Por Marcelo Viegas
E eu vou contar uma história aqui.
É o seguinte: não gostava de Cocteau Twins nos anos oitenta, até por desconhecimento, até por preconceito! Skatistas gostavam de músicas de skatista, música de vídeo de skate ou que rolava em campeonato de skate. Skatista não queria ser confundido com dark´s, góticos ou qualquer outra tribo urbana (não querem ainda). Era segmentada a parada, muito mais do que hoje. Mas envelhecemos e ficamos um bocadinho mais sábios. Alguma coisa boa tinha que vir com a idade...
Pois bem, o tempo passou, chegaram os noventa e o Cocteau lançou um disco chamado Heaven or Las Vegas, inaugurando a década mesmo, exatamente em 1990. Eu, preconceituoso e burro, deixei passar em branco, nem dei bola. Três anos se passaram, veio 1993, e veio também o vídeo da Birdhouse, com Hawk, Willy Santos, Ocean Howell e Jeremy Klein. Principalmente Jeremy Klein, um dos skatistas que mais admiro, pelo estilo, pela personalidade, pela criatividade. E adivinhem o que tocava na parte dele? Sim, Cocteau Twins. A bela, poética, emocionante "iceblink luck", faixa 3 de Heaven or Las Vegas. Fudeu, né? Fiquei bobo, fiquei pasmo e fiquei apaixonado na hora. Eu assistia todo dia aquele parte do Jeremy Klein, 3 vezes por dia, no velho e surrado vídeocassete lá de casa. No começo assistia por causa do Jeremy Klein, mas depois de um tempo percebi que algo havia mudado: eu assistia só pra escutar "iceblink luck".
Não entendia como podia ser tão bonita aquela música, e como ela combinava com um vídeo de skate, trazendo sentimento e uma vibe especial para aquelas imagens. Ver Jeremy andando, escutar Cocteau, isso fazia com que eu me sentisse um pouco mais perto dos meus ídolos, inocentemente eu achava que havia alguma conexão maluca que unia esse jovem aqui, na solidão do seu quarto e do seu mundo, aos seus streeteiros favoritos lá na Califórnia. Olhando hoje, talvez eu tivesse um pouco de razão, porque compartilhávamos de fato coisas em comum: skate, roupas, música, atitude, visão de mundo...
O que importa é que Heaven or Las Vegas entrou na minha vida feito um furacão, dilacerando meu coração ainda adolescente, mudando minha perspectiva sobre música e mostrando que existe beleza nas coisas tristes, muita beleza aliás. Tenho Heaven or Las Vegas em CD e vinil, além da K7 que me acompanha desde 93, e posso afirmar sem dúvidas que esse é um dos meus discos favoritos, fácil no top ten da minha vida. Mesmo hoje, muitos anos depois do seu lançamento oficial, muitos anos depois do Birdhouse, sinto vontade de chorar ao ouvir cada uma das 10 lindas canções desse álbum monumental. Mas seriam lágrimas de alegria e nostalgia, pois é a trilha-sonora dos melhores anos de minha vida, por mais clichê que isso possa parecer.
Pronto, contei.
Assista a parte de Jeremy Klein, com Cocteau Twins:
[texto originalmente publicado no flog /o_livro, em 14/01/07]
É o seguinte: não gostava de Cocteau Twins nos anos oitenta, até por desconhecimento, até por preconceito! Skatistas gostavam de músicas de skatista, música de vídeo de skate ou que rolava em campeonato de skate. Skatista não queria ser confundido com dark´s, góticos ou qualquer outra tribo urbana (não querem ainda). Era segmentada a parada, muito mais do que hoje. Mas envelhecemos e ficamos um bocadinho mais sábios. Alguma coisa boa tinha que vir com a idade...
Pois bem, o tempo passou, chegaram os noventa e o Cocteau lançou um disco chamado Heaven or Las Vegas, inaugurando a década mesmo, exatamente em 1990. Eu, preconceituoso e burro, deixei passar em branco, nem dei bola. Três anos se passaram, veio 1993, e veio também o vídeo da Birdhouse, com Hawk, Willy Santos, Ocean Howell e Jeremy Klein. Principalmente Jeremy Klein, um dos skatistas que mais admiro, pelo estilo, pela personalidade, pela criatividade. E adivinhem o que tocava na parte dele? Sim, Cocteau Twins. A bela, poética, emocionante "iceblink luck", faixa 3 de Heaven or Las Vegas. Fudeu, né? Fiquei bobo, fiquei pasmo e fiquei apaixonado na hora. Eu assistia todo dia aquele parte do Jeremy Klein, 3 vezes por dia, no velho e surrado vídeocassete lá de casa. No começo assistia por causa do Jeremy Klein, mas depois de um tempo percebi que algo havia mudado: eu assistia só pra escutar "iceblink luck".
Não entendia como podia ser tão bonita aquela música, e como ela combinava com um vídeo de skate, trazendo sentimento e uma vibe especial para aquelas imagens. Ver Jeremy andando, escutar Cocteau, isso fazia com que eu me sentisse um pouco mais perto dos meus ídolos, inocentemente eu achava que havia alguma conexão maluca que unia esse jovem aqui, na solidão do seu quarto e do seu mundo, aos seus streeteiros favoritos lá na Califórnia. Olhando hoje, talvez eu tivesse um pouco de razão, porque compartilhávamos de fato coisas em comum: skate, roupas, música, atitude, visão de mundo...
O que importa é que Heaven or Las Vegas entrou na minha vida feito um furacão, dilacerando meu coração ainda adolescente, mudando minha perspectiva sobre música e mostrando que existe beleza nas coisas tristes, muita beleza aliás. Tenho Heaven or Las Vegas em CD e vinil, além da K7 que me acompanha desde 93, e posso afirmar sem dúvidas que esse é um dos meus discos favoritos, fácil no top ten da minha vida. Mesmo hoje, muitos anos depois do seu lançamento oficial, muitos anos depois do Birdhouse, sinto vontade de chorar ao ouvir cada uma das 10 lindas canções desse álbum monumental. Mas seriam lágrimas de alegria e nostalgia, pois é a trilha-sonora dos melhores anos de minha vida, por mais clichê que isso possa parecer.
Pronto, contei.
Assista a parte de Jeremy Klein, com Cocteau Twins:
[texto originalmente publicado no flog /o_livro, em 14/01/07]