Por Marcelo Viegas
Não sabia o que era o Natal. Faltou tempo, faltou oportunidade, faltou razão para que soubesse. Tudo o que tinha era um trapo sujo e esfarrapado. Brinquedo? Também não sabia o que era isso.
Uma missionária da ONU uma vez falou em Deus e num tal de Jesus Cristo, mas ele não entendeu muito bem. A fome falava mais alto. A fome sempre fala mais alto.
Na Etiópia, não havia Natal. Nem compras, nem Deus, nem Jesus. Missionárias havia, mas ele não sabia que esse era o nome da moças de branco. Achava que elas eram “as mulheres da comida”.
Morreu sem saber o que é uma missionária, apesar de ter morrido segurando a mão de uma. Morreu sem comprar, morreu sem rezar, morreu sem nunca ter presenciado o “sagrado espírito natalino”.
Nos três anos que existiu, só viu coisas ruins ao seu redor. Não teve lembranças de um Natal em família. Não teve o prazer inexplicável de ganhar um Ferrorama. Não comeu decentemente, não conheceu seus pais, não foi amado. Morreu sem viver.
“E eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar a miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infância, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico?” (Almeida Garret)
Feliz Natal.
Não sabia o que era o Natal. Faltou tempo, faltou oportunidade, faltou razão para que soubesse. Tudo o que tinha era um trapo sujo e esfarrapado. Brinquedo? Também não sabia o que era isso.
Uma missionária da ONU uma vez falou em Deus e num tal de Jesus Cristo, mas ele não entendeu muito bem. A fome falava mais alto. A fome sempre fala mais alto.
Na Etiópia, não havia Natal. Nem compras, nem Deus, nem Jesus. Missionárias havia, mas ele não sabia que esse era o nome da moças de branco. Achava que elas eram “as mulheres da comida”.
Morreu sem saber o que é uma missionária, apesar de ter morrido segurando a mão de uma. Morreu sem comprar, morreu sem rezar, morreu sem nunca ter presenciado o “sagrado espírito natalino”.
Nos três anos que existiu, só viu coisas ruins ao seu redor. Não teve lembranças de um Natal em família. Não teve o prazer inexplicável de ganhar um Ferrorama. Não comeu decentemente, não conheceu seus pais, não foi amado. Morreu sem viver.
“E eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar a miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infância, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico?” (Almeida Garret)
Feliz Natal.
photo: David Blumenfeld
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Esses vão morrer sem saber o que é passar fome e achando que aquele ser cinza enrolado em um cobertor na porta do prédio é um animal!!!
ResponderExcluirFeliz Natal
Como já dizia a música "aqui não existe natal".
ResponderExcluirEu tenho um sentimento dúbio com relação ao Natal, em casa a gente nunca foi muito de comemorar, de fazer ceia, amigo secreto. Cada um na sua. Sempre fui um cara "terceiro" nas ceias alheias.
Sábado fui de bike ver o espetáculo das fonte luminosas natalinas no Ibirapuera... E fiquei refletindo. No natal fica todo mundo meio louco, o trânsito fica caótico, as pessoas perdem a educação... É muito desvirtuamento para o meu gosto...
Se Jesus existiu, toda essa confusão não tem nada a ver com o que ele pregou... nada.
E o perdão de natal, coisa mais hipócrita... Isso é algo que me incomoda no cristianismo... o cara faz várias e depois espera o perdão em troca de meia dúzia de orações.
Bem, conversamos mais na praia.
rsrs
abraço
Parece que a miséria é um atributo intrínseco aos olhos dos podereosos. E que a despeito da prisão e pobreza de espírito que produzem, apregoam a dignidade inerente à condição humana... A ética da abnegação agregada à estética da dor.
ResponderExcluirO que faremos?
ps:
Ele nasce, ganho presentes.
Ele morre, como bacalhau de "graças".
Ele ressuscita, ganho chocolate.
Eu gosto de Jesus, feliz natal!
eu juro que queria fazer um comentário pertinente, mas isso tudo é tão intenso, esse texto, essa foto, é tudo tão perturbador, que acho que qualquer coisa que eu escreva aqui, mesmo essa justificativa, não passa de redundância!
ResponderExcluirdude, that's fucking sad!
apesar de tbm achar o natal uma data destestavel e mediocre, adorei os presentes de natal q vc ta distribuindo!!
ResponderExcluir:D
bem legal o blog..
depois visita o meu!
www.veronicamores.blogspot.com
saludoos!
e morte ao bom velhinho!
V
Veronica,
ResponderExcluirobrigado pela visita!