segunda-feira, 31 de outubro de 2011

QUANDO A INFORMAÇÃO É DEMAIS A AÇÃO SE ATROFIA?

Por Simone Maia*

Sabe quando dois personagens falam ao mesmo tempo numa determinada cena do filme e você não sabe qual dos dois ouvir? Você pensa que talvez o que o personagem "X" está dizendo seja mais relevante do que o que está dizendo o personagem "Y". O resultado, quase sempre, é que você capta fragmentos da fala de cada um deles e acaba entendendo mais ou menos coisa alguma.

Alguma semelhança com a vida real?

Ah, perdão pela invasão assim tão abrupta. Não sou das Forças Especiais, mas acabei invadindo este espaço com chutes e tiros nas trancas da porta. Na verdade, tive permissão para uma pequena interação aqui e devo uma apresentação: sou SM, leitora e divulgadora deste espaço que é um nicho alternativo pensante no meio underground online.

No início eu falava da multiplicidade de vozes e informações que se espalha cada vez mais rápido através das igualmente múltiplas mídias a que hoje (por enquanto) a minoria de nós tem acesso. Digo isso porque eu mesma nunca sequer segurei um iPod, um iPad ou um Tab – isso só pra mencionar algumas dessas maravilhas tecnológicas informacionais interativas de bolso.

Quando tanta gente fala, quando tanta gente se diz "especialista" em assuntos os mais diversos, a quem devemos de fato ouvir? Quem, nessa salada mista teórica e retórica, terá razão?

Talvez a grande sacada dessa "coisa" chamada globalização seja a promoção do exercício da análise através da pesquisa e do uso do bom senso por parte do leitor/espectador. Não há outra maneira dele se guiar em meio a tantos atalhos informacionais.

Sabemos que a mídia "oficial" possui gosto duvidoso, pois por trás de cada informação pode haver – e quase sempre há – interesses obscuros de seres com intenções igualmente obscuras. O mesmo pode se dizer de certas mídias que se autoproclamam "independentes". É preciso ficar atento o tempo todo.

Onde quero chegar?

Na preguiça mental, suscetibilidade moral e ideológica e nas tradicionais passividade e falta de atitude da maior parte da população brasileira dita "esclarecida". Expor opiniões, fomentar debates, trocar ideias, enfim, são coisas fundamentais, sem dúvida. O problema é a falta de atitude. É muito blá blá blá e tecla-tecla pra pouca ação.

Certo é que manifestações públicas de insatisfação são feitas aqui e acolá por uma minoria e certo é também que a maioria (que assiste a tudo passiva e indiferentemente pela web ou pela TV) fica lá pensando consigo mesma: "Pra quê isso? Não vai levar a nada!". Esta postura acomodada e cética de certa forma se justifica. Infelizmente, quase sempre tais manifestações – por mais pacíficas que se proponham – acabam apenas com alguns tantos olhos inchados pelo gás lacrimogêneo, partes de corpos com hematomas e algumas prisões. A truculência policial na repressão a expressões populares nesta "democracia" já é velha conhecida de todos.

Mas... E se a maioria dita "esclarecida" tomasse parte da coisa?

Ficar reclamando na fila do açougue, no boteco, no blog, no Twitter, no Facebook ou na grande sala de espera do INSS vai resolver algo? Muda alguma coisa? Não seria melhor unir forças, mentes e convicções para agir em conjunto e com um propósito comum? Ainda que a mídia distorça tudo depois?

Como disse, felizmente há uma minoria que não se contenta apenas com palavras. Há, por exemplo, a galera que há anos compõe a cena underground deste país e que não espera grandes recursos ou viabilizações para a realização de seus projetos e a propagação de suas ideias e ideais, mesmo muito antes da era "ponto com" surgir na linha do horizonte, e segue fiel a seu propósito.

O grande problema sempre foi e sempre será a maioria... E pior: a que se diz pensante, mas que nada faz para mudar o estado de coisas neste país a não ser falar e falar, teclar e teclar.

Então a pergunta vai pra esse segundo grupo: o que de fato estão fazendo com tanta informação? Apenas fazendo-a circular? E mais: seria o excesso de informação um agente paralisante, um artefato capaz de confundir as massas a tal ponto que simplesmente a tornasse incapaz de agir por já não saber mais o que pensar ou no que acreditar?


*Simone Maia, autora do livro de contos "A Última Estação" (Editora Expressão, copyright©2004 – esgotado). O que há de disponível da autora: E-book "Resíduos" para baixar gratuitamente no 4shared. Versão PDF e versão DOC.

...

CIÊNCIAS SOCIAIS COM NOVO JORNAL

Alunos e professores do curso de Ciências Sociais do Centro Universitário Fundação Santo André acabam de lançar um novo jornal, confira logo abaixo:

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

3 ACORDES DE CÓLERA

Hoje faz um mês que nos deixou o vocalista da banda Cólera, Redson. Na ocasião houve espanto da grande mídia quando a triste notícia bombou nos "trend topics", nada surpreendente para quem vive, ou viveu, a cena underground/punk e sabe do pioneirismo do Cólera e do Redson em várias empreitadas.

Para não deixar em branco a data, compartilhamos o documentário TRÊS ACORDES DE CÓLERA produzido por: Paula Harumi & Thais Heinisch no ano de 2005 pela TV PUC. O documentário é uma boa oportunidade para os que queiram se lembrar (ou inteirar) da importância da banda para a cena, à qual todos nós, independente de opções estéticas, devemos respeito.



Gostou do vídeo? Passe para o level 2 nesta entrevista que o colega Márcio Sno fez com o Redson para o Portal Rock Press.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

AMOR AOS PEDAÇOS


- Lembra daquelas caixas de zines que eu disse que ia te dar? Então, preciso desocupar o espaço da casa do meu pai. Pode ser domingo? Me liga.

Essa foi a intimação final de Carlos Rodrigues Costa no meu Facebook.

Uma vez, quando visitei a sua extinta loja Sensorial Discos, ele disse que as caixas eram minhas. Enrolei por uns bons meses até receber essa última ameaça.

Tinha que pensar rápido: como explicar a chegada de três caixas de zines velhos na minha minúscula casa, numa época em que a ordem é o desapego e a desocupação de espécimes? Já sei: não explicar. Pronto.

Alguns e-mails, SMS e telefonemas depois, me vejo em um domingo, sete da manhã (pra calhar, bem no dia que começou o horário de verão, ou seja, acordei às seis!), chovendo como um tradicional janeiro paulista. Rodovia Castelo Branco, com direito a passagem ida e volta.

Em menos de uma hora lá estava eu em Itapevi ao lado das cinco caixas de fanzines. Cinco caixas??? Sim, duas a mais!

Uma olhada por cima e por dentro das caixas, já via que teria em mãos muitas coisas raras do submundo (não vou citar o quê, pra não causar furor!).

- Tem certeza mesmo que quer me dar isso? – perguntei por mais de dez vezes e obtive um “sim” em todas elas. OK, eu levo.

Voltei feliz, mesmo com a chuva castigando e deixando toda a vista esbranquiçada.

Não houve reclamações em casa. Estranho. Até hoje não reclamaram. Mais estranho.

Demorei uma semana até abrir a primeira caixa. Passei a folhear. Não, isso não ia dar certo. Não ia render nada ficar procurando datas e nome do editor. Só dá mesmo, por enquanto, pra separar por tamanho!

De repente, me dei conta de algo: diversos fanzines estavam carimbados com meu nome e endereço. Eu tinha o hábito de marcar coisas de “minha propriedade”.

Em 1994 fui com o Carlos para Mariana/MG participar de um evento de cultura alternativa organizado pelos alunos de História da Universidade Federal de Ouro Preto. Levamos na bagagem bolsas e bolsas de zines para uma exposição (nunca me esqueço a sensação de estar com bolsas pesadíssimas no metrô em horário de pico!). Na volta, com certeza, um trouxe zines do outro. E o ditado piscando em luzes de neon: “o bom filho a casa torna”. Bons meninos.

Dias depois retorno à peregrinação. E descobri que aquelas caixas me preparavam mais surpresas: edições de fanzines que tive, mas que perdi em enchentes e empréstimos que nunca mais voltaram. E lá estavam em casa os irmãos gêmeos do Papakapika, O Cabrunco, Bizarre Inc., Maria Overdrive, Escarro Napalm e até um zine que participei – e nunca havia visto – sobre a banda Soutien Xiita. Sorrisão no rosto.

Já era tarde. Ainda tinha uma caixa. Minha rinite perturbando. Olhei para a caixa. Ameacei fuçar o que tinha. Decidi que não.

Vou deixar um pouco de felicidade para outro dia. Até lá, a rinite sossegou e haverá um motivo especial para sorrir feito um menino bobo que ganhou um boneco Falcon após inúmeros pedidos pro pai.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

BEACHLIZARDSPINHEADSDEADFISH

O Beach Lizards estava programado para tocar na primeira noite do JuntraTribo2, em Campinas (SP). Acontece que nessa mesma noite (sexta) subiu ao palco a banda curitibana Resist Control, e o palco veio abaixo. Resultado: todas as bandas que tocariam depois foram automaticamente transferidas para o sábado.

Mas no sábado o vocalista do Beach Lizards, Demétrius, não podia. Precisou voltar ao Rio. Mesmo assim a banda carioca deu um jeito de mandar seu recado: duas músicas com o Paulo (Pinheads) no vocal, uma delas um cover de "along the way" (Bad Religion), e mais um cover do Bad Religion com o Rodrigo do Dead Fish (e seu cavanhaque) assumindo o mic.

Registro digno do título "histórico"!



Rodrigo, que nunca havia visto o vídeo, lembra que "ninguém se conhecia, mas já éramos todos amigos. Fomos nos ver pessoalmente neste dia. Quase todos estavam lá. Formando a rede social! hahahahaha"

Mais detalhes sobre essa e outras histórias dos Lizards você pode conferir no livro "Esporro", do jornalista/roqueiro Leonardo Panço. Pra quem mora em São Paulo (SP), o livro terá um lançamento nesse sábado, 29/10, as 17h, na Galeria Choque Cultural.


...

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

CELEBRANDO THE RIPPER


Mesmo quem não anda de skate já esbarrou com esse gráfico por aí, nos últimos 25 anos: a caveira rasgando o papel (ou seria um ventre) com as mãos, e posicionando a cabeça ossuda nessa fresta. O famoso logo da Powell Peralta, chamado THE RIPPER, criado pelo artista Vernon Courtland Johnson, mais conhecido como VCJ.

Para celebrar o gráfico icônico, a Powell organizou uma exposição, com diversas re-leituras da caveirinha simpática. Confira o vídeo:

RIP THE RIPPER ART SHOW from Powell-Peralta on Vimeo.

sábado, 22 de outubro de 2011

AVISTANDO O 4º

De cada postagem, a reaparição do diferente confronta diretamente com o repetitivo mesmo. O compartilhamento de ideias e o insistente “megafone” digital busca propagar e tornar pública as concepções, criações e formações mais variadas deste universo não muito convencional adotado por todos aqui.

É apenas uma parte inicial do que pode ser feito, e será, sem dúvida. Na verdade,nestes três anos, as postagens do Zinismo demonstraram a vontade de fortalecer e divulgar o mundo alternativo substanciada por frases, formas e músicas, e vale lembrar que estas mesmas dão as coordenadas para o lifestyle dos colaboradores desta confraria.

A intenção é tornar esta relação cada vez mais comprometida com os que buscam apreender as movimentações da realidade e devolvê-las artisticamente (etc.) para o mundo num resultado significativo, condensado e unificador, na forma de criação reorganizada para as transformações.

Como nas admiráveis músicas,entre harmonias e melodias, o Zinismo é aquele acorde principal que aparece e reaparece, ora subtraído de uma nota, ora acrescido de outra, conduzindo, nesta inconstância tácita, o apreciador para uma surpreendente busca pelo que ainda está por acontecer. Para cada vez que a nota surge na composição, é cabido ao ouvinte um desvendamento.

“Zinai-vos”.