quinta-feira, 19 de novembro de 2009

MIKE PATTON, VOCALISTA DE VANGUARDA?

Quando o Faith More estourou na MTV no início dos anos noventa com a clássica EPIC muita gente ficou com o pé atrás com a banda.

Recapitulando: Não existia internet e as informações eram escassas, passadas de boca em boca, por revistas (nem sempre confiáveis), pela própria MTV e às vezes por fanzines (muitas vezes confiáveis).

O pé atrás se deve ao fato de que na época o som que começava a bombar na rádio era o tal do funk metal representado pelos californianos do Red Hot Chilli Peppers que lançavam seu quarto disco que enfim caia nas graças do grande público. Já o Faith no More era uma incognita, pouca gente sabia de onde eles surgiram, seria mais uma farsa arquitetada pela midia? Uma banda oportunista (quem se lembra do Ugly Kid Joe)? Na verdade parece-me que na época o então VJ da MTV Gastão Moreira fez um esforço pessoal para fazer com que o público tivesse acesso ao Faith no More e como percebemos ele teve grande êxito nesse feito.

Julgamentos à parte, neste saudoso tempo ninguém conseguiu ficar indiferente ao disco The Real Thing. Enquanto alguns torciam o nariz à mega exposição involuntária da banda e não prestavam a merecida atenção (eu por exemplo) o Faith no More caia nas graças da maioria.

Mas nada como um disco após o outro, e os discos que seguiram The Real Thing mostraram que a banda “era de verdade” e que tinha muito a mostrar. Assim o Faith no More delineou e mostrou muitos caminhos que poderiam ser seguidos (e foram como por exemplo por algumas bandas de New metal) pelo Rock no final dos anos noventa e também nos chamados anos 00 (ok, não eram mais uma banda de funk metal).

E hoje, dezoito anos depois (com razoável distanciamento) do boom de The Real Thing conseguimos avaliar um pouco da importância do Faith no More e da emblemática figura que dá nome a esta semana temática: Mike Patton. Na minha opinião, uma das coisas mais interessantes em tudo isso é analisar o modo como ele conduziu sua carreira enquanto cantor por suas diversas bandas e projetos.

A impressão que se dá, é que o Faith no More, apesar de ser sem dúvida extremamente inovador em termos musicais, apresentou apenas uma pequena parte do potencial do vocalista Patton (lembremos que uma banda tem vários membros e que sempre há de se chegar a consensos para que ela possa continuar a existir).

Já quando observamos os projetos de Mike Patton (Fantomas, Mr. Bungle etc) percebemos a manifestação de uma verve de “pesquisador” ou “explorador vocálico”, que pode ser desenvolvida praticamente sem limites. Nesses trabalhos mais autorais, Mr. Patton se aventurou por diversos lados em que se sentiu a vontade (ou não), explorando ritmos, limites, estilos, tempos e estética. Tudo isso se encaixa na perfeita definição do que conhecemos como Vanguarda.

Um exemplo desta exploração (ou busca) enquanto vocalista pode ser vista neste video, quando Patton participou do disco da cantora Bjork Medulla (gravado só com timbres vocálicos) em 2004



Por estas Mike Patton, como poucos, traz sentido a afirmação de que a voz “é um instrumento musical”.

Acompanhando a tendência estabelecida nessa semana zinista também colocarei um vídeo de um projeto de Patton que gosto, o Lovage.

O Lovage lançou um único disco em 2001 (Music To Make Love To Your Old Lady By) e segue a linha do que se convencionou classificar como Trip Hop. Nesse projeto Patton conta com alguns parceiros, como a também vocalista Jennifer Charles (da banda Elysian Fields), e o produtor Dan Nakamura e o DJ Kid Koala. O álbum (como você pode imaginar através do título) é um passeio divertido por diversas facetas do ato sexual: encontros em trens, sadomasoquismo, traição e outros tipos de fantasia, o melhor é que o som é muito estiloso.



E depois de todas estas informações desta semana, só nos resta aguardar:
-E qual será a próxima de Mr. Patton?

3 comentários:

  1. Eu sabia que você tinha muito a dizer, Grão!

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  2. fechou a seman General Patton com chave de ouro!!!

    Só de citar o obscuro Lovage já valeu o post!!!

    FU DI DO!

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  3. O que eu mais curto nestas semanas temáticas é que nunca se sabe o que cada um vai postar... e geralmente são textos de estilos diferentes, porém sempre complementares...
    Bacana!!!

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