terça-feira, 17 de novembro de 2009

NENHUM GLAMOUR NO FAITH NO MORE

por Edu Zambetti (e sua memória que não falha)



Nenhum Glamour. O Clube Atlético Aramaçan receberia em seu palco nada mais, nada menos do que o Faith No More (FNM), banda que estava em evidência na época, tanto pelo estilo caracterizado pelas misturas de funk com rock pesado e adjacentes (tão desgastadas hoje sob o rótulo de "Funk Metal" e tão cativantes naquele início de anos 90) quanto pela sua exposição na mídia, sobretudo na MTV, Rede Globo e revistas especializadas além, sem dúvida, de ter um extraterrestre como vocalista.



Já tinham dado o ar da graça no Rock in Rio(isto explica o certo foco da Globo) em 1991 e acabaram voltando no mesmo ano para pequena tour do excelente "The Real Thing", disco que consagrou a banda, primeiro album com os vocais extrasensoriais de Mike Patton e produzido por Matt Wallace (Andy Wallace veio bem depois). Entre os locais para as apresentações incendiarias estava o tal clube atlético. O dia escolhido foi 22 de setembro e o show contou com quase todos os sons do álbum em questão, alguns resquícios dos álbuns anteriores e uma música nova apontando para o futuro que estava sendo plantado. E agora... Música nova, disse Mike, em português arrastado, com aquela dificuldade típica dos gringos... Claro que isto aconteceu passadas seis ou sete músicas, mais precisamente logo após terem agraciado o público com "Falling to Pieces"...a música nova entraria no álbum "Angel Dust" com o título de "RV".



Antes de o FNM entrar no palco, o público que estava no Aramaçan havia repudiado a banda de abertura, muito mais pelo fato de ter um ex-Menudo como vocalista do que pela falta de qualidade sonora, se bem que ninguém ali estava para ver aquilo, muitos deram as costas para o...Como era o nome da bandinha mesmo? Sim, sim...Maggie’s Dream do vocalista Robbie Rosa.



O Show do FNM inicia com "From Out of Nowhere" e logo Mike Patton dá as caras com um figurino certamente inspirado pelos trombadinhas da época, com toquinha indefinida na cabeça, camisa vermelha amarrotada e bermudão surrado, porém, isto somava inexplicavelmente bem com sua presença de palco, havia uma sintonia perfeita entre sonoridade, voz e performance e o som pesado da banda não atingia o lado agressivo do público, atingia sim uma memória ávida por dança, por alegria, aventura...A bateria tribal, marcante e forte somava concretamente com o contrabaixo quase irritante que martelava e atacava...O peso definitivo vinha com a guitarra de sonoridade grave, porém ardida,cavernosa, agressiva, metálica e a parte mágica vinha com o timbre hipnótico dos teclados desembocando na euforia, atitude, peripécia e versatilidade vocal de Mike Patton.

Como se fosse hoje, vejo um Aramaçan tomado por um ar de coisa verdadeiramente interessante acontecendo...FNM seguiu com louvor um setlist de quinze músicas e mais três definidas para o Bis. Em Epic, primeira e eficiente música de trabalho do disco "The Real Thing", quando o piano fica em evidência perto dos compassos finais, Mike escolhe uma garota do público, arrisca uns passos de dança com ela e a presenteia com um rápido beijo sob aplusos e gracejos dos fãs. Vale lembrar que, das músicas dos discos anteriores, uma pelo menos era conhecida por um seleto grupo..."We Care A Lot" ...as outras passaram sem atrapalhar...



Já no bis, "War Pigs", excelente cover do Black Sabbath, foi a música final...

...Não havia Glamour...não era preciso.





8 comentários:

  1. O lendário show do FNM no Aramaçan! Meu Deus, o mesmo clube dos bailes de carnaval da infância, das festas anos 60 e à fantasia do Singular, teve a honra de receber o Faith No More em plena tour do The Real Thing. Coisa louca...

    E vc desenterrou o Robbie Rosa! Caraca! Lembro que na época todo mundo malhou essa parada (com justiça).

    Só faltou um detalhe nessa história: reza a lenda que algo aconteceu com vc nas horas posteriores a esse show, não é mesmo?

    abs

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  2. Sub Postagem...

    Realmente fatos anteriores e posteriores aconteceram...

    Para conseguir o ingresso tive que correr com a produção da minha mini estamparia e juntar os trocados que garantiriam meu ingresso e de minha namorada...Subi correndo as escadas na 97FM aqui na Vila Gilda em Sto André...Qdo fui pagar os ingressos percebi que tinha feito a conta errada,precisava apenas da metade da grana que levei... por sorte sobrou uns trocos bons e ainda ganhei uma caneta da Rádio.

    Um dia antes da apresentação do FNM a mesma namorada ficou insistindo para ir até o Mappin comprar uma roupa nova para usar no show...Que coisinha provinciana né? Brigamos por este motivo mas, depois do perdão mutuo, fomos comprar a tal roupa...lá se foi a graninha extra que havia sobrado...e o foco era uma meia arrastão preta...bonita até...mas desnecessária em se tratando de Aramaçan + Show de Rock.

    Chegando na porta do Aramaçan havia um certo tumulto e um carro qse nos atropelou, nada grave, apenas a meia arrastão que desfiou por completo...a mina virou uma fera, principalmente depois que eu disse: - Mas agora está bem Rock o vizu!!!
    ...eta maldade...

    Depois do show cheguei cansadão em casa e perdi a hora no outro dia para a faculdade (estava no 4 semestre de Publicidade e Propaganda)...Minha mãe veio me acordar com aquela preocupação emotiva e cheia de amor...nunca entrava em meu quarto mas desta vez era necessário pois eu não poderia perder a aula de História da Arte...
    Para qualquer um, nada de mais havia na cena: um universitário dormindo sem camisa com sua garota seminua ao lado...acontece que havia uma tatuagem escondida por 2 anos no meu braço esquerdo, tatuagem até hoje desaprovada pela amorosa mãe...Fui expulso de casa naquele dia...assiti normalmente todas as aulas, fiquei um tempo no Hondas (bar da frente da facul)...acabei indo para casa de um amigo no mesmo bairro da 97Fm e ouvimos o "The Real Thing" umas dez vezes...horas depois recebi um telefonema e fui aceito novamente na família...Rimos disto ontém...eu e minha mãe.

    Ia contar esta história mas preferi
    lembrar apenas do show....

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  3. Ah, mas são esses detalhes que dão a riqueza da história. E a humanidade também.

    abs!

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  4. Cara...há um tempo atrás postei em meu blog um programa musical sobre Faith no More e citei esse show do Aramaçã, mas agora vendo seu texto quase chego as lágrimas de nostalgia...rs. Tinha 14 anos e foi meu primeiro show internacional, época que ainda rolava aqui pelo ABC shows como FNM, Deep Purple e Ramones, e chegou a ser cogitado até Rage Against the Machine (o Zac machucou o joelho e não puderam vir). Ahhh bons tempos, ainda não existiam os emos (eles ainda era góticos e apanhavam dos carecas no Front...kkkk) e rolava um rock aqui no ABC...(Shows da 97,7 e Rockstrote, Rock 'n rua, Movie's Bar, Zabrinski, Jazz 'n Blues, Front, sem falar do sobrevivente Lolapalloza mais conhecido como bar do Ceara).

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  5. O mais legal do post é o nome da música do Maagie's Dream:

    IT'S A SIN!!!

    Pois é!!! É pecado mesmo o Robbie Rosa abrindo o show do FNM!!!

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  6. Cara não fui nesse show.
    Mas não tenho lembrança alguma do Aramacoco (apelido para os intimos) toda vez que fui lá bebi demais, fosse para comemorar (shows de rock) ou para superar o sentimento deprê (no caso dos bailinhos...
    Enfim, aramaçã = alcool...
    Mais memorável e clássico que esse, somente o show do information society no finado Mappim...hehe

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  7. Cara, lembrei um fato CLASSICO E SURREAL:

    Vcs sabiam que o único porre (ou algo próximo disso) que o distinto senhor césar rena tomou na vida foi no Aramacoco? Meninos, eu vi! Num desses bailes, acho que de carnaval, ainda adolescentes, começamos a tomar umas biritas com os poucos trocados que tínhamos no bolso. O jovem césar decidiu tomar tb, e era algo forte, se não me engano a tal da "farmácia".

    Vi com meus próprios olhos: césar rena, o sxe mais radical sem nunca ter sido sxe, sentado na escadinha do salão, cabeça entre as pernas, zonzo feito sei lá o que, balbuciando palavras sem nexo e sentindo na pele o poder avassalador do alcool!

    Uma imagem único, inédita, historica e que jamais irá se repetir.

    Aramacoco é foda, bro! Faz milagres!

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  8. Sempre adorei essa banda.
    Nunca deixei de escutar.
    Teve uma carreira meteorica e curta.
    Abraços.

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