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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

BETTER DAY SOCIETY


Se você trocou cartas na década de 1990, certamente você viu o logotipo acima no meio dos flyers ou mesmo em fanzines que circulavam na época.

O Better Day Society, de Juiz de Fora/MG, era uma das bandas mais simpáticas, mas teve vida curta. Nessa época, eu trocava muitas cartas com o vocalista, Carlos Frederico, mais conhecido como Fred. Éramos muito amigos, as cartas que trocávamos tinham que ter, pelo menos, duas folhas, pois o espaço era pouco para trocarmos ideias, falarmos de nossas afinidades, compartilharmos nossas angústias e, de alguma forma, fazermos a roda do cenário independente circular, afinal, ele também editava o zine Global Communication que divulgava outros artistas do underground nacional.

Fred era um cara intenso. Queria fazer muitas coisas ao mesmo tempo, mesmo recebendo pressão da família que o cobrava para entrar na faculdade (alguma coisa na área de Biológicas). Talvez para deixar seu recado, o seu zine e sua banda duraram pouco tempo. Ambos tiveram apenas um exemplar.


A primeira e derradeira demo Saturn's Self Destruction, foi lançada em 1995 depois de dois anos que a banda batalhava para ensaiar e gravar esse pertardo. Acompanhei esse processo desde o começo e, como forma de gratidão, ganhei a cópia 001. Até hoje me sinto privilegiado!

Para os padrões da época, a capa era de alto nível, impressa em gráfica em papel couché e ainda acompanhava um zine com as letras em inglês (afinal, era quase lei cantar em inglês naqueles tempos) e a tradução em português (baseando-se na demo do No Violence, Never Give it up!). Um luxo!

O som era um hardcore um pouco melódico, com umas pegadas de rap, uma pitada de Rage Against the Machine, outra de Red Hot Chilli Peppers e a coisa ia indo. Resultou em uma demo com 5 canções e uma introdução que recitava a frase que acabou virando um mantra e slogan imediato para a banda: "For a global communion and a local union"

Pouco após o lançamento desse material (que teve apoio da extinta Sonic Records do lendário Oscar F. - que hoje é um conceituado artista plástico em Goiânia), por conta dos compromissos acadêmicos, Fred deu uma desaparecida do mapa. Nunca mais tive notícias dele. Ainda lembro de sua carta dizendo que estava abandonando todo seu trabalho underground pra se dedicar aos estudos...

Hoje, por um acaso, achei o zine que acompanhou a demo e resolvi fazer uma pesquisa descompromissada pela internet, na esperança de achar o Fred em algum lugar. Não achei, afinal, existem muitos "Carlos Fredericos" pelo mundo afora. Mas achei algo muito interessante: a demo digitalizada para MP3! Sim, um cidadão do bem, chamado Fábio F. Monteiro fez o favor de subir os sons na plataforma virtual!

Foi de muita emoção ouvir essas músicas quase vinte anos após o seu lançamento... E então decidi compartilhar com as pessoas que curtiram muito essa banda e paras as que nem eram nascidas nessa época.

Clique aqui, descarregue o material e boa viagem!

Ah, e se acharem o Fred por aí, fale que seria muito bom bater um bom papo com ele!

domingo, 20 de novembro de 2011

DOCUMENTÁRIO HARDCORE ANOS 90 - TEASER ESPECIAL 15 ANOS DE VERDURADA

Para os que não sabem, está em produção um documentário sobre a história do Hardcore dos anos 90 em São Paulo, cuja previsão de lançamento é para o próximo ano (2012 - se o mundo não acabar).

Em comemoração aos 15 anos do festival Verdurada, a equipe de produção do documentário foi convidada e produziu um teaser especial sobre a cena Straight Edge e o evento que é um dos mais importantes da cena brasileira.



Para saber mais sobre o documentário, leia a entrevista com o produtor Marcelo Fonseca, feita pelo ZINISMO em maio de 2010.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

ACENTUANDO O REVIVAL MELÓDICO...

Um clipe clássico dos 90:



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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

MEMÓRIAS DE FANZINE - AAAH # 3 e 4

Dando continuidade a publicação das "memórias fanzinísticas" feita por Márcio Sno, seguimos com os fanzines AAAH # 3 e 4.
A rede de contatos aumentaram consideravelmente e culminaram em um fanzine de 120 páginas! Além da incrível história do poster, feito de modo coletivo através do correio - Do-it-yourself puro, velhos!


Aaah!! - n° 3 - 1994



Esqueci de falar que as duas primeiras edições saíram em formato ofício (uma folha de sulfite inteira) e a partir dessa edição passei a usar o formato meio ofício, pois era mais bonitinho...
Eu perdi os originais desse zine, que foi feito todo em formato ofício e depois eu reduzi até que ficasse no tamanho para caber nas páginas.
Nessa época eu já tinha contato com uma das pessoas mais bacanas e misteriosas do universo dos fanzines: Bruno Furnari, que editou o revolucionário Drowned (talvez o primeiro feito inteiramente por computador). Furnari era muito divertido e desenhava muito, mas curiosamente ninguém conheceu o cara pessoalmente. Nem eu.
Nas cartas dele, sempre vinha um bocado de desenhos que fui utilizando nos meus zines a partir daí. Na capa desse zine, os dois guitarristas saíram dessas cartas. A caveirinha lá na batera eu surrupiei do fanzine Rock n'Roll que era distribuído na Galeria do Rock. O carinha gritando abaixo eu peguei em um jornal.
Ah, e o Furnari também era um dos poucos no país que desfrutavam de computador e impressora a laser. E foi ele quem fez o logotipo dessa vez.
Aos poucos, fui deixando de publicar releases em minhas publicações e adotando mais entrevistas, embora, as perguntas feitas eram praticamente idênticas umas das outras.
Entre a galera entrevistada estavam: Pinheads, Cortina de Ferro (quem não se lembra da clássica "into the fire, oh, memories..."?), Prime Mover, Soutien Xiita, Rotten Flies, Lethal Charge, The Power of the Bira, João Gordo (na época ele havia produzido a clássica coletânea Fun, Milk & destroy), Poindexter, Uterus Masticator, KOV, Hell Noise, GDE, Rot, Reforma Protestante, Desecration, Purulence...
Nessa edição eu inaugurei a sessão "Poetando" e também as cruzadinhas.
Essa edição também marca a primeira participação de Henry Jaepelt em meus zines. Uma parceria que dura até hoje!
Curiosidades mais: O editorial completo dessa edição foi publicado no "Almanaque de Fanzines" de Bia Albernaz e Maurício Peltier. E a HQ que fiz na contracapa, chamada "Use your head" saiu no caderno Zap! do jornal O Estado de S. Paulo (um caderno jovem que sempre saía coisas minhas - eu era apenas um leitor, diga-se de passagem) e, curiosamente descobri isso quando um amigo disse que esse caderno foi distribuído durante o Hollywood Rock.
Nessa edição meu zine contava com o selinho da Tilt Corp., que era uma cooperativa de zines idealizada pelo Furnari.


Aaah!! - n° 4 - 1994


Não via a hora de chegar nessa edição...

Em menos de um ano, graças aos outros zines e nos bilhões de flyers que distribuí nos envelopes pelo Brasil afora, já acumulava uma quantidade incontável de contatos e isso ficava claro quando eu recebia todos os dias um pacote de cartas recheadas de fitas demo e fanzines dos mais variados tipos, estilos, tamanhos, ideologias e locais.
O resultado disso, foi um zine de 120 páginas e mais um pôster, do qual falarei no próximo capítulo.
Muitos podem pensar que fiz um zine desse tamanho para me exibir ou coisa parecida. Mas quem viveu aquela época, sabe bem que quando de lançava um zine, não se tinha ideia quando sairia a edição seguinte e eu, com essa coisa filantrópica nata, tinha receio de deixar material recebido sem previsão de ser divulgado.
Era muito complicado tirar cópia e mandar pelo correio esse zine, pois com o volume aumentava os custos em todos os sentidos.
Essa edição a capa ficou a cargo de Bruno Furnari, mas dessa vez o desenho foi proposital para ser a capa dessa edição. Coloquei de fundo um papel pardo (daqueles que sempre tem no final dos blocos de papel timbrados, saca?) pra dar um aspecto mais sujo na hora da xerox. O miolo, usei como "margens" páginas do extinto Notícias Populares, o sangrento jornal paulista.
Nessa edição quase já não tinha mais os releases de bandas, foram muitas entrevistas. Inclusive foi a primeira vez que fiz uma entrevista ao vivo, com a banda de death metal Golem, junto com o Hugo Leta.
Entrevistas com: Safari Hamburgers, Alpha Asian Malaria, Primal Therapy, Face to Face zine, Decibéis D'Bilöid's, Blessed, Homicide (ótima banda italiana, quem souber o paradeiro, me avise!),Tumulto, Siecrist, Cash for Chaos, Alternative System, Hinfamy, Necrorrosion, BSB-H, Kangaroos in Tilt, Câmbio Negro HC, No Violence, Gaby Benedyct, Discarga Violenta, Anthares e outros mais.
Colaboraram com desenhos: o casal Maria e Henry Jaepelt, Hugo Leta, Joacy Jamys, Furnari, Alessandro Yogui, Tunão, Laerte, Gerson Mendes e os meus desenhinhos também!
Sem falar as inúmeras resenhas de demos, zines e colaborações de Júnior (do White Frogs, com o texto sobre Straight Edge - na época em que começou a aparecer no Brasil. Causou polêmica esse texto pois ele não era SxE e os hardline acharam isso um absurdo), Paulo Marcos (Thelema).
Além do selinho da Tilt, esso zine agora era apoiado pela SZA (sociedade dos zineiros anônimos), criado pelo Paulo Thelema.
Foi um divisor de águas pra mim, e provou que realmente eu tinha algum problema na cabeça...


Aaah!! - n° 4 - 1994 (pôster)



Como se não bastasse ter lançado um zine de 120 páginas, optei em botar um pôster como brinde dessa edição.
Essa inspiração de colocar esse tipo de brinde veio do Escarro Napalm do velho de guerra Adelvan Kenobi.
Porém, ao invés de montagem de fotos, optei em fazer uma obra de arte por várias mãos.
Qual era a minha ideia? Peguei uma folha de A3 (tamanho de dois sulfites A4 juntos), fiz uma borda e um desenhinho logo abaixo. Botei num envelope e fiz uma relação de nomes de pessoas que eu gostaria que rabiscassem o papel. Cada um que recebesse a folha, teria que fazer uma ilustração que tivesse a ver com o nome do zines, mas que meio que se emendasse um no outro. Aí, o cara que desenhasse, teria que mandar via correio a folha para o próximo da lista. E assim foi...
Não me lembro exatamente quem desenhou primeiro, mas sei que quem desenhou por último foi o Paulo Gomes (do fanzine Putrid e baterista do Necrorrosion). Antes dele, rabiscaram o papel: Hugo Leta, Bruno Furnari, Henry e Maria Jaepelt, Oscar F. (fanzine Sonic - Goiânia), Márcio Jr (vocalista do Mechanics - Goiânia), Tunão (da banda The Still - Araraquara), Kevin (do fanzine Glunx - não me lembro a cidade), Celso Moraes (idem) e Sylvio Ayala (não lembro o nome do zine).
O resultado é esse. Ficou lindão e eu guardo com muito carinho!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

CANAL DA REVELATION NO YOUTUBE

Vamos voltar no tempo. Fundada em 1987, a Revelation Records fez história durante os anos 90, lançando discos fundamentais do hardcore/punk/emo. O selo está na ativa até hoje, mas seu período de ouro ficou mesmo no passado. Para resgatar um pouco dessa história, eles criaram um canal no Youtube onde estão subindo alguns videoclipes raros e entrevistas. Seguem algumas preciosidades logo abaixo, mas tem muito mais esperando por você no RevChannel.












Além do recurso audiovisual, a Revelation segue contando a história do hardcore através das palavras. Saiu em junho o livro "Why Be Something That You're Not: Detroit Hardcore 1979-1985" (Tony Rettman), que mostra o nascimento e desenvolvimento da cena hc em Detroit, uma das mais fortes e influentes nos EUA. Mais detalhes sobre o livro aqui.


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terça-feira, 10 de agosto de 2010

MEMÓRIAS DE FANZINE - AAAH - # 1 e 2

Costumo dizer que as redes sociais são como qualquer ferramenta, sua finalidade pode ser boa ou ruim, dependendo da intenção do usuário.

Estes dias me deparei no facebook com alguns textos interessantes do fanzineiro Márcio Sno. São reflexões ou memórias pessoais sobre sua experiência com os fanzines. Vale a pena a leitura, dá para sentir (ou relembrar) um pouco da época (anos 90) e também acompanhar a trajetória do zineiro, suas expectivas, desafios, resultados...

Percebi que era um documento interessante demais para ficar restrito ao facebook e cá está ele, compartilhado com os leitores do ZINISMO.

Neste primeiro capítulo, os zines AAAH # 1 e 2!

ZINISMO RECOMENDA!


Aaah!! n°1 - 1993


Lembro-me como se fosse hoje: estava eu no ônibus indo trabalhar, cochilando (estilo a MC Creide: eu cochilo, mas sempre de olho aberto!) e pensando no que fazer da minha vida. E veio uma ideia na minha cabeça que me fez abrir os olhos quando o ônibus, na 23 de Maio passava ao lado do Centro Cultural Vergueiro.
"Vou fazer um zine!" E essa ideia me perseguiu sem que eu pudesse evitar.
Na escola, à noite, passei a desenhar um rato pelado gritando. Pronto. O nome e a capa do meu primeiro fanzine estava esboçado na última página do meu caderno. Ainda tenho esse desenho original.
Essa capa, aliás, deu um trabalhão pra dar esse efeito de palha no fundo. Mas deu um certo prazer quando terminei. Mais tarde esse mesmo desenho virou estampa de uma camiseta única e exclusiva que só eu tive coragem de usar.
Nessa edição sairam bandas como Scum Noise, Intense Manner of Living, Anjo dos Becos, Ñrü, Flesh Temptation, entre outras. Claro, a maioria era releases, mas eu estava feliz em entrar com o pé direito nesse estranho e enigmático universo dos fanzines...


"Aaah!! - n° 2 - 1993"


Depois do lançamento do meu primogênito, passei a conhecer mais pessoas do meio dos zines. Muitos por carta e pouquinhos pessoalmente.
Uma vez teve uma feira de fanzines na Livraria Belas Artes, na Paulista quase esquina com a Consolação, que não pensava em acessibilidade universal, já que tinha uns degrauzões gigantes para entrar nela. Essa livraria era bastante conhecida pelos seus livros de arte e histórias em quadrinhos.

Um dos organizadores, Guto Galli, que era funcionário da livraria, me apresentou o grande ilustrador MZK (até então eu desconhecia a grandeza desse cara no meio das HQs). Conheci também, o Carneiro que na época era vocalista da badalada Mickey Junkies (que aliás saiu na primeira edição do Aaah!!). Mas a pessoa mais importante que conheci nesse dia, meio que "se ofereceu" a me conhecer, já que ele conhecia a banda que estava estampada na minha camiseta: Soutien Xiita (sim, aquela que tem o cachorro comendo um guarda - polêmica!). Hugo Leta é seu nome. Trocamos muitas ideias e fizemos juras de amor eterno. E nessa história toda, ele acabou me emprestrando alguns desenhos originais (veja só, tinha acabado de conhecer o cara e ele me emprestou todos os originais dele!). Xeroquei tudo e usei nesse zine e nos que vieram depois. Quando peguei esse que virou capa, eu já tinha certeza que o lugar dele seria ali mesmo: na frente de tudo, puxando a segunda edição do zine. Se olhar com certa atenção (na verdade, nem precisa muita!), onde está o logo do zine, eu fiz uma emenda, pois o desenho dele acabava ali mesmo.

Nessa edição saiu muuuuuuitos releases, entrevista com Penitence, Carnal Desire (numa das minhas idas ao Der Temple para um show com o Anarchy Solid Sound e Soutien Xiita, conheci o fantástico Tarso Carnal), Death Hate, a clássica Dezakato, Hirkania, A minha primeira grande entrevista com Ñrü, com o fanzineiro Danúbio Aguiar (nesse caso, ele havia respondido impresso em uma impressora matricial, e como eu só usava máquina de escrever, aproveitei a impressão, mesmo saindo quase transparente).

Tinha também entrevistas com o Flesh Temptation, uma banda death de Brasília, que era uma das únicas que tinha disco de vinil lançado, com o recém formado White Frogs, vejam vocês!

Ah, nessa edição, também contei com a colaboração de textos do grande amigo Alcir, que na época tocava na banda grind Hinfamy.

Sei lá. Só sei que depois desse zine meu círculo de amizades passou a aumentar a cada dia...

quinta-feira, 20 de maio de 2010

HARDCORE 90 - UMA HISTÓRIA ORAL - ENTREVISTA COM MARCELO FONSECA


HARDCORE 90 – UMA HISTÓRIA ORAL
– É o nome temporário do documentário que está em processo de produção e que começou com um trabalho de mestrado feito pelo historiador Marcelo Fonseca. Esse processo pode ser acompanhando em tempo quase real através do blog onde são postadas as novidades. As entrevistas em vídeo podem ser conferidas através do canal do Youtube. Pode-se notar através destas entrevistas que algumas palavras surgem e se repetem em diversas falas, indicando alguns marcadores importantes para o delineamento da cena hardcore (principalmente, mas não só de São Paulo) como o movimento punk, juventude libertária, straight edge, a influência do skate e de algumas casas de show como o Black Jack e o Der Tempel. Interessante notar que muitas das entrevistas dão sequência aos eventos mostrados no documentário sobre o punk brasileiro (Botinada), permitindo uma visão muito peculiar sobre a cena punk/hardcore das duas décadas (anos 80 e 90).

ZINISMO: Em que pé está a produção e para quando você prevê a finalização do documentário?
MARCELO FONSECA: Em outubro completamos 1 ano de produção. Foi um período muito bom, por poder sentir como é se meter a fazer algo do tipo (coisa que eu nunca tinha feito até então). Legal rever amigos, conhecer amigos de amigos e ir sentindo a reação dos entrevistados, e das pessoas que tem apoiado o projeto. A idéia é fazer por volta de 100 entrevistas, nesta semana vamos gravar a número 38. Tem muito a se fazer ainda, digitalizar material de época, vhs, hi8, fotografias, fanzines, capas de disco, pessoas para encontrar... Detalhe que a equipe do documentário é praticamente de 2 pessoas, eu e o Fernando Alves que me ajuda filmando. Tudo é custeado por nós dois, mesmo que algumas pessoas já nos ajudaram por um tempo. Eu tinha a ambição de fechar o filme mais ou menos junto com o meu mestrado (História Social na PUC-SP) em 2011, que é quando eu tenho de defender a dissertação. Mas não vai rolar, além de tudo eu também trabalho, então uma previsão mais próxima da realidade, com tudo que quero fazer, aumenta o tempo em mais um ano, ou seja, comecinho de 2012.


Fale um pouco sobre o papel dos fanzines na cena hardcore dos anos 90:

Fundamental. Aliás, sempre teve, independente da cena ou das idéias que estavam presentes. Já na década de 80, eram os fanzines punks que tentavam politizar o movimento, cobrando o fim da violência das gangues. É um veículo que não minha opinião é a expressão máxima do “faça-você- mesmo”, e importante, pois todo meio social precisa ter comunicação. Uma só pessoa podia escrever, desenhar, xerocar, distribuir, da forma que quisesse, como e para quem lhe desse na telha. Na década de 90, a internet engatinhava, e os fanzines, amparados por um rede gigante de correspondências que não era restrita somente o Brasil, “conectava” e distribuía a informação, fazia escoar a produção das distribuidoras, etc.

A partir dos anos noventa o hardcore em São Paulo começou a se dividir em nichos ou micro-cenas (ex: hardcore straight edge, hardcore melódico, etc). Você encara isso de modo positivo ou negativo?
Uma coisa que não podemos nos deixar levar é de que o hardcore seria uma coisa homogênea e harmônica. As contradições e diferenças das pessoas sempre estiveram presentes e querendo ou não, as pessoas se conectam mais ou menos em redes de afinidade. De certa forma isso sempre existiu, mas acho que durante um tempo, existia a necessidade por parte das pessoas da cidade de São Paulo, entrarem em contato com pessoas, se agruparem com gostava desse tipo de música e idéias, mas que não queriam se vincular ao ganguismo dos punks da antiga. A geração que viveu os anos 90 soube muito bem o que era ser intimado por usar uma camiseta do Misfits ou Ramones, e daí quando se encontrava com alguém que compartilhava das mesmas idéias, ou que gostasse de um som parecido era quase como acertar na loteria. Como o número de pessoas gradativamente aumentou, isso também ficou mais visível. Eu não acho nem bom nem ruim, lembro de shows muito legais de bandas muito diferentes, com pessoas muito diferentes e concepções sobre o hardcore-punk mais diferentes ainda... Faz parte do processo histórico de qualquer movimento social jovem, as pessoas são autônomas, respondem as próprias vontades, elas podem perder o interesse, ou mudar as idéias, ou se agrupar mais com quem pense como você e daí por diante...

Para finalizar faça uma breve análise comparativa entre a cena paulistana hardcore dos anos 90 e dos 00.
Eu acredito que nunca mais surgirá uma geração como a dos 90, assim como a dos anos 2000 também tem suas especificidades. O mais gritante é o acesso a informação, se nos anos 90, até existia, nos 2000 ela ganha dimensões estratosféricas com a popularização da Internet. Isso acarreta suas conseqüências também, se micro-cenas surgiram nos anos 90, devido a grupos de afinidade, tretas ou que seja. Dos anos 2000 para cá o público tem acesso e é bombardeado com informação que parece não dar tempo nem de se analisar, o que é legal ou não. Antes você escrevia uma carta para uma banda, o cara lhe mandava a demo e você passava a semana ouvindo isso no walkman. Hoje existe myspace, rapidshare, ipod... a vida ficou mais fácil, mas também privilegiou o domínio da imagem. A autenticidade dos anos 90, era uma mistura de ineficácia técnica, falta de referência e força de vontade que gerou tantas bandas legais, como No Violence, Againe, IML, Garage Fuzz, Abuso Sonoro, Rot, Ação Direta, Self Conviction, Kangaroos in Tilt, Point of no Return, Dominatrix entre tantas outras... Por outro lado, hoje a molecada tem acesso ao pacote completo , baixa a discografia, o visual, vê o vídeo da performance no youtube e por isso temos bandas genéricas aqui, na Eslovênia, na Austrália ou no Japão. Sem querer ser amargo, o excesso de referência matou um pouco da originalidade e espontaneidade. A galera que descende mais do hardcore melódico também é exposta a um universo mais da música comercial, entrando em contato com empresários, e um aparato de mídia que nunca imaginei ter contato... Mas cada geração com seus problemas, não quero soar velho e chato, isso é o que veio de imediato para comparar. Cada momento tem seus dilemas e vivências e longe de mim querer comparar.

Confira também a matéria que rolou no programa METRÓPOLIS da tv cultura sobre o documentário:

terça-feira, 18 de maio de 2010

DIRTY MONEY - BAIXE O FILME!



Como Alexandre Vianna disse na estreia do filme, Dirty Money é mais que um vídeo de skate, é um vídeo sobre a amizade, e justamente isso torna o documentário interessante e capaz de encantar skatistas e não skatistas.

Dirigido por Vianna e Ricardo Koraicho, o cenário do documentário é o começo dos anos 90, época de crise financeira, governo Collor e confisco de poupanças. Após um período de crescimento e auge do skate nos anos 80, os skatistas depararam-se com um período sombrio que incluía a perda de patrocínios, parcos e precários campeonatos e até mesmo falta de dinheiro para comprar o básico como rodinhas e shapes. Mas, se por um lado o aspecto material minguava, por outro os laços afetivos entre os skatistas nesta época de crise aumentavam e geravam frutos.

Foi assim, por uma atitude do-it-yourself que surgiu a fita VHS caseira Dirty Money - gravada e editada pelos próprios skatistas. A fita virou febre na época, foi reproduzida à exaustão, divulgada e enviada para os quatro cantos do país, disseminando não só o esporte, mas a cultura e o estilo que envolvia aquele grupo.

Um dos méritos do filme é recuperar com a merecida seriedade esta história e seu contexto de época, mostrando a atitude, o esforço e a superação desta geração (que inclui nomes como Bob Burnquist, Urina, Chupeta, Alexandre Ribeiro, Rogério Mancha e outros). Obrigatório para entender os caminhos do skate brasileiro - e até internacional - dos anos 90 até os dias de hoje

O melhor é que o filme está disponível para download gratuíto!

O ZINISMO recomenda, baixe e faça sessões com os amigos. Quem viveu a época recordará, quem não viveu poderá conhecer a história e ter ótimos exemplos de união e superação.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

PUNK ROCK SUPERSTARS



Banda, blog, podcast. Serão essas as armas do Punk Rock Superstars para reativar e incentivar a memória da cena punk/hardcore dos anos noventa. Trata-se de um projeto da galera de BH, que começou com a ideia de um retorno do Dread Full, mas que acabou tomando outros rumos.

Funciona assim: a banda fará shows tocando exclusivamente covers de bandas nacionais e gringas dos anos noventa. Por que? Alexandre do Dread Full é que responde: "Para mostrar aos mais novos que existiu muita coisa boa antes das porcarias de NXZERO e outras merdas de chapinha no cabelo."

Eis a escalação do time:
Marx - baterista do Ourselves e automatic.hi.speed
Bruno - guitarrista do Ourselves e automatic.hi.speed
Cota - guitarrista do Dread Full e do Valv
João Veloso - baixista do White Frogs
Alexandre - baixista do Dread Full e automatic.hi.speed
Leo Baiano - vocalista do Dread Full

Mas, e esse "superstars" no nome, não é meio pretencioso? Alexandre novamente: "Os superstars não somos nós, mas sim as bandas que pretendemos homenagear tocando nos shows". Ah, agora sim!

Além dos shows, será colocado um blog/site no ar, no qual será possível baixar podcasts com programas em vídeo falando das bandas daquele tempo. "Nos primeiros iremos falar do show do Down by law, depois do Garage Fuzz e depois de bandas importantes que estiveram no Brasil", conta Alexandre.

O primeiro show já está marcado: 29 de maio, sexta-feira, as 22h, A OBRA (BH).


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