no documentário o Lixo e a fúria, entre as quarenta pessoas estavam o Morrissey, o pessoal do New Order, do The Fall e também o Simple Red (ninguém é perfeito...hehe).
ResponderExcluirAinda sobre números recomendo o video do Fugazi (sempre eles) em que podem ser observadas várias cenas de público nulo e com empolgação no grau máximo... vejam um deles:
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=qHsBA_9JWFA
Sampleando novamente...
ResponderExcluirUma lição importante que aprendi nesses anos todos de convívio com o universo underground é cagar para os números. Isso mesmo: cagar para os números! Foi um aprendizado doloroso...
Cara, esta sua postagem é o resumão do aprendizado UNDER!!! Perfeito!!!
It´s time to meet your makers!
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