quinta-feira, 18 de março de 2010

IMPRENSA ALTERNATIVA NO ABC - ENTREVISTA COM OLGA DEFAVARI



A importância do livro “ A imprensa alternativa do ABC - a história contada pelos independentes” de Olga Defavari vai além de fornecer uma panorama histórico deste tipo de imprensa; mostra como em diferentes épocas, pessoas inconformadas resolveram fazer diferença e produzir informação pelos próprios meios cobrindo assim lacunas que existiam e ainda existem no ABC paulista.

O livro é uma adaptação e ampliação de uma pesquisa feita pela autora na Universidade Municipal de São Caetano do Sul em 2005, nas suas páginas encontramos relatos, entrevistas, casos pitorescos sobre os mais variados tipos de veículos informativos como revistas de poesia, cinema e música, jornais universitários, publicações de arte, e é claro, os Fanzines.

Destaques para as histórias de publicações como o Jornal da Taturana, A cigarra, O livrespaço e a tragicômica história da revista “A tripa”. Na parte relativa à Fanzines o livro cobre parte da produção do ABC paulista entre os anos de 1995 e 2005, destaque para o “sobrevivente” Aviso Final.

O Zinismo fez uma pequena entrevista com autora, que você pode conferir abaixo.

ZINISMO – Como você chegou a este tema para sua monografia?

Olga de Favari - Na verdade não se trata bem de uma monografia, e sim de uma pesquisa que comecei no núcleo Memórias do ABC da Universidade Municipal de São Caetano do Sul. Um projeto que visa levantar aspectos interessantes, mas pouco estudados da história da região. Enfim, como na época cursava jornalismo e como sempre tive interesse pelas práticas culturais achei na imprensa alternativa um meio que une ambas as coisas. Mas foi precisamente durante um bate papo com a escritora e agitadora cultural, Dalila Telles Veras, proprietária de um espaço cultural em Santo André , que descobri que a imprensa alternativa, também colecionada por ela, ainda não possuía um merecido estudo a seu respeito, no caso especifico as publicações do ABC. Descobri a partir de então que os museus e centros responsáveis pelos arquivos da região, não catalogavam ou mesmo sabiam o que era essa tal imprensa marginal.

Você já conhecia os Fanzines? Se não como ficou conhecendo? E o que achou destes?
Confesso que conhecia poucas publicações alternativas e que os fanzines não foram o meu foco inicial, já que pesquisei prioritariamente jornais e revistas. Quando comecei as buscar os fanzines, percebi que eles eram inúmeros e que mereciam um capítulo especial no livro. Entre os responsáveis por me apresentar este vasto mundo de zineiros está Renato Donisete, editor do zine Aviso Final há 20 anos e o conhecido poeta Zhô Bertholini, editor da revista A Cigarra. Achei este universo fascinante, principalmente pela força de vontade de seus editores que fazem do trabalho alternativo uma constante batalha.


Uma discussão presente nos dias de hoje para a imprensa alternativa é com relação à migração dos veículos impressos para internet. Você acha que seria o fim da imprensa alternativa impressa? No atual contexto como você enxerga esta situação?

No final do livro eu trato sobre esta questão e afirmo que em um próximo levantamento não será possível encontrar tantas publicações alternativas imprensas. Porém, não acredito que seja o fim. O problema é que, como sabemos, a grande dificuldade dos escritores independentes é grana para imprimir o material e falta de espaço para escrever, já que quanto maior o zine, mais gasto. Assim uma boa saída é migrar para internet, onde não há custos nem restrição de espaços, e o conteúdo fica acessível a um maior número de leitores. Mas acredito ainda que entre as publicações alternativas, o zine seja a o mais resistente, isso porque os zineiros gostam muito de ver o material pronto em mãos, de receber e enviar pelo correio. Já os jornais e revistas alternativos, estão cada vez menos encorajados, porque o gasto é muito maior para publicar um veículo deste porte. Ressalto que, pela grande quantidade de zines produzidos no ABC, não foi possível dar conta no livro de boa parte deles, e nem era minha intenção esgotar o assunto. Pelo contrário, com o livro quis apenas chamar a atenção para estas publicações e mostrar o quanto elas são importantes para a história da região. Peço aos editores independentes que me enviem suas publicações (olgadefavari@yahoo.com.br), posso colocar no blog, ou, quem sabe, começar um outro livro. Apesar da internet, material impresso é o que não me falta.
Vida longa à Imprensa Alternativa!

O livro Imprensa Alternativa no ABC pode ser adquirido com a própria autora através de seu e-mail por um preço bem acessível, ZINISMO recomenda!

2 comentários:

  1. Esse livro foi uma agradável surpresa. E ainda bem que vc representou a firma com essa entrevista, pois eu tinha falado com a Olga uns 6 meses atrás sobre um bate-papo e, como dá pra perceber, não consegui realizar. Sorry Olga, thanks Flávio!

    ResponderExcluir

Andarilhos do Underground: ZINAI-VOS!!!