sexta-feira, 29 de abril de 2011

TRÊS PRA UM

Não sei se é uma regra rígida, mas já percebi que há pelo menos três opções excelentes (e uma infinidade de outras mais ou menos questionáveis) para qualquer coisa procurada na internet. Abusando disto gastei alguns momentos no youtube fazendo buscas pelos mais variados assuntos e... Batata... Pelo menos três opções diferentes e boas estavam lá, brilhando frente aos meus olhos... Resolvi transformar isto em rápidas postagens...


WHITE STRIPES PARA QUEM NÃO GOSTA

BEN L'ONCLE SOUL from yamoy on Vimeo.



quarta-feira, 27 de abril de 2011

A BELEZA DO RUÍDO - MASAMI AKITA AKA MERZBOW

Nosso camarada Fábio A. fez uma matéria especial sobre o músico Merzbow, e liberou para publicação aqui no Zinismo. Confira!



A beleza do ruído
Masami Akita aka Merzbow


Texto: Fábio A.

Início dos anos 80, o jovem Masami Akita, insatisfeito com a sua passagem pelo rock e pela pintura, decide exprimir-se de um novo modo. Brutal e inconformista, junta a agressividade do rock, a espontaneidade do freejazz, a radicalidade do dadaísmo e o extremismo do que se chamou "música industrial", para criar o projeto Merzbow.

O nome deste cadáver esquisito foi adaptado de uma colagem tridimensional do dadaísta alemão Kurt Schwitters, “Merzbau”, constituída por peças inutilizadas de velharias encontradas na rua.
No conceito desta "The Cathedral of Erotic Misery" – nome alternativo da obra – Masami Akita encontrou a idéia para as primeiras realizações do seu projeto musical.

Também elas eram colagens anárquicas de ruídos recolhidos de diversas fontes (televisão, rádio, discos, guitarras desafinadas, vozes) manipulados e amplificados de modo a produzir uma cacofonia densa e violenta, sem a mínima concessão às convenções sobre ritmo e melodia. Elas eram criadas no formato cut/ paste, loops e adjacências em fitas de rolo e k7. Feedback anárquico e esporro sonoro.

Estas peças haviam de se tornar cada vez mais extensas e intensas, superando os seus próprios limites em cada obra seguinte, originando aquilo que contraditoriamente se pode chamar música "noise".

Aqui vale lembrar e informar ao leitor que a música noise que o Merzbow produz/ compõe não tem nada a ver com o noise de bandas como Sonic Youth e outras. Masami Akita produz espasmos, sexo, surdez.

A presença do ruído na música contemporânea não era, já então, inédita e pelo menos desde os futuristas italianos que encontramos o ruído, não só como fenômeno acidental, mas tomado mesmo por vezes como o objeto essencial da expressão musical moderna.

Em 1913, Luigi Russolo escrevia o seu manifesto "A Arte dos Ruídos" e proclamava o uso de todos os ruídos, desde os motores de explosão aos gritos humanos, como expressão material de uma música moderna e futurista, que se opunha aos entediantes concertos dos salões burgueses.

Na verdade, este compositor italiano não se limitou a usar os sons urbanos do quotidiano como os recriou, inventando os seus próprios intonarumori (máquinas de fazer ruído), para os quais escreveu composições numa nova forma de notação musical.

Não obstante, não podemos inscrever o "brutalismo” de Russolo na genealogia de Merzbow. Se Russolo reivindicava o uso dos ruídos, na sua música futurista, fazia-o em nome da renovação tímbrica da música moderna. De fato, podemos reconhecer herdeiros diretos desse enriquecimento da música com sons concretos do quotidiano e da síntese eletrônica de sons em Edgar Varèse ("Poéme Eléctronique"), Pierre Schaffer e Pierre Henry, ou mesmo em expressões populares, do rock ao techno.

Já em Merzbow, e no noise japonês em geral, o ruído não é apenas um novo instrumento; ele torna-se a forma e a matéria da obra musical em tudo o que isso pode ter de contraditório.

O ruído é normalmente definido como o som desagradável e não desejado, opondo-se ao som musical. Esta é talvez a definição mais simples e mais aceita, mas acaba se tornando um critério subjetivo: o que é ruído para uns pode tratar-se de música para outros. Nesta mesma linha relativista e subjetivista, Masami Akita problematiza: "Não faço idéia do que chamam música ou ruído (...) se o ruído significa som desconfortável, então a música pop é ruído para mim".

Porém, e ao contrário do que mostra a boa fé destas palavras, a música noise joga precisamente com a oposição som musical/ ruído, nomeadamente, com o fato de o ruído ser função do que não é ruído, que por sua vez é função de não ser ruído. Isto é, o ruído é ruído, na medida em que não é música, e a música só o é, porque não é ruído.

Mas isto não significa que o ruído seja uma forma mais primitiva e originária de som. O som bruto não é nem música, nem ruído. Essas são apenas categorias que são aplicadas aos resultados da percepção auditiva em função de critérios psicológicos e culturais. Escolher o ruído como categoria estética essencial de uma expressão musical é partir de uma contradição interna, pois: apresentar como música o que é suposto não ser música é como matar-se no berço o próprio projeto de música noise, na medida em que, a partir do momento em que é apresentada a um público disponível ela parece perder instantaneamente a sua função de ruído, tornando-se apenas projeto artístico.

Semelhante situação viveu o projeto de "anti-arte" Dada, onde os limites entre a expressão artística e a vida foram postos à prova, quando objetos do quotidiano (o famoso urinol de Duchamp) foram retirados do seu contexto e expostos como obras de arte. O projeto "anti" fracassara a partir do momento em que as peças passaram a integrar as coleções permanentes dos museus e o que era subversivo tornara-se num inofensivo momento da história da arte.

Porém o fracasso foi meramente aparente e só poderia assim ser interpretado à luz de considerações meramente formais. Com efeito, a subversão Dada foi bem real e concreta, servindo para requestionar os limites da linguagem artística e do papel da arte na sociedade.

Também o noise de Merzbow é concreto e a tensão dialética entre a música e o ruído não pode ser resolvida pela opção formal de o apresentar ou não como obra musical. Pelo contrário, a sedução do som de Merzbow, em toda a sua densidade, saturação, irrepetibilidade, irracionalidade, brutalidade, reside na iminente reversibilidade da sua tensão dialética: ruído insuportável/ êxtase auditivo.

Por esta razão, a experiência de Merzbow aproxima-se do patético erótico: o desejo de fusão mística e a impossibilidade da união determinada pela descontinuidade trágica da diferença. É o próprio Masami Akita quem reivindica o pan- erotismo da sua expressão musical: "Tudo é erótico, todo o lugar é erótico", citando o aforismo surrealista que mais o influenciou; e continua: "o ruído é a mais erótica forma de som, por isso todos os meus trabalhos se referem ao erótico".

E, de fato, o ouvinte de Merzbow é brutalmente violado e, simultaneamente convocado à escuta ativa e desejante: assaltado pela densa massa de frequências, a repulsão logo se transforma em atração e sente-se emergir nessa densidade sonora, sem, porém, nunca encontrar o conforto de uma harmonia ou a regularidade de um ritmo, antes mantendo-se numa frenética e inalcançável demanda.

A metáfora do masoquista não é aqui deslocada, podendo mesmo considerar-se o paradigma do ouvinte ocidental de noise japonês. Mas a perspectiva oriental de Merzbow não é a do controle da audiência ou mesmo do material sonoro (essa seria porventura a intenção de alguns grupos ocidentais oriundos da música industrial, como Whitehouse, referida porém, como influência de Merzbow); bem no oposto disso, desde os seus primeiros trabalhos, Masami Akita procurou minorar a sua intervenção, reinventando o processo de criação automática através da aleatoriedade da produção do som pelo equipamento que utilizava, nomeadamente, explorando as virtualidades do feedback, em vez da notação musical.



Os sons de feedback do equipamento são um conceito central para Merzbow. O feedback produz automaticamente uma tempestade de ruído e isso é bastante erótico, como se se tratasse de uma expiação magnética da eletrônica.

A produção de Merzbow é ainda muito ativa e tem vindo a ganhar um grande reconhecimento internacional. O número de peças eleva-se acima dos 500. Recomendam-se álbuns como "Noisembryo", "Music for Bondage Performance", "1930" ou "Material Aktion II", para a descoberta de uma das formas mais extremas e menos convencionais de expressão sonora.

Em 2000, o selo Extreme Records lançou o MERZBOX. Uma caixa contendo 50 cds. 20 deles nunca gravados. Na caixa vinha adesivos, pôster, postcards, livro, cd-rom e camiseta. As primeiras cópias ainda vinham com um pôster extra e um álbum duplo. Foda, né?

Recentemente seus álbuns incluem uma visão mais polítizada e ativista, defendendo os direitos dos animais tais como: Minazo Volume 1 e Volume 2, Blood Sea, Animal Magnetism e outros. Hoje Mr. Masami Akita toca com 2 laptops, tendo abandonado por um tempo seu lado analógico e dedicando seu tempo a produzir barulho com o uso de softwares. Mas não pense que isto “amaciou” sua sonoridade. Muito pelo contrário. Através desta mudança “radical” podemos notar novas freqüências ensurdecedoras em suas músicas, chegando a provocar náuseas, dor de estômago e cabeça e ás vezes uma leve tremulação nos globos oculares.

E ainda vem gente me dizer que noise é Sonic Youth?

Site oficial

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domingo, 24 de abril de 2011

EXPO M.C. ESCHER - CCBB - SÃO PAULO



Chegou enfim à São Paulo (após passagem por Brasília e Rio de Janeiro), a exposição O Mundo Mágico de Escher.

A exposição ocupa praticamente três andares e o subsolo do prédio do Centro Cultural do Banco do Brasil localizado no Centro de São Paulo. Caprichada, a exposição mostra diversas litogravuras e xilogravuras do artista holandês, além de instalações, esboços e videos. Não precisamos dizer que é uma exposição imperdível. Aproveitando a ocasião, "repostamos" uma matéria que fizemos sobre o mestre no final de 2009 com uma fina seleção de videos e animações que peneiramos na internet.



É praticamente impossível não parar para olhar com mais calma um desenho ou gravura do Holandês M.C. Escher (Mauritus Cornelis Escher 1898 – 1970). Suas obras repletas de simbolismos, ilusões óticas e padrões matemáticos isométricos continuam desafiadoras em plena era da internet (quase quarenta anos após sua morte). Aliás, o que a internet tem a oferecer sobre o artista?

Jogando seu nome no Youtube econtramos praticamente de tudo: animações, vídeos, entrevistas etc.

Mas para que você não tenha que ficar peneirando os links, o ZINISMO dá uma força e seleciona alguns videos para você, fiel leitor.

A primeira categoria de videos, são as animações. Dado o movimento natural que suas obras possuem não é de se admirar que muitos tenham tentado dar um passo além nesse quesito:










Já outra categoria é aquela dos que tentam desvendar as perpespectivas embaraçosas e desafiadoras de M.C. Escher através da animações em 3D:




















Com tempo você pode também fazer um passeio virtual no museu dedicado ao artista:



Mas, o mais raro e o mais belo que a internet tem a oferecer são os preciosos registros do mestre. Separei uma pequena entrevista onde ele fala, entre outras coisas, sobre suas influências, particularmente sobre a arquitetura do sul da Itália, como ele mesmo constrangido diz, não a barroca ou renascentista e sim a de origem moura.



Um fato de que pouca gente se dá conta é que a maioria dos trabalhos que vemos na verdade não são simples desenhos e sim gravuras feitas com métodos arcaicos como a litogravura (na pedra) ou xilo (madeira) pelo próprio artista. Assista o processo de produção do mestre, parte da construção da matriz e impressão:




Visto tudo isso dá para entender a razão da paixão que arte de M.C. Escher desperta em todos nós. Sem dúvida, um artista a frente de seu tempo.

Serviço:

O Mundo Mágico de Escher
Data: 19 de abril a 17 de julho de 2011
Horário: Terça a domingo, das 09h às 20h
Classificação indicativa: Livre
Entrada Franca
Visita mediada: das 9h às 19h
Endereço:
Rua Álvares Penteado, 112 - Centro de São Paulo - Metrô Sé

sábado, 23 de abril de 2011

REQUIÉM - LOURENÇO MUTARELLI



Da série coisas maravilhoas que os amigos compartilham conosco e que compartilhamos com outros amigos.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

NÃO DÁ PARA FALAR DO HARDCORE MELÓDICO SEM OS DESCENDENTS




Um anexo para o post do Grão: sobre o Descendents, recomendo a leitura do texto que está nesse link.

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quinta-feira, 21 de abril de 2011

ACENTUANDO O REVIVAL MELÓDICO...

Um clipe clássico dos 90:



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terça-feira, 19 de abril de 2011

BAD RELIGION - WRONG WAY KIDS

Bad Religion porra!

























(o novo video, Wrong Way Kids foi idealizado no ano passado quando a banda completou seus 30 anos e mostra uma retrospectiva cronológica com várias cenas raras da banda)

domingo, 10 de abril de 2011

DE LA SERVITUDE MODERNE


Para os admiradores do documentário Zeitgeist, uma outra ótima indicação é a produção de Jean-François Brient e Victor León Fuentes intitulada “ Da Servidão Moderna”. Enquanto Zeitgeist, com certa dose de irracionalismo pop, traz uma crítica ao mundo contemporâneo apontando como solução o fim de todas as estruturas atuais e a criação de uma nova sociedade controlada por um computador central, “Da Servidão Moderna” vai mais fundo e, racionalmente, traz um discurso com a finalidade de definitiva quebra de todos os bruxedos que dominam o homem contemporâneo. Traz o conceito de totalitarismo mercantil e de servidão consensual resgatando soluções consideradas mortas pelas obscuridades mentais do mundo “pós”, “hiper” ou sei lá o que... moderno. “Da Servidão Moderna” é um domentário com 52 minutos, teve o texto escrito na Jamaica em 2007 e edição finalizada na Colômbia em 2009, é distribuído gratuitamente em pontos alternativos da França e da América Latina e vem acompanhado de
um livro que sustenta o conteúdo do vídeo.



Site:
http://www.delaservitudemoderne.org/video-po.html

Download:
http://www.delaservitudemoderne.org/download

Livro em PDF:

http://www.delaservitudemoderne.org/Documents/daservidaomoderna.pdf

sexta-feira, 8 de abril de 2011

ENTREVISTA: ADAM RUBENSTEIN


Por Marcelo Viegas

Adam Rubenstein. Guitarrista de duas importantes bandas do post hardcore dos anos 90: Split Lip e Chamberlain. Com o fim do Chamberlain, em 2000, Adam mudou para Nova Iorque, lançou um disco solo (com o nome artístico Adam Dove) e seguiu tocando com diversos músicos, inclusive acompanhando o também ex-Chamberlain David Moore em sua carreira-solo. O Zinismo encontrou o cara no Myspace e conseguiu essa entrevista exclusiva. Confira!

Lá se vão 10 anos desde seu último disco solo, Aftershock. O que você fez nesse tempo todo?
Eu mudei pra cidade de Nova Iorque bem na época que esse disco estava sendo lançado, e continuo morando aqui. Eu planejava montar uma banda para promover esse álbum, mas nunca encontrei os músicos certos para fazer isso funcionar. Fiz diversos shows acústicos sozinho, mas nunca me senti suficientemente confortável nesse formato, então não segui em frente com essa ideia. Desde então embarquei em diversos projetos musicais, e toquei em algumas bandas, mas creio que não vale a pena listá-las aqui. E agora iniciei um trabalho com um cantor e compositor fantástico, num projeto chamado Dear Lions.



No seu profile do Myspace há algumas músicas novas, como “I Retrieve” e “Stray”. Você tem planos para um disco novo?
Na verdade, “Stray” é uma música de um projeto que fiz com Charlie, do Chamberlain, chamado Bad Moon Music. Nós lançamos um EP alguns anos atrás, pelo selo Hawthorne Street Recs. As outras músicas que estão rodando por aí são apenas demos que gravei em casa. Eu tenho planos para um novo álbum sim, que por sorte já está 90% composto. Estou apenas no aguardo da oportunidade (e da grana) para fazê-lo direito.

Você continua tocando com David Moore (ex-vocalista do Chamberlain)?
Sim, David e eu fazemos shows de tempos em tempos. Mas como o disco solo dele já saiu faz algum tempo, demos uma esfriada nos shows de divulgação. Recentemente, aliás, fizemos alguns shows de reunião do Split Lip/Chamberlain. Além disso, já tivemos algumas conversas acerca do novo álbum do David. Estamos todos muito orgulhosos do My Lover, My Stranger, mas imagino algo um pouco mais “lo-fi” para o próximo disco. Possivelmente faremos ao vivo, e creio que o vocal de David poderia se beneficiar com isso.

Aftershock foi lançado em 2001, mesmo ano do último disco do Chamberlain, Exit 263, e ambos foram gravados no mesmo estúdio (Airtime Studios). Seu disco solo tem músicas que você pretendia usar no disco do Chamberlain, ou vice-versa?
Não, não há a menor relação musical entre esses dois discos. Aftershock foi composto no verão que eu saí da banda e havia voltado pra Bloomington (IN) para finalizar minha graduação em jornalismo. Honestamente, minha intenção era que meu álbum solo tivesse uma orientação musical bem distinta daquelas últimas gravações do Chamberlain. Algumas músicas do Exit 263 (que é um lançamento não-oficial, não foi aprovado pela banda, é sempre bom lembrar) eram apenas idéias exploratórias, na sua maioria. Naquela época, estávamos ouvindo muito alguns clássicos, especialmente coisas do catálogo da Motown e Stax, e ainda não tínhamos certeza de como introduzir essas influências no nosso som. Eu acredito que a banda poderia, eventualmente, ter encontrado esse caminho, e acertado melhor essas músicas, mas nunca tivemos essa chance.


Sua carreira solo não carrega tanta influência de country music quanto a última fase do Chamberlain. Isso foi um ato pensado, pra evitar comparações?
Como já disse, eu de fato queria que esses sons (da minha carreira solo) fossem diferentes do material do Chamberlain, mas não acho que o distanciamento da influência country foi necessariamente intencional. Fazer o Aftershock me permitiu focar em outras influências, que provavelmente não seriam “abraçadas” pelos caras do Chamberlain. Essas influências das quais estou falando tem mais a ver com música inglesa do que americana.

Por que decidiu usar o sobrenome Dove ao invés de Rubenstein (como na época do Chamberlain) na sua carreira solo?
Eu me arrependo um pouco dessa decisão. Isso gerou uma certa confusão. De qualquer maneira, Adam Dove é o nome hebreu que meus pais me deram (Dove era um tio meu, morto no Holocausto). Eu achava que meu próprio nome não tinha uma força fonética muito boa...

Você fez parte de duas bandas muito influentes no cenário do post hardcore dos anos 90, Split Lip e Chamberlain. Você é um cara nostálgico, do tipo que se pega pensando sobre aquela época?
Eu penso bastante sobre a banda. É uma coisa muito forte passar a maior parte da sua adolescência (e começo da vida adulta) com o mesmo grupo de amigos. Nós cinco, os membros originais, nos relacionamos uns com os outros bem melhor do que com outras pessoas, porque, de certa maneira, nossas experiências juvenis são um espelho para cada um de nós. Durante algum tempo eu evitei pensar sobre a banda, porque havia alguns ressentimentos em jogo. Porém, como a banda fez alguns shows de reunião, eu penso que eles serviram, para todos, como uma espécie de validação da nossa música. Esses shows foram muito emotivos para todos nós. Mas foi ainda mais gratificante perceber como eles (os shows) tocaram o público. É surreal saber que nossa música é a trilha sonora da juventude de outras pessoas. E foi, sem dúvida, a trilha sonora da minha.

Ouvindo sua música hoje em dia, você acha que ainda é possível sentir o background punk/hardcore que marcou sua trajetória no passado?
Creio que sempre terei alguma dose de agressividade. Tendências sonoras agressivas. Em Nova Iorque, toquei em bandas bem "na manha", e muitas vezes precisei lutar pra frear aquela agressividade punk. Eu sempre preciso me policiar quanto às mudanças de volume na hora de tocar guitarra. E nós certamente não tínhamos muitas alterações de volume na época do Split Lip.


Sua geração ajudou a desenvolver o gênero conhecido como emocore. Bandas como Farside, Sense Field, Samiam, Sunny Day, Split Lip, etc. Você é daqueles que rejeita o termo “emo”?
Na época, odiávamos o termo. Queríamos apenas ser uma banda de rock, sem fronteiras. Nós sentíamos que a palavra emo aprisionava a banda, e isso nos restringia ao underground. Porém, o Emo – nesse sentido - não existe mais. Na verdade, o termo Emo perdeu todo seu sentido, pelo menos pra mim. Não existe mais uma cena Emo. Eu diria que é sim uma honra ser chamado de precursor do Emo, apenas porque se tornou uma coisa gigantesca. É um orgulho ter influenciado algo que se tornou tão grande.

Quando o Chamberlain lançou o álbum The Moon My Saddle, ficou clara a mudança sonora, da influência country e tal. Como foi a reação dos fãs na época?
Na época, nós morávamos no sul de Indiana. John Mellencamp (astro da música de raiz americana) morou na mesma cidade. E nos tornamos orgulhosos de nossas raízes... Em parte, foi isso. E, além disso, fomos ficando mais velhos e mais sensíveis (musicalmente), e percebemos que havia um mundo de sons para além da comunidade do punk e do hardcore. Uma estratosfera de sons, como Dylan, Van Morrison, Springsteen, Tom Petty, etc, que acabou tomando de assalto nossas preferências, outrora circunscritas ao nosso próprio nicho. É natural que tenhamos evoluído musicalmente. No começo, metade dos nossos fãs ficou ressentido com a mudança, mas creio que, com o passar do tempo, eles foram entendendo, curtindo. Tenho muito orgulho do The Moon My Saddle, pois creio que ele tem uma qualidade duradoura, se comparado aos outros discos.

O que você tem escutado?
Das coisas novas, tenho ouvido Dr. Dog, The National e Frightened Rabbit. Passei também por uma fase forte de Big Star. Inclusive, estava em Austin quando o vocalista Alex Chilton morreu. Os membros remanescentes da banda fizeram um show-tributo, e foi realmente fantástico estar lá para ver isso.

Qual sua música favorite do Chamberlain?
Provavelmente “Racing Cincinnati” (na nossa versão integral). Essa música nunca teve um lançamento adequado, com a participação da banda toda. Ao invés disso, fizemos aquela versão piano e voz que está em The Moon My Sadddle. Eu realmente amo o aspecto emotivo e a simplicidade dessa música. Ainda me emociona, e ainda costumo tocá-la, de tempos em tempos.

Por que decidiram mudar o nome da banda, de Split Lip para Chamberlain. Para você, é a mesma banda?
Achávamos que o nome original estava soando muito juvenil e, ainda mais importante, que não combinava mais com nossa música. Eu quase enxergo como duas bandas diferentes. Fizemos um esforço consciente para (no Chamberlain) deixar de lado nossas influências de metal e hardcore. E, ao mesmo tempo, o nome Chamberlain era um pouco mais ambíguo. Mais aberto a interpretações, assim como nossa música.

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quarta-feira, 6 de abril de 2011

RISE UP DAYS - NOVO VIDEO DO QUESTIONS

A banda Questions é um patrimônio da cena hardcore paulistana, e porque não dizer da cena brasileira. Os membros da banda, Edu Revolback e Pablo Menna dirigiram um pequeno documentário, filmado em diversos formatos (de super 8 à digital) sobre o hardcore paulistano que incluem dois sons: "The Victory Speech" e "Born and Raised".



NOTA:
O vocalista da banda, Edu Revolback desenvolve um trabalho foda em graffiti e artes gráficas que agrega ao Questions uma indissociável identidade visual !

ZINISMO RECOMENDA REVOLBACK E QUESTIONS!

terça-feira, 5 de abril de 2011

PROGRAMA DE FORMAÇÃO EM HQ E ZINE -CENTRO CULTURAL DA JUVENTUDE - RUTH CARDOSO



O professor Gazy Andraus (autor e editor de hqs independentes, pesquisador do observatório de HQs da USP e Doutor em Ciências da comunicação pela ECA - USP) elaborou junto ao Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso uma extensa programação de eventos e oficinas sobre quadrinhos e fanzines, que ocorrerá durante todo o ano de 2011.

A programação é extensa, e o ZINISMO resolveu separar alguns destaques na área de quadrinhos e fanzines para o mês de abril:

Diálogos com Laerte.
Sim, uma conversa sobre quadrinhos com o mestre Laerte, imperdível.
dia 09 de abril - sábado - às 17:00 horas.

Mesa redonda - dos fanzines à fanzinoteca.
Participarei desta mesa ao lado do Douglas Utescher (UGRA PRESS - Anuário de Fanzines) e do Fábio Tatsubô (responsável pela Mostra Nacional de Fanzines de Santos)
dia 17 de abril - domingo - às 14:00 horas.

Exibição do documentário Fanzineiros do Século Passado - Márcio Sno.
e Fanzineiros - Projeto e continuidade - bate papo com Márcio Sno
Nosso colega e guerrilheiro dos fanzines, Márcio Sno, apresentará seu documentário, alémd e participar de uma troca de idéias a respeito dos fanzines.
Data: 21/04 (quinta- feira - feriado), às 14h (exibição do documentário) e às 16h (bate-papo).

Palestra - HQs, um potencial inexplorado.
Palestra com a Mestra em Vivências da Comunicação Alice Caputo sobre as HQs enquanto fonte de conhecimento e estímulo à leitura.
Dia 23 de abril - sábado - às 10:30 horas.

Além, destes eventos, o CCJ oferecerá outras oficinas e atividades, confira na programação abaixo e fique esperto nos modos de inscrição e participação. Detalhe importante - Tudo "de grátis"!



Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso – São Paulo/SP
Av. Deputado Emílio Carlos, 3.641. Vila Nova Cachoeirinha. Zona Norte.
(ao lado do terminal Cachoeirinha)- Telefone: (11) 3984-2466
CEP: 02720-200

segunda-feira, 4 de abril de 2011

VEJA A CAPA DO DVD DO BOOM BOOM KID

Foi divulgada a capa do DVD da banda Boom Boom Kid, que será lançado em breve pela Läjä Records. Olha a danada logo abaixo:


Segundo informações do Sr. Felipe Gasnier, da Ideal Shop (que fará pré-venda exclusiva), esse DVD trará uma "compilação recheada de imagens inéditas, shows, clipes e muitas surpresas para os fãs. O DVD está sendo dirigido por Nekro (vocalista e fundador do BBK) e produzido por Lucas Cabu – que também participou da produção do documentário da banda Garage Fuzz junto com o Sesper."

Previsão de lançamento: Junho de 2011.

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sábado, 2 de abril de 2011

1º ANUÁRIO DE FANZINES, ZINES E PUBLICAÇÕES ALTERNATIVAS - UGRA PRESS


Em julho de 2010, a UGRA PRESS lançou uma convocatória aos fanzineiros para a elaboração de um Anuário de fanzines.

Mesmo sem saber ao certo quem era e o que queria exatamente a UGRA, atendi à convocatória, e assim como outras dezenas de fanzineiros, enviei meus fanzines pelo correio. No início deste ano (fevereiro) recebi uma nova convocação, desta vez para o lançamento do Anuário. Novamente atendi à convocatória e, ansioso, compareci aos eventos de lançamento da publicação para finalmente tê-la em mãos.

A primeira impressão é a de que o anuário é uma edição feita com muito esmero. A capa em papel duro foi impressa individualmente com Estencil (feito e enviado pelo correio pelo lendário fanzineiro Law Tissot). Já na primeira página, através de uma fotonovela (nos moldes das feitas na saudosa revista Chiclete com Banana) os editores contam de modo bem humorado um pouco da história do anuário. E assim segue todo conteúdo da publicação: uma celebração aos fanzines e publicações independentes, com resenhas, entrevistas e matérias com quem de certo modo, colaborou com o mundo zineiro no ano de 2010.

Com uma leitura apurada, alguns temores que tinha com relação ao Anuário foram espantados. O primeiro era o temor de que o Anuário se tornasse apenas um guia frio de endereços e resenhas insossas e impessoais. Pelo contrário, as resenhas são bem feitas, bem humoradas e incentivam os leitores a conhecerem os fanzines.
Outro temor que foi por água, era o de que a editoração do Anuário fosse “tosca”, dificultando a leitura ou a busca de informações (definitivamente amigos, fanzine não precisa ser sinônimo de gambiarra). A UGRA teve o devido cuidado neste aspecto, e o anuário é uma publicação independente caprichada e bem editorada, com uma diagramação limpa, com algumas ilustrações bem selecionadas que permite uma leitura tranqüila e agradável.

Um ponto extra para o Anuário foi a capacidade de levar o discurso a respeito dos Fanzines além do banal e da nostalgia. O infográfico que mapeou as publicações recebidas dá boas informações a respeito dos fanzines nos dias atuais no Brasil: onde são produzidos, que temas têm, quais são suas tiragens e como foram impressos .

As matérias que finalizam o Anuário abordam também outras perspectivas importantes dos fanzines: as fanzinotecas existentes no Brasil; a utilização dos fanzines como recurso didático, do ensino fundamental à pós-graduação e; uma discussão filosófica a respeito do “Futuro Quântico dos paratópicos zines – feito pelo doutor Gazy Andraus - um dos maiores estudiosos dos fanzines na atualidade.

A leitura do Anuário deixa a agradável sensação de que os fanzines estão vivos, encontrando seu merecido e legitimo lugar na cultura contemporânea.

O anuário é uma publicação indispensável, e você pode adquirir tanto a versão física quanto a virtual gratuita. A UGRA provou que não está para brincadeira, parabéns aos editores Douglas e Leandro, esperamos ansiosos suas próximas conspirações e lançamentos.

ZINISMO RECOMENDA!