quarta-feira, 9 de novembro de 2011
RAEL BRIAN = EXPO DESTRUINDO ROSTOS + ENTREVISTA
Rael Brian é um artista de Brusque (Santa Catarina) que se expressa através das colagens e circula pelo mesmo universo que o Zinismo, traduzindo: Skate, punk rock, hardcore, faça-você-mesmo e arte.
Por esta sintonia já passou por aqui algumas vezes e temos a grata satisfação de informar que sábado agora (dia 12 de novembro) haverá a abertura de sua exposição "Destruindo Rostos" no Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso. Além da exposição, o artista dará uma oficina de colagem no domingo, dia 13.
O Zinismo conversou com o jovem niilista sobre arte, inspiração, processo de trabalho e nossa decadente sociedade.
No ano passado rolou uma exposição sua em Balneário Camboriú, com o sugestivo título “Raiva Espiritual". O que mudou da Raiva Espiritual para a "Destruindo Rostos"?
Não mudou muita coisa não (risos), a raiva e o nivel de perturbação continuam os mesmos. O que eu creio que mudou foi meu trabalho estar mais maduro por influência da faculdade de fotografia que fiz e ter dado uma outra direção com enfase no retrato. Cada dia mais emo e agressivo (risos).
Vivemos numa sociedade em que a valorização de um ideal de beleza faz com que as pessoas se submetam à (dolorosas) cirurgias plásticas para se sentirem bem. Esse tipo bizarro de comportamento é uma inspiração para sua arte?
Pode se dizer que sim, as pessoas estão sempre correndo atras de um status perante a sociedade que é baseado em cima da mentira, como ter uma aparência que agrade aos outros e que a ponha em um determinado grupo social. Tem um rosto e uma aparência bonita, mas por tras a historia é outra. Não posso falar muito porque tambem me incluo nessa crítica.
Embora o título de sua nova exposição seja Destruindo Rostos, seu processo de trabalho se dá também através da reconstrução de novos rostos através dos recortes de faces anteriormente destruídas. Na sua arte e crítica, o que prevalece para você: a esperança ou a descrença social?
Descrença total em tudo e em todos. Isso me tira muitas noites de sono (risos), não acreditar em nada e muitas vezes nem em mim mesmo. Os valores que imperam na cabeça das pessoas como crenças falidas e o lucro a qualquer preço me fazem ter uma descrença em qualquer coisa.
O que te influencia (tanto esteticamente quanto em termos de postura ou atitude)?
A estética suja e sincera de artistas como Mikey Welsh que infelizmente faleceu esses dias, que tinha uma arte completamente sincera e que não tinha medo de expor seus sentimentos. Gente como Thurston Moore, Tim Kinsella, Glen Friedman, Carlos Dias, Redson, me influenciam pela postura de sempre se renovarem sem perder sua identidade. Acho que é isso que procuro. DIY e sinceridade.
Por que colagem? Como é o seu processo de criação e construção dos trabalhos?
Porque nunca tive afinidade com desenho e pintura (risos). Não sei, o negócio pra mim tem um ar marginal, uma arte que simplesmente é uma transformação de algo que já existe e já tem função como uma imagem qualquer de uma revista e essa trasnformação vira arte (risos). Isso é muito doido pra mim. Meu processo é sempre o mesmo ou quase sempre. Chego no meu estúdio e vejo aquela bagunça, cheio de revista jogada no chão, poeira, mofo e penso "puta que merda" uhauhauha, que vontade de voltar pra casa e dormir (risos). Ponho um som, esse ano ouvi muito o Bitches Brew do Miles Davis e bastante rock emo como Elliott Smith, Joan of Arc, Braid para criar e faço uma pesquisa rápida nas revistas e começo a experimentar: camada por cima de camada, olho por cima de olho, boca por cima de boca e vai ficando uma coisa sem pé nem cabeça (risos). Até que a parada tome um rumo. É um processo lento pelo fato de eu ser bem seletivo com as imagens que uso.
Acredito que estamos vivendo no Brasil, uma cena forte de colagem com artistas influenciados pela cultura punk. Fale um pouco de seus comparsas nesta cena:
Acho que é uma galera que tem os mesmos ideais e uma vontade muito grande de fazer algo, de criar algo e dizer algo. A maioria se conhece e se ajuda como o Kauê Garcia e a Carol que sempre me ajudaram e apoiaram. Tem neguinho que tá numa pegada cabreira como o Alex Vieira, Geo, Bá... Acho que essa nossa geração tem muito ainda o que mostrar, isso é só o começo, muita coisa ainda está por vir.
O Rael foi um dos entrevistados na edição do ZINISMO impresso que saiu no ano passado e pode ser baixada aqui!
Serviço:
DESTRUINDO ROSTOS - Exposição de RAEL BRIAN
Abertura: dia 12/11, sábado 19h.
Visitação: de 13 a 30/11.
Oficina de colagem: 13/11, domingo 14h.
CCJ-Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso
Av. Deputado Emilio Carlos-3.641-Vila Nova Cachoeirinha-São Paulo -SP.
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Blog do Rael.
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