quinta-feira, 30 de abril de 2009
SOBRE O TRABALHO
Amigo, tome seu dia e divida em três porções idênticas:
8 para o trabalho;
8 para o lazer;
8 para o descanso.
Cinco esfinges à espreita da decifração ou do almoço;
Doze pendências hercúleas sob vigília dos intransigentes relógio e calendário.
Excluindo aí as demandas emergenciais, urgentes e aleatórias.
E você, no meio disso, dois braços, pernas, olhos, orelhas, mãos trêmulas.
Uma boca, um nariz e infinitos neurônios.
Findado o trabalho. Chega em casa e olha ao espelho, falta-lhe algo?
Se o sorriso ficou em alguma parte do dia, falta-lhe muito.
Como Sísifo, implacavelmente voltará oito casas no jogo, multiplicado pela teimosia e elevado à soma dos resmungos e lamentos vezes o tempo necessário até que aprenda a lição.
Porque ou você dobra seu tempo, ou ele dobra você. Sua pele, seus ossos, seu espírito.
8 horas por dia.
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quarta-feira, 29 de abril de 2009
A BANDA DE ETHAN FOWLER
Por Marcelo Viegas
Em 1994, um jovem americano chamado Ethan Fowler surpreendeu o mundo do Skate com uma parte marcante no primeiro vídeo da Stereo, “Visual Sound”. Nesse mesmo ano, venceu a disputa de street do então prestigiado Mundial da Alemanha. O tempo passou, Ethan consolidou-se como um dos grandes nomes do skate de rua, continuou filmando partes fortes e enfiou o pé na jaca, ou melhor, no rock.
Quem vive de estereótipos, pode se surpreender ao ver Ethan Fowler nos dias atuais: cabelo longo, chapéu de cowboy e bota de bico fino. Southern style. Bem diferente do que esperam de um skatista. Sua banda, Green & Wood, navega pela praia stoner, com uma veia psicodélica e um ritmo bem arrastado, quase doom. Ao vivo é fraquinho (teve show ontem, 29/04, em São Paulo), muita marra pra pouco rock. Mas ganha pontos – e esse espaço aqui no Zinismo – pela curiosidade de mostrar um outro lado de um ícone do skate.
Veja abaixo algumas amostras do skate de Ethan, incluindo sua parte histórica no “Visual Sound”.
foto: Renato Custódio
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domingo, 26 de abril de 2009
PIN UPS: UMA TARDE EM 1997...
O que dizer sobre o Pin Ups que já não tenha sido dito? Uma das melhores bandas do Brasil? Pioneiros das guitar bands no país? A banda mais cult da cena indie? Ora, isso todo mundo já sabe, ou ao menos deveria saber... Da minha parte, gostaria de acrescentar apenas uma coisa: eles fazem uma falta danada!
Para matar um pouco a saudade, revirei minha gaveta, encontrei o velho gravador General Electric e transcrevi (finalmente) uma entrevista que fiz com a Alê Briganti (na época baixista e vocalista do Pin Ups) em 1997. É a primeira vez que essa entrevista é publicada na íntegra. Um trecho havia sido utilizado pela revista Rock Press, naquele mesmo ano, e outro trecho saiu no zine Lado[R], em 2008. Mas sempre tive a vontade de vê-la na íntegra, como segue logo abaixo.
Assim, fica aqui o registro, doze anos depois, para que as novas gerações conheçam um pouco mais dessa grande banda e da personalidade forte da Alê; e para que os velhos fãs recordem de histórias e pessoas fundamentais na construção da cena independente brasileira. Relaxe, coloque o “Lee Marvin” para rolar e boa viagem.
Certa vez vocês disseram que eram new wave. Você mantém isso?
Mantenho. Acho que a gente é muito new wave. Eu fui uma garota new wave. Aos onze anos descobri o Duran Duran. Porque eu gostava de rock, e vivia com uma amiga de descendência armênia, chamada Christianne, que tinha uns primos que amavam Queen... E eles tinham várias coisas: David Bowie, Queen, e tinham Duran Duran! Eles compravam uma revista chamada Sixteen, e aí eu descobri o Duran Duran e desde então virei uma fã fanática de Duran Duran, numa época em que não tinha informação nenhuma por aqui. E aí comecei a descobrir toda aquela cena new wave. Gostava de Police, Go-Go´s, Classic Noveau, Talking Heads... Gostava de todas essas coisas meio new wave. Esse foi um dos meus grandes backgrounds.
E o resto da banda?
É uma das grandes influências do Zé também, que é bem mais velho do que eu, tenho 25 anos e o Zé têm 32. Então ele seguiu também várias coisas do rock. Ele é total roqueiro, beatlemaníaco, e nada mais new wave do que Beatles.
Hoje em dia o Pin Ups tá mais pop, mais new wave do que antes?
Acho que o Pin Ups hoje em dia é bubblegum. Primeiro pelo meu vocal, talvez... Eu não sei gritar, não sou uma cantora tipo Courtney Love, eu sou uma pessoa que canta. Porque eu gosto de vocal feminino cantado (e também adoro vocal feminino berrado), mas não sei fazer bem o vocal gritado, então os meninos sempre gostaram de coisas mais "doces" e mais pop – Elastica, Weezer (que eu aaaaamo), Nada Surf –, que são as coisas que estamos ouvindo agora. Mas ao mesmo tempo, ouvimos um monte de coisas porrada e coisas estranhas.
Como está a recepção do público para essa nova fase do Pin Ups?
A recepção tá boa. Mas antes eu queria falar que acho que está rolando uma volta da cena guitar. O começo dos noventa era dominado pelo metal, o que pegava era Sepultura, Korzus, Dorsal, Ratos, Volkana, Viper, e o metal virou meio mainstream. A molecada que hoje em dia gosta de Bad Religion, na época gostava dessas bandas. Não tinha muito espaço para a cena alternativa e nem para o hardcore. As poucas bandas de hc que ainda sobreviviam (e eram poucas), ou as que estavam se formando, como o Garage Fuzz, Tube Screamers, Safari, estavam apenas começando, não tinha espaço. E tinha a cena guitar band – nós tínhamos lançado nosso disco em 1990 - que também estava começando. Era fim de 1990, começo de 1991, uma época em que a gente não tinha espaço, a não ser no Retrô e mais algumas casas. E aí de repente a cena começou a se fortalecer. As duas, né? Tanto a hardcore quanto a alternativa.
Você não acha que as duas coisas se misturam?
Fora de São Paulo elas se misturam. Em São Paulo elas não se misturam.
Você acha que muito da abertura que o hardcore tem hoje em dia deve-se ao estouro do Nirvana?
Eu acho que sim, mas muito mais pelo estouro do Green Day. Porque depois do Nirvana veio o Green Day, o punk e a Epitaph. E chegou uma época, de novo, que o guitar band tinha morrido. Se você não era hardcore, não tinha público. Era uma bosta, cara! A gente penou. Na época do "Scrabby?" não tinha público pro Pin Ups. Nós éramos muito metal pro guitar e muito pop pro punk. Só os metaleiros gostavam da gente na época do "Scrabby?", tinham vários metaleiros no show. Era "mó" pesadão e os metaleiros gostavam. O Luiz (Gustavo, ex-vocalista) era muito agressivo.
Todo mundo elogia o Luiz e, ao mesmo tempo, todo mundo diz que a banda melhorou com você no vocal. Que contradição louca é essa?
Eu acho que são duas bandas diferentes. Agora deu uma renovada. Com o Luiz a gente não ia poder sair muito daquilo. Na época do "Jodie Foster" ele já não estava gostando, não estava legal...
Qual motivo da saída dele?
Pessoal. Ele se casou e resolveu seguir carreira no meio publicitário.
Esse jeito do Luiz causou a fama de arrogância da banda?
No começo dos noventa o Pin Ups era uma banda grande no meio alternativo e adorada pela imprensa. Aí o Luiz, que é uma pessoa com senso de humor bem particular, começou a alardear sua opinião de que "o Pin Ups é a melhor banda do Brasil". Ele encarnou o Ian Brown do Stone Roses. Aí rolou e ficou pra sempre o comentário que o Pin Ups é um bando de gente metida e arrogante. E carregamos isso por muito tempo.
Que tal um balanço sobre a trajetória do Pin Ups? O que mudou? O espírito hoje é o mesmo?
Acho que ficamos mais velhos, sabe... O Pin Ups começou em 88, era um trio, era... Ah, a história do Pin Ups eu sei de cor e salteado, vamos então do começo... O Luiz e o Zé eram amigos e moravam no ABC (Santo André). Aí eles viram um cartaz de umas meninas, sei lá, "Lalá e Tatá – procura-se guitarrista e baterista". E pensaram: "pô, garotas, que legal, vamos fazer uma banda". Eles já gostavam muito de Primitives, e gostavam de muitas bandas femininas. Sempre ouviram muito som, são uns caras viciados em música. Foram atrás das meninas e quando chegaram pra ensaiar, elas não sabiam tocar nada! Eram péssimas, um desastre, só que o Luiz já tinha marcado um show. Eles convidaram o André Benevides e foram levando. A banda mudou de formação um milhão de vezes e, no final de 1990, eu entrei pra banda (antes tocava no MR-8). Em 1995 o Luiz saiu e, a partir daí, começou uma nova fase do Pin Ups.
Como fica o Pin Ups frente a nova configuração do rock brazuca? Uma cena que prestigia apenas as bandas que cantam em português e cuja grande onda é o retorno ao regionalismo... Como fica o Pin Ups em meio a tudo isso?
Ficamos na mesma. Continuamos sendo a mesma banda de sempre, nós não vamos cantar em português! Recebemos uma proposta indecorosa uma vez, de cantar em português e assinar com uma major. Uma coisa maluca! Só que não rola, entendeu? A gente tem que ser honesto com a gente mesmo em primeiro lugar. E em segundo lugar com o público. Desde 1988 a gente segue uma linha de trabalho, cantando em inglês...
Esse negócio de achar que "só é bom quem canta em português" é um grande absurdo...
Também acho isso péssimo, cara. Pra mim isso é um nazismo, é uma volta ao nacionalismo,. Eu odeio essa coisa de "você tem que cantar em português porque é a língua do nosso país"... Meu, não quero que você entenda o que eu falo. Quer entender? Vai ler a letra. Não quer entender? O som é legal... Se existe um público pro Oasis, por que não existe um público pro Pin Ups, ou pro Snooze? Se existe um público pro NOFX, por que não existe pro Garage Fuzz? Só porque somos brasileiros temos a obrigação de cantar na língua nacional? Meu, qual é o problema? Somos uma banda brasileira com potencial mundial!
E a história daquela crítica super ofensiva do "Gash" que saiu na Bizz?
Do Miranda? Eu não achei nada...
Mas gerou uma certa polêmica...
Fiquei chateada com ele, mas fazer o que?! Ele acha Maria do Relento a melhor banda do Brasil... E o pior é que o Miranda adora o Pin Ups...
Acho que hoje, mais do que nunca, a independência é o único caminho para o Pin Ups...
Lógico, sem dúvida!
Não por uma questão de postura, mas porque é o que a realidade permite para vocês.
Quero lançar por selos de guitar bands, quero me juntar as guitar bands... Eu nunca fui muito amiga dessa galera, porque eles sempre tiveram o maior preconceito com a gente, porque a gente sempre foi muito pesado pra eles... Eu não sei explicar direito isso...
É pelo fato deles gostarem de um som mais etéreo?
É, essa galera etérea é meio bichinha... (risos)
Mesmo o Brincando de Deus?
Não, o Brincando de Deus não é bichinha! O Messias é um cara legal e os caras da banda dele não são uns afetados idiotas olhando pro céu com carinha de "ai meu Deus, meu mundo caiu, quero ser igual o Pavement"... Eles (Brincando de Deus) não são assim, entendeu? São uns caras normais, tipo "ô meu irmão, beleza? Vamos fumar um, meu rei?". São tipo na moral, uns caras que gostam de som.
Mas e a galera do som etéreo?
Essa galera é muito sensível e a gente é tipo uns porraloucas, entendeu? Só que somos uns porraloucas que gostam de música sensível... Ai, como é que vou me exprimir sem ofender as pessoas? Têm uma galera que encarna uma coisa meio Joy Division, meio gótica, meio dark, e fica uma coisa meio "afetadinha". Eles nunca gostaram muito da gente porque sempre fomos escrachados... Aí as pessoas ficam com o pé atrás com a gente. Mas hoje em dia somos mais educados. Voltamos a nos corresponder com todas as guitar bands, com essas pessoas que a gente não tinha muito contato, principalmente com a galera do Rio. Eu na verdade estou falando basicamente dessa galera do Rio. Hoje em dia sou super amiga do Lariú e adoro as bandas: sempre gostei de Second Come, Cigarettes, Pelvs, sempre defendi essas bandas...
Mudando de assunto: o artista deve expressar apenas seu sentimento ou as "coisas do mundo"?
Acho que o artista deve exprimir os sentimentos dele. Isso é uma coisa da modernidade: somos muito egoístas, preocupados apenas com nós mesmos. Você não se preocupa mais com o "social", o "comum", o "comunitário". Eu acho que é uma tendência e acho que é uma coisa legal. Eu expresso com minhas letras coisas totalmente pessoais, não tenho mais a pretensão de descobrir o mundo. Entender o mundo com seus olhos é uma coisa; explicar o mundo para os outros é outra. Eu não quero explicar o mundo. Existe o que é comum, aquilo que todo mundo sabe que é bacana, as coisas corretas... Você entendeu onde eu quero chegar?
Mas isso não quer dizer que existam apenas as interpretações da realidade. Afinal, existem os fatos...
Existem alguns fatos, porque se ficar tudo muito subjetivo demais, peraí! Senão subverte demais...
Tem que ter um critério mínimo...
Um critério mínimo! Eu concordo com o critério mínimo. E tento ver os dois lados da coisa.
O mundo faz o indivíduo egoísta.
Exatamente. Lógico! É uma tendência. As coisas se encaminharam de tal forma que hoje em dia as coisas são assim. O mundo tomou um certo rumo e as pessoas hoje, nos anos noventa, são de um certo jeito... Geração X, né? Isso existe, cara! Isso existe, é verdade. Eu me sinto parte de uma Geração X de alguma forma: aquela galera jogada no meio de um monte de tendências... As pessoas hoje em dia não são civilizadas, elas não sabem mais viver em sociedade, não sabem mais dar um "bom dia", manter sua rua limpa, cuidar do que é do próximo como se fosse seu, cuidar da sua cidade como se fosse a sua casa. As pessoas perderam essas noções básicas de civilidade.
O homem se realiza no outro. Não é a estupidez da "minha liberdade termina onde começa a sua". É "a minha liberdade depende da sua"...
Mas ninguém vive bem junto, esse é um outro papo que a gente podia passar horas conversando: Por que a cena independente brasileira nunca vai pra frente? Porque as pessoas se odeiam. Se as pessoas convivessem em harmonia dentro de um mesmo recinto nós iríamos ter muito mais shows, muito mais zines, lojas de disco, muito mais tudo, cara! Mas você chega num lugar e vai encontrar com um cara que vai te dar um tiro pelas costas... Afe! Então foda-se: essa gente merece o que tem. Fica reclamando mas não faz nada para mudar, então fica aí. Foda-se, cansei.
Momento auto-biográfico: Alê por ela mesma.
Eu me vejo assim: uma mina chata e mala. Isso tudo desde que lí uma Melody Maker que tinha uma review da demo do Bikini Kill, e encarnei nessa viagem. E conheci também umas pessoas que fazem publicações de zines e tal, e me posicionei de uma forma anti-sexista. E isso tem mais ou menos quatro anos. Sempre vivi num mundo de homens, sempre, sempre, sempre... O mundo punk sempre foi muito machista! E muito sexista, por incrível que pareça. Mas a gente se acostuma, né? Porém, nunca fui zoada, nunca fui maltratada, sempre fui respeitada de alguma forma. E hoje em dia eu tento me posicionar muito mais. Porque cresci também, tenho 25 anos, não tenho mais paciência. Acho que trabalho pra caralho, sou tão inteligente quanto um monte de gente que está por aí, então acho que tenho que me posicionar sim. Hoje em dia a mulher não tem que engolir muita merda não! As pessoas são mais esclarecidas, o momento é de igualdade, então eu não admito. Não admito sexismo de forma alguma! E sou até meio chata com isso, boicoto algumas bandas, acho tudo uma bosta, vejo sexismo onde até de repente não tem. Eu sou chata demais.
Só para fechar com estilo, eis um depoimento atual da Alê, colhido poucos dias antes da edição final dessa entrevista...
Doze anos e duas filhas depois, posso dizer que sou uma pessoa feliz, tranquila e segura do meu espaço no mundo. Tenho a clara sensação de que meu dever foi cumprido na história do rock brasileiro e tenho certeza de que o Pin Ups foi responsável pelo surgimento de uma cena indie que existe até hoje. Como o Zé e eu trabalhamos na MTV, a gente tem a oportunidade de conhecer pessoas das novas bandas e é muito engraçado quando a gente descobre que grande parte delas conhece e tem admiração e respeito pelo Pin Ups. Dá aquela sensação de que realmente valeu a pena - pra gente eu sei que valeu e muuuuuuuuuuuuito - mas de que valeu pra mais gente também!
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quinta-feira, 23 de abril de 2009
ZINISMO ENTREVISTA: VIVISICK
Olá Vivisick, como estão?
Olá. Meu nome é Yuki, sou baixista do Vivisick. Nós estamos muito excitados de poder retornar ao Brasil novamente.
Legal, Yuki. Sou Eduardo Boqaa, integrante do Zinismo e colaborador do Valepunk. Vocês já vieram ao Brasil numa tour ao lado dos Mukeka di Rato e dos Hellnation... E Isso rendeu um lindo DVD, essa nova tour também promete o mesmo?
Obrigado. Eu também penso que esse DVD foi grandioso a ponto de mostrar sobre o Brasil para punks japoneses. Agora nós não temos nenhum planejamento sobre gravar um DVD sobre essa nova Tour brasileira novamente. Todavia, iremos gravar todas gigs. Talvez possamos usar isso quando fizermos um vídeo clip ou num vídeo como: HISTÓRIA DO VIVISICK há mais de 10 anos atrás.
O que vocês acharam daquela última tour e o que esperam dessa nova ?
"DU CALALHO"! Nós fomos a muitos países para turnês depois dessa primeira vinda ao Brasil, mas a tour por aí foi numéro 1, grandiosa tour e grandiosa experiência. Eu posso dizer que as pessoas são foda, comidas e bebidas são foda, shows foda, visão foda... Tudo foi foda!
Como foi receber o Mukeka di Rato no ano passado na terra do sol nascente?
Tour realmente grande. Excursionar no Japão é muito mais difícil que excursionar em outros países. Nós não tomamos banho, temos que dormir em Van mais que metade dos dias de todo itinerário da tour, temos que dirigir muitas horas mesmo durante madrugada, etc. Contudo, OS CARAS DO MUKEKA NUNCA NOS DISSERAM ALGUMA INSATISFAÇÃO. Eu penso que brasileiros tem uma determinação muito forte, grandiosa força de vontade. E acredito que eles puderam desfrutar da cena japonesa de Hardcore, assim como nossa cultura. Foi uma turnê realmente impressionante.
Atualmente têem excursionado por quais países?
Depois do Brasil em 2004, nós fomos aos Estados Unidos, Indonésia, Cingapura, Malásia, Filipinas, Tailândia, República Tcheca e Áustria.
Essa questão foi feita pelo Quique, guitarrista do LEPTOSIROSE: -Vocês têm noção que serão ao lado de Handsome e Fuck On The Beach, as primeiras bandas japonesas a excursionar pelo nordeste do país?
É uma grande informação para nós. Nosa última tour pelo Brasil, nós fomos ao Sul e também foi muito foda. Estou triste por que não iremos lá nessa tour, mas estou ansioso para conhecer esses novos lugares.
Vocês são fãs de futebol? Quem lidera a J-League atualmente?
Eu gosto de futebol, mas não sou um energético fã... Sobre a J-League, o time mais popular é o Urawa Red Diamonds (Reds). Há muitos torcedores fanáticos e há muitos bons jogadores no Japão.
São Paulo FC é o maior time da América do Sul ao lado do Boca Juniors, mas o Flamengo tem a maior torcida. Qual é o maior time brasileiro no Japão?
Eu penso que o Flamengo é o time mais popular no Japão. Por que Zico é o jogador mais famoso e respeitado no Japão. Caso ele não tivesse ido ao Japão, penso que a J-League talvez nem tivesse sucesso. Ele era chamado pelos Japoneses por KAMISAMA ZICO. Isso quer dizer: DEUS ZICO.
Tem um tal de “Kamisama” no Dragon Ball Z também! Ehehe... Quais as bandas preferidas de vocês?
Muitas. No Japão temos uma porrada de excelentes bandas novas. Sobre as quais escuto, recentemente estou alucinado de ouvir hardcore velho das Filipinas como: DEAD ENDES, GI, IOV, etc. Realmente foda e de alta qualidade. Particularmente eles foram a grande surpresa entre as bandas dos anos 80 na Ásia, exceto no Japão.
Aqui em São Paulo tem um bairro chamado Liberdade, onde tudo tem a ver com a cultura oriental, vocês já ouviram falar ou pensam em conhecer?
Yeah, eu conheço e nós fomos lá na tour de 2004. Foi uma visita maravilhosa para nós. É como Japão, mas aí no Brasil e há brasileiros caminhando... Gostei dessa experiência. E recentemente me interessei em estudar a história de imigrantes japoneses no Brasil. Espero que eu possa encontrar Nipo-Brasileiros e conversar sobre isso com eles aí.
O que é uma banda punk/hardcore nos dias de hoje? E vocês se consideram uma banda de punks?
Há muito PUNK no mundo hoje em dia, e eu penso que isso é uma coisa boa. Nós nunca dizemos como o punk dever ou não ser ser, tal como: “não deve comer carne, não deve ganhar dinheiro, deve atacar o governo por que punk bla bla bla...etc, etc, etc". Nós não somos macacos adestrados. Eu gosto da atitude punk PRA VALER, mas por outro lado, penso eu que isso soa apenas como palavras de promoção. Eu posso ver muitos caras: Eles querem ser especiais, mas são caras normais dentro de uma cena punk que eles pensam ser “especial”. Hmmm... TENHO DIFICULDADE DE EXPLICAR EM INGLÊS por que sou Japonês hehe.
Eu entendo, Yuki. Tá foda traduzir aqui também, pois não sou um ás do inglês também, mas você tá indo bem... Continue!
Caso as pessoas nos digam: “Vivisick não é PUNK”, nós realmente daremos com os ombros. Não há problema nisso. Espero que você possa ler uma de nossas letras, a sentença na canção; “ We Are Not Punk” de nosso primeiro álbum pela LAJA. Este é nossa honesta reflexão.
O que vocês escutam diferente da sonoridade que estão habituados?
Eu não escuto muita coisa além de muito PUNK. No entanto, eu gosto coisa pop velha do Japão, rock’n roll americano dos anos 50, pop dos anos 80 como Madonna, metal como Thrash Metal dos anos 90, metal de Los Angeles como MÖTLEY CRUE, etc. E gosto também de Samba brasileiro, Bossa Nova, canções românticas como Roberto Carlos desde a última tour em 2004 – hehe.
Imagino quem apresentou Roberto Carlos para vocês hehe. Mudando de assunto, como o Japão tem reagido em meio à crise econômica mundial?
Posso ver muitas situações ruins por todo o mundo através de informações e notícias via Internet. Eu sou um trabalhador de construção, um construtor, mas muitas pessoas perderam seu trabalho aqui também... Não posso dizer nada exceto para termos esperança de que isso passe mais breve possível. ]
O único zine japonês que conheço é a Doll Magazine, que se compara à Maximum Rock’N Roll em importância. Quais outros zines circulam na atual cena?
Eu não posso dizer qual seria o melhor zine, pois existem muitos pontos de vista diferentes de cada zine. No entanto, agora penso que as pessoas estão parindo uma sociedade na internet aqui, muitos zines estão começando gradualmente como no passado. Penso que isso é uma boa tendência.
Aprenderam alguma expressão em português?
Yeah, muitas. Iremos mostrar a você na tour! Hehe.
Essa entrevista foi “DU CALALHO”, Yuki - hehe. Obrigado pela atenção a todos do Vivisick. Aliás, quem teve a manha de ler até o final, procure ajudar de alguma forma postando os cartazes em seu flogão brasil, no seu “flicts”, onde vc quiser convidando amigos pro show no boca-a-boca ou por esses meios de divulgação. Apóie o hardcore, já tem gente demais atrapalhando! Toda ajuda é muito bem vinda. E valeu mais uma vez aí, Wlad e Zonapunk. Acredito que esta será uma tour memorável. Espaço é de vocês! Luz!!!
Muitíssimo obrigado. Nós realmente somos muito gratos de poder voltar ao Brasil novamente. Por favor, ouça nosso disco antes da Tour. “Origadô! Nos somos FILHOS DA PUTA DO JAPAO!”
PS: "Desastre do Terremoto Fudido Brasil Tour '09" começa hoje em Campinas com as bandas da tour plus DISCARGA. Mais infos no hotsite: http://www.laja.com.br
PS2: Fiquem a vontade para reprodução dessa entrevista. Possívelmente entrará no ar daqui uns dias pelo Zonapunk, assim como ocorreu com a entrevista anterior.
Se tiver a fim assista os japas em ação aqui:
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terça-feira, 21 de abril de 2009
ONDE ESTÁ WALLY?
Quando as compras de internet de sua esposa se tornam divertidas:
Se a intenção era mostrar que o uso da meia seduz os homens, com certeza tiveram êxito!
Aproveite e visite o blog Photoshopdisasters, campeão nesses efeitos especiais.Ou seriam defeitos especiais?
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sábado, 18 de abril de 2009
PADRES CANTORES FATURAM MAIS
Deu na Folha de São Paulo.
Segundo a ABPC (Associação Brasileira dos Produtores de Disco) em 2008 os dois artistas que mais venderam discos, foram respectivamente os padres Fábio de Mello e Marcelo Rossi.
Poderíamos fazer uma tese sobre a atual situação do mercado fonográfico brasileiro,a devoção religiosa e o consumo consciente, mas apelo aqui ao mais novo dos mandamentos católicos:
XI: NÃO COMPRARÁS DISCOS PIRATAS DOS PADRES CANTORES.
E ainda em tempo ZINISMO revela: poucos sabem, mas um dos primeiros sucessos do Padre Marcelo, é na verdade uma cover.
Vejam:
Agora comparem!
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sexta-feira, 17 de abril de 2009
THE MARVELOUS BABYLON ISLAND - O NÍVER...
Jumão diz:
... Foi bem legal mesmo
Boqaa diz:
Pena que não pude estar aí... Tô na ilha.
Jumão diz:
Tô indo pra aí daqui a pouco.
Boqaa digitando:
UHUUUUUUUUU...
Boqaa pensando: Tive uma idéia... Vou fazer um bolo para Juma, daqueles que posso sair de dentro. Deixar um carta como se eu estivesse indo embora. E então...
BARBARIC THRASH DETONATION!!!
[Alguns minutos depois]:
W/ Babylon Phones you got the power.
N.E : O Teletransporte para a Ilha é realizado através dos poderosíssimos fones babilônicos. Basta colocar os fones aos ouvidos e pensar numa música, algo que seja no último volume e voilá... Você está na única casa da Ilha. QG de Eduardo e Juma.
Juma pergunta:
Ué, cadê Eduardo?
Juma pensando:
Deixou um bolo com uma carta ao lado... Hmmm! Que puto. Nem me esperou chegar.
[ Eis que derrepente]:
FEEEELIZ NIVER JUMAAAAAAA!!!!
N.E: Desculpem a rola escapando ali da bermuda, caros leitores e amigos Zínicos. Trata-se de uma homenagem a queridíssima Juma e a parada da rola é INTERNA. Literalmente. Espero que não entendam como uma onfensa. Feliz cumpleanõs, honey.
ZINISMO também é quadrinhos udigrudi!!!!
PS: Essa semana irá ao ar entrevista VIVISICK!
LUZ!!!!
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quinta-feira, 16 de abril de 2009
SPIKE JONZE PRA CRIANÇAS
O filme estréia em Outubro desse ano. Assista o trailer logo abaixo (e repare na trilha):
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quarta-feira, 15 de abril de 2009
BOA NOTÍCIA DA SEMANA
The Gutter Twins no Brasil! Isso mesmo, está confirmado, o duo Lanegan-Dulli tocará em São Paulo no dia 1 de julho. A má notícia é que será no requintado Bourbon Street, o que significa - pelo menos em teoria - preço salgadíssimo. É esperar pra ver...
A data já consta na agenda da banda no myspace.
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segunda-feira, 13 de abril de 2009
VER BELAS IMAGENS
Por Edu Zambetti
Em nossa recém construída residência, eu e minha adorável garota estávamos naquele inevitável processo de desencaixotar velhos objetos quando encontramos o caleidoscópio. Já tínhamos encontrado Marx e Sommer, Bonecas Caolhas, Robôs Surrados, fotos odiadas, amadas, desejadas e indesejadas... Muitos objetos atravessaram mais de três décadas e agora compõem a decoração da nova casa... Não é o caso do caleidoscópio*, pois, embora seja velho, não é antigo como os outros objetos e embora seja divertido, ainda não encontramos um lugar ideal para ele...
Virtualmente, compartilho com vocês a emoção do nosso caleidoscópio.
http://www.zefrank.com/byokal/kal2.html
http://www.zefrank.com/dtoy_vs_byokal/index.html
http://www.ludoteca.if.usp.br/tudo/tex.php?cod=_caleidoscopio
http://eduzambetti.spaceblog.com.br/47094/Sem-nome/
*Caleidoscópio é uma invenção escocesa de 1816. Sir Davis Brewster uniu as palavras gregas kalos(belo)+eidos(imagem)+scopéo(ver) "ver belas imagens" para nomear seu lúdico experimento.
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MALHA O JUDAS!
É importante lembrar em 2009 o calendário de tradições ogras começou desfalcado com a ausência da pulverização do bolo de aniversário de São Paulo (no bairro do Bexiga). Segundo os organizadores do evento a falta do bolo(após 15 anos de tradição) se deu pelo furo dos patrocinadores que deram para trás na véspera e botaram a culpa na alta do preço da farinha (maldita crise!).
Mas o Zinismo por consideração aos seus leitores, selecionou um vídeo da saudosa festividade hardcore com uma brilhante cobertura aérea do ataque ao bolo.
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sábado, 11 de abril de 2009
A AUTO RECICLAGEM DAS ANIMAÇÕES DA DISNEY
Por Ideia
quarta-feira, 8 de abril de 2009
ZINISMO ENTREVISTA: FUCK ON THE BEACH
Olá, Fuck On The Beach, como estão?
Olá, eu sou Tsuyossy do Fuck On The Beach.
E eu sou Eduardo Boqaa, membro do ZINISMO e colaborador do Zonapunk, estamos ansiosos com a chegada de vocês. Como se sentem em relação a essa grandiosa tour?
Estou muito excitado que podemos tocar num lugar totalmente oposto ao Japão.
Como começou o Fuck On The Beach?
Nós começamos em 1996 por que queríamos ser uma banda que toca canções rapidassas. Primeiramente, nós tocávamos canções cover de nossa banda favorita; “Swankys” – pelos blast beats. Gostamos de som barulhento, rápido e curto!
O que mudou desde os primeiros dias até os dias de hoje no FOTB?
Mudamos baixista por 4 vezes. Atualmente somos os mesmos membros desde 2004. Não fazemos mais canções tão curtas, mas não mudamos a barulheira e nem a rapidez. E estou bem mais pesado!
Vocês têm noção que são uma das bandas japonesas mais respeitadas dentro do cenário thrashcore/powerviolence aqui no Brasil?
Eu ouvi um boato haha. Punks brasileiros no Japão disseram-me; todos aguardam vocês lá!
O que poderiam nos dizer da atual cena thrashcore/powerviolence japonesa?
Atualmente não há uma cena como esta aqui. Em relação a 10 anos atrás, nós tocávamos em gigs onde haviam apenas bandas rápidas, mas, agora não há tantas gigs assim. Muitas vezes tocamos com SLIGHT SLAPPERS, NO VALUE e VIVISICK.
Quais bandas brasileiras vocês costumam ouvir?
Eu ouço RATOS DE PORÃO, MUKEKA DI RATO e mais algumas. Particularmente, bandas Brasileiras são legais pela forma como cantam qual não é Japonês, nem inglês.
Qual seu disco favorito na discografia do FOTB?
Tenho escutado muito a todos os discos, mas, o mais excitante é: The Very Best of FuckOnTheBeach” – principalmente na época que finalizamos. Neste disco temos 30 versões de canções do FOTB em 1 CD. Eu penso que isso é interessante: apenas uma canção normal, mas muitas outras em versões HIP HOP, TECHNO, etc. Imagino que não há nada parecido com este discos no Punk haha.
Fiquei curioso para ouvir este disco aí haha. Acho que o Idéia vai gostar desse disco haha... No entanto, conte-nos sobre última turnê do FOTB e por onde geralmente excursionam?
Nós realizamos uma tour com Vivisick pelo Sudeste da Ásia em 2005. Foi uma tour muito foda. Antes disso, nós realizamos uma tour pela costa oeste dos Estados Unidos em 1999. Nós fomos para Indonesia, Malásia, Singapura. Para mim em especial foi muito excitante a turnê pela Indonesia.
Quique, guitarrista do Leptospirose perguntou: Acredito que será primeira vez que bandas de outro país irão excursionar pelo nordeste do Brasil, uma das cenas mais sinceras do país, o que vocês pensam disso?
Eu estou muito feliz, mas, eu não posso imaginar como é isso por que o Brasil é bem maior que o Japão. Quero dar a vocês o impacto que nunca poderão esquecer de uma forma inacreditável, qual é o Fuck On The Beach!
Excelente resposta. O que é uma banda punk/hardcore nos dias de hoje? E vocês se consideram uma banda de punks?
Não há essa de “Punk tem que ser assim.” Penso eu. Contudo, existe muito de individual no punk. Particularmente, eu não posso esquecer o impacto chocante de GISM e GAUZE - quando ouvia essas bandas eu era um estudante colegial (Junior High School no Japão). FUCK ON THE BEACH execra sua insatisfação e fúria em nossas vidas em batidas rápidas e barulhentas. É claro que FOTB é uma banda PUNK!
Tsuyossy, vocês escutam diferente da sonoridade que estão habituados? Em caso positivo, o quê?
Sim. Eu também gosto de música pop. Não escuto Heavy Metal, mas eu gosto de X JAPAN (famosa banda japanesa de Metal).
Como o Japão tem reagido em meio à crise econômica mundial?
Isso influência minha vida de verdade, não é uma coisa muito distante do meu país. Por exemplo, não podemos imaginar nossa vida no próximo ano. Hmmmm... Eu farei o que posso fazer.
Único zine japonês que conheço é a Doll Magazine, qual se compara a Maximum Rock’N Roll em importância. Quais outros zines circulam na atual cena?
Doll foi a mais importante informação punk para mim. Quando eu estava no colégio, lia da página 1 até a última página com máxima atenção.
Aprenderam alguma expressão em português, Tsuyossy?
Punks brasileiros no Japão me ensinaram; “SEXO!” haha.
Haha. Isso ficou engraçado. Obrigado pela atenção. Acredito que esta será uma tour memorável. Aliás, quem teve a manha de ler até o final, procure ajudar de alguma forma postando os cartazes em seu flog, convidando amigos pro show no boca-a-boca ou por esses meios de divulgação. Apóie o hardcore, já tem gente demais atrapalhando! Toda ajuda é muito bem vinda. Espaço é de vocês, FOTB! Luz, amor e paz!!!
Muito Obrigado. Nós faremos o melhor, contudo não posso imaginar quão profundo poderemos fazer vocês sentir. Por favor, sinta o Fuck On The Beach por todo corpo.
AGENDA: DESASTRE DO TERREMOTO FUDIDO BRAZIL TOUR 2009
MUKEKA DI RATO - VILA VELHA
VIVISICK - TOKYO - JAPÃO
FUCK ON THE BEACH - TOKYO - JAPÃO
HANDSOME - TOKYO - JAPÃO (o crássico roberto carlos em japones)
23 de abril - campinas / sp - bar do zé c/ 1 banda local
24 de abril - hangar 110 c/ calibre 12 e Merda (pocket)
25 de abril - rio de janeiro / RJ - no RC
26 de abril - Prai Tennis Clube - vitoria/es - c/ merda (pocket) + bandas locais
30 de abril - ??????????????????
01 de maio - ?????????????????
terça-feira, 7 de abril de 2009
IT'S FRANZ FERDINANDizer BITCH!
Salve o ZINISMO em sua lista de favoritos:
segunda-feira, 6 de abril de 2009
THE WORLD DOESN'T CARE
The Archive from Sean Dunne on Vimeo.
Essa é história de um homem e sua incrível coleção de discos. Ou, se preferir, a história de um homem que dedicou sua vida à música. Paul Mawhinney possui a maior coleção de discos do planeta. Ele tem aproximadamente um milhão de álbuns e um milhão e meio de singles. Como ele conseguiu isso? Paul tinha uma loja, Record-Rama, e guardou uma cópia de cada um dos discos que vendeu na loja.
Paul é diabético, e está praticamente cego. Para arcar com despesas médicas, ele se viu forçado a vender sua coleção. O valor estimado é de 50 milhões de dólares, mas o preço de venda está bem abaixo: 3 milhões de doletas.
Quem se habilita?
quinta-feira, 2 de abril de 2009
RATOEIRA
Por Marcelo Viegas
É paixão antiga. Desde 1992. Dezesseis longos anos, mas lembro como se fosse ontem.
Era uma sexta-feira à noite qualquer, monótona e que, como várias outras, poderia cair no esquecimento total. Não fosse pelo que viria logo a seguir... Zapeando com o controle remoto, na sala da casa dos meus pais, parei ao acaso na Rede Bandeirantes, que exibia imagens de um show de rock. Não conhecia a banda em questão, e esperei começar a música seguinte (“motown junkie”), para descobrir que tratava-se de um tal de Manic Street Preachers. “Ok, legal”, pensei, “mas nada demais”. Concluí então e mantenho-me firme nessa avaliação até hoje.
O que importava mesmo só viria depois do intervalo. E foi também no intervalo que descobri que o show era na verdade um festival, chamado Reading Festival. Reading Festival 92. “Salvou a sexta”, imaginei, sem saber que, três minutos depois, eu ganharia uma das grandes paixões musicais da minha vida.
Peguei algo para beber na geladeira, apaguei a luz da sala e deitei no sofá surrado. Talvez no meio do caminho tenha feito um carinho na Régia, minha falecida cachorra. O show recomeçou. Uma banda anunciou uma música, com forte sotaque inglês. O cabelo comprido, a roupa cafona e o jeito meio blazé do vocalista não despertaram, a princípio, muita expectativa. Mas quando a música começou... Afe Maria! Um coro interminável (é assim que me lembro) de “ooohs” bem suaves contrastava com guitarras fortes, distorcidas, maravilhosas. Chapei de cara.
Esperei pela próxima música. E não me arrependi. Tinha uma melodia linda, que só começava com mais de um minuto de um instrumental delicioso, daqueles que enchem nossos corações de bons sentimentos. Eu, adolescente e inexperiente, ainda não tinha vivido uma grande paixão na vida. Mesmo assim, aquela música me fazia sentir saudades de algo que não conhecia. Alguém já sentiu isso? Ou lembra-se de sentir isso?
Sonhando acordado, inebriado pela boa música, já estava vencido e convencido na terceira canção, que veio rasgando, com os quatro músicos começando juntos. Era forte, rápida e certeira. O vento da noite balançava o cabelo do vocalista, que tocava olhando para o chão, com uma pseudo-timidez que não combinava com a potência daquelas músicas. Tão belas. Anotava tudo num papel, para não esquecer o nome da banda, dos sons... Numa época pré-Internet, a informação era sempre difícil e valiosa. Não queria correr riscos de não me lembrar no dia seguinte.
Já estava satisfeito e feliz, quando veio a última música da edição da Band. Uma muralha de guitarras, coros mais uma vez intermináveis e uma linha de voz que demorava a começar... Mas quando começou, fudeu! Que melodia era aquela? Naquele momento eu soube: nunca mais esqueceria dessa melodia. Ela iria me acompanhar - como uma das minhas favoritas – para sempre. Eu tinha certeza disso. Eu havia caído numa ratoeira, não havia escapatória! Foi um daqueles raros momentos em que você descobre uma razão a mais para viver, uma razão a mais para sorrir. Dormi feliz aquela sexta-feira.
O nome da banda era Ride. As quatro músicas da edição esquartejada da Band eram “taste”, “sennen”, “like a daydream” e “mouse trap”, a arrasadora e inesquecível “mouse trap”.
Não imaginava naquela época que um dia escreveria sobre rock. Já gostava muito, já tinha banda, mas não fazia idéia de que um dia isso viraria ofício. Momentos como esse – e bandas como o Ride – são a razão sine qua non do nascimento do meu primeiro zine, dos meus primeiros textos (toscos, mas cheios de verdade) e, em certa medida, do que sou hoje.
Alguns anos depois dessa sexta-feira em 1992, numa liquidação de uma locadora de CD´s que estava prestes a fechar as portas, eu comprei meu “going blank again”, no qual está “mouse trap”. Anos mais tarde, na Galeria do Rock, encontrei um VHS daquela edição do Reading Festival, com a mesmíssima seleção de apenas quatro músicas da Band (o show na íntegra teve 12 músicas).
E dias atrás, para fechar a saga, o Idéia me passou (via msn) o link para baixar o show do Ride naquele memorável Reading de 92. Não sei ao certo, mas tenho impressão que tal link tem o dedo do AZ. Tô certo, Idéia?
Obrigado Idéia, obrigado AZ e, principalmente, obrigado Ride!
[texto originalmente postado no fotolog /o_livro, em fevereiro de 2008]