segunda-feira, 16 de maio de 2011

REVIRANDO O ARQUIVO: RELAX IN YOUR FAVORITE CHAIR

Mais uma da série Revirando o Arquivo. Entrevista com o Garage Fuzz, na ocasião do relançamento do álbum Relax In Your Favorite Chair, em 2006. A matéria saiu na extinta Revista MTV.


RELAX IN YOUR FAVORITE CHAIR, DOZE ANOS DEPOIS

A banda santista GARAGE FUZZ acaba de relançar Relax in your Favorite Chair, o seu clássico álbum de estréia, pelo selo independente Ideal Records. Originalmente lançado em 1994 (via Roadrunner), Relax é um disco fundamental na história do hardcore melódico brasileiro. Trazia elementos de vanguarda, inclusive flertando com o chamado post-hardcore numa época em que poucos sabiam o que era isso. Dag Nasty, Seaweed e Farside eram influências importantes para o som da banda, contrastando com a moda do período, que era copiar Bad Religion e NOFX. Apenas 3000 cópias foram lançadas e o álbum virou “mosca branca”. E finalmente é relançado, devidamente remasterizado, com 3 bônus e nova arte. Conversamos com Alexandre Farofa, vocalista do Garage, para saber qual a expectativa da banda para esse relançamento e também para descobrir como eles se sentem tocando músicas que já tem mais de uma década de existência...

Texto e Entrevista por Marcelo Viegas


VIEGAS: Há 11 anos eu te entrevistei e na época você reclamava da distribuição equivocada da Roadrunner, que atendia apenas Lojas Americanas e Carrefour, e agora com o relançamento do Relax por um selo independente esse erro estratégico será finalmente corrigido e o Relax chegará na Galeria do Rock e nos distribuidores locais independentes. Tá feliz ou agora vai reclamar que faltam os grandes magazines? (risos)
FAROFA: Putz, creio que sim, se bem que o público mudou tanto que eu acredito que hoje em dia a maioria compraria no Carrefour e nos grandes magazines. Ter uma distribuição independente sempre vai ter seus prós e contras aqui no Brasil, porque o país é muito grande. Mas não dá mesmo para ficar reclamando até o fim da vida... Mas sabemos que os lojistas no Brasil de certa forma continuam tendo dificuldades para adquirir discos de certos selos, o que acaba no final das contas atrapalhando muito o artista.
Se naquela época já rolasse a troca de arquivos que rola hoje também seria bem diferente a distribuição.

VIEGAS: A história desse relançamento não é recente, sempre circularam boatos e só agora rolou. Por que levou tanto tempo para isso acontecer?
FAROFA: A gravadora (Roadrunner) não dava muita atenção quando era procurada a respeito. A capa original, as fotos de divulgação, a master do CD, tudo se perdeu, além do que o tempo para caducar os fonogramas só rolou agora um ano atrás. Aí em vez de ficarmos na luta para relançar ele, nós preferimos correr atrás de fazer outros sons novos, etc.

VIEGAS: O disco foi remasterizado e vocês incluíram alguns bônus também. Quais são exatamente esses bônus?
FAROFA: São duas músicas de uma demo de 2001 (Instant Moments), “embedded needs” e “some warm at least”; e “overfoots” da demo de 1993 (Garbage Funny Things). Mas procuramos manter o remaster do Relax bem próximo ao som original.
Para falar a verdade não temos muito material para fazer um CD de demos ou utilizar várias faixas como bônus. Nossas demo-tapes são meio bagunçadas.

VIEGAS: É real que os shows de divulgação do disco serão compostos apenas pelas músicas do Relax?
FAROFA: Acredito que devemos fazer uns dois ou três shows nesse formato. Vai ser legal tocar a ordem do disco na íntegra ao vivo.

VIEGAS: Você acha que esse relançamento vai servir apenas para “completar a coleção” dos antigos fãs ou você acredita que a nova geração vai aproveitar para conhecer um pouco mais sobre o passado da banda?
FAROFA: Sim, acredito que a nova geração vai aproveitar para conhecer o começo da banda, e sei também que comparações com as fases que a banda passou vão ocorrer também. Creio que 60% da galera que começou a escutar a banda depois de 2000 não conhece muito bem esse disco.

VIEGAS: Sinceramente, vocês ainda têm tesão de tocar músicas de 12, 13 anos atrás?
FAROFA: (risos) É diferente, né? A gente executava as músicas bem mais rápido, hoje em dia a execução é mais cadenciada para sair mais redondo com o repertório atual.
Se temos vontade de tocar??? Algumas vão ser bem interessantes, mesmo porque tocamos poucas vezes várias delas ao vivo, mas nosso foco atual é mesmo o repertório do último disco e algumas novas que já estamos finalizando.

VIEGAS: Deixando um pouco o Relax de lado, e olhando pro futuro: quais os próximos passos do Garage? Tem um DVD nos planos, correto?
FAROFA: Sim, estamos com muito material separado para um DVD, muita coisa antiga já decupada, imagens scaneadas, estamos só esperando para armar o próximo disco e lançar tudo junto. A produção está sendo por nossa conta até agora e acredito que o selo que fechar o próximo disco deve lançar o DVD também.

VIEGAS: Vocês não vão mais lançar pela 13 Recs?
FAROFA: Ainda não conversamos para os próximos lançamentos com ninguém, o André (dono da 13 Recs) fez tudo certo com o The Morning Walk!, então se ele tiver vontade de fazer mais um trampo com a gente, estamos aí com certeza.

VIEGAS: Você tem mais prazer em tocar hoje em dia ou 12 anos atrás era mais legal?
FAROFA: Putz, eu acho que hoje em dia eu valorizo mais poder tocar com freqüência e o fato de estarmos com a mesma formação desde a mesma época também conta muito. O legal das antigas é que as preocupações com a vida eram outras, hoje em dia temos muito mais responsabilidades para adaptarmos com a vida em banda. Mas espero tocar mais uns 10 anos fácil...


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Para ouvir



Serviços:

1. O nome Relax in your Favorite Chair foi tirado da música “the ambulance song”, da banda norteamericana Dag Nasty, uma das precursoras do chamado emocore. É a faixa 4 do disco Field Day, lançado em 1987.
2. Para situar os mais novos, vale dizer que o guitarrista do Dag Nasty era Brian Baker, hoje mundialmente conhecido por tocar no Bad Religion.
3. A faixa bônus “overfoots”, retirada da demo-tape Garbage Funny Things (1993), não é com o Farofa como vocalista. Quem cantava nessa época era Marquinho, Farofa tocava guitarra e Wagner ainda não tinha entrado para a banda. O resto do line-up era o mesmo.
4. Marquinho é conhecido hoje em dia como Marco Butcher, da excelente banda paulistana Thee Butchers´ Orchestra. Também ataca de oneman band, com o codinome Uncle Butcher.
5. Alexandre Farofa (cujo verdadeiro sobrenome é Cruz, mas que também é conhecido como Sesper), é artista plástico de mão cheia.

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