segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

QUANDO MEU PAI SE ENCONTROU COM O ET FAZIA UM DIA QUENTE


Quando meu pai se encontrou com o ET fazia um dia quente é o emblemático título do novo livro de Lourenço Mutarelli.

Quem acompanha o trabalho do autor certamente se surpreenderá com as cores, que neste álbum foram obtidas através da pintura com tinta acrílica em papel ou papelão.

A estrutura narrativa também é digna de nota, o livro é constituído de uma sequência de imagens (pranchas em páginas inteiras)com pequenas legendas que não correspondem exatamente às figuras em que estão inseridas. Esta distorção entre a imagem e a palavra foi um recurso experimental utilizado propositalmente pelo o autor e cria um jogo interessante com o leitor, que interage de forma não linear com as páginas do livro na busca de reconstruir a história para si.

A memória é o tema do livro.
A história é narrada por um personagem que conta a história de seu pai, que embora parta de um encontro inusitado deste com um ET, vai muito além disso, possibilitando ao leitor indagar sobre o próprio modo como construímos nossa história, através de recortes ou fragmentos de lembranças.



Em certo momento do livro, o pai mistura suas fotos pessoais com a de desconhecidos (que colecionava) e isto traz umas grandes questões livro: a constituição de nossa memória individual é racional e linear? ou é emocional, seletiva e coletiva? Este questionamento justifica a estrutura narrativa do livro.

Outra questão do livro é o esquecimento ou a deformação de nossas memórias com o passar do tempo, isto é representado pela repetição de imagens que se distorcem, pela lama do rio que não é mais rio, e pela internação do pai no asilo.
Lembramos do que queremos, da forma que escolhemos.

Embora a produção do livro tenha sido um tanto conturbada por interferências editoriais (vide o título do livro), trata-se de uma grande e indispensável obra de Mutarelli que proporciona aquela sensação familiar de vácuo nas nossas certezas após sua leitura.
Enfim, Mutarelli.




sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

TRÊS VÍDEOS DO MY SQUARE 2011

Converse My Square é um evento realizado pela Converse Skateboard em parceria com a CemporcentoSKATE. Pra resumir bastante, é uma disputa aberta de fotos e vídeos em algumas praças pré-definidas pela produção. Jogo rápido: os fotógrafos, videomakers e skatistas tiveram 10 dias para captar, editar e postar o material.

Selecionei 3 vídeos que gostei bastante, para mostrar o nível de evolução da rapaziada que está nas ruas captando manobras de skate e, é claro, dos skatistas brasileiros.

Antes de ver os vídeos, lembre-se: os videomakers tiveram apenas 10 dias pra filmar, editar e finalizar. Os caras merecem nosso respeito.

Vamos começar com "Insetos Interiores", com o skatista Damascena, filmado e editado pelo jovem e talentoso Guilhermo Guillis. Sensibilidade, sutileza e um tratamento de imagem bem interessante. Veja logo abaixo:



Com um conceito nostálgico, "Back to 90's" é um tributo aos vídeos antigos de skate. Beastie Boys na trilha, lente fisheye bombando e até a famosa voz de monstro no final. Filmado e editado por Biano Pereira, com o skatista Leonardo Low e participação do skatista e fotógrafo André Calvão. Assista:



Pra fechar, o vencedor na categoria melhor edição de vídeo, "Parapluie". Filmado e editado por Guilherme Guimarães, o curta com o skatista Murilo Romão é inspirado na cinematografia francesa dos anos 50 e 60. Olha só que style:



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quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

CORTEX



O trabalho do ilustrador, artista plástico, educador e zinista Flávio Grão está quase que onipresente nos fanzines lançados nos últimos anos. Seus traços fortes, rústicos (quase se assemelhando a xilogravuras) viajam em um roteiro filosófico-poético, sempre passeando pelo inconsciente individual e coletivo.

Recentemente lançou duas edições do fanzine Manufatura, nas quais conta histórias sem utilizar textos: apenas o apelo visual com um pé no surrealismo, que transmitem muita informação. Mas, para isso, é necessária a observação atenciosa do leitor. Não basta apenas folhear, tem que explorar cada ilustração para entrar no universo do autor. Que, depois percebemos que também é o nosso universo.

Cortex traz a mesma proposta, porém de uma forma diferente: o autor se enveredou no universo da colagem para contar a história de um personagem que se assemelha com um cérebro, tendo como cenários imagens clássicas de cidades e de situações.

A prática de recortar e colar é algo fácil. Nem tanto. Saber harmonizar uma imagem sobreposta sobre outra e ainda ter o objetivo de contar uma história sequencial é para poucos. Grão começou Cortex em 2008 e finalizou na segunda metade de 2011. E o tempo talvez tenha sido fundamental para as ideias fluírem para alcançarem o resultado final.

Algo que é marca nos últimos trabalhos de Flávio Grão, é a experimentação em cima de papéis de gramaturas e texturas diferentes. Nesselançamento utiliza de papel vegetal para sobrepor a capa de colorset e o miolo de vergé. Mostrando, inconsciente ou não, que o fanzine impresso para ser atrativo e necessário, necessita ter um apelo muito além que textos e desenhos: precisa ter um “valor” de tato e visual, que já é tendência na Europa e Estados Unidos e que acredito ser o futuro dos zines impressos por aqui.

Cortex não é algo simples de se adentrar. Talvez facilite nas referências bibliográficas que cita ao final da publicação: o artista plástico surrealista alemão Max Ernst, o psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky e o pintor e cineasta da pop art estadunidense Andrew Warhola. Você não entendeu ou não faz ideia de quem se trata? Dá uma pesquisada rapidinha e depois volte aqui nesse ponto.

Pronto. Agora é possível entender onde mais ou menos queremos chegar.

A história de Grão começa com uma simples dor de cabeça. Essa dor toma conta do paciente que consegue enxergá-la através do espelho. Aos poucos, esse diagnóstico começa a tomar dimensões gigantescas e até inacreditáveis. É o absurdo se mesclando com o real. O caos individual transformando-se no pop coletivo, sem percepção do monstro que foi criado. A desgraça em larga escala de produção. Quem sabe, com essa intenção, no verso de cada obra, o autor sugere um cartão postal, para conversar conceitualmente com a história.

O nome do zine sugere o termo “vortex”, que pode ser definido como movimentos espirais ao redor de um centro de rotação. Com isso, tudo que envolve essa publicação tem um porquê e uma razão de ser. Nada é gratuito.

Grão surpreende mais uma vez, fugindo do lugar-comum, das teorias absurdas, do egocentrismo, para que, de uma forma inteligente, denunciar e clarear a realidade consumista que está aí na nossa frente e que não temos olhos para enxergar. Ou não queremos.

MAIS GRÃO

Como se não bastasse ser "fugurinha carimbada" no mundo dos fanzines, Grão está se enveredando no universo dos livros. Recentemente foi convidado pela Ugra Press para ilustrar o primeiro livro de contos de Leandro Márcio Ramos, o Tudo que é grande se constrói sobre mágoa.

A publicação foi feita de forma totalmente manual, com uma montagem peculiar, feita uma a uma. Acompanhe aqui todo o processo de produção.




LANÇAMENTOS


O Cortex, e o Tudo que é grande se constrói sobre mágoa serão lançados no próximo sábado, 10 de dezembro, no Hotel Tee's, em São Paulo, conforme exibe o cartaz abaixo.
Na oportunidade, Grão também lançará um pôster e uma camiseta de tiragem limitada com suas ilustrações.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

AMPLEXOS - MANIFESTA EP


Saiu hoje, 7 de dezembro de 2011, o EP Manifesta, da banda Amplexos. Saiu virtualmente, fique claro: você pode baixar o EP, com 3 sons, clicando aqui.

A banda é de Volta Redonda, interior do Rio de Janeiro, e a sonoridade pode ser classificada como "música negra", segundo Guga, guitarrista e vocalista. "É onda boa", completa. Em português, com produção de Buguinha Dub, Jorge Luiz Almeida e da própria banda, Manifesta é um "produto" bem finalizado e resolvido. Tem guitarra reggae, influências dub e afrobeat, e um potencial radiofônico elevado. Gravadoras, abram os olhos!

Ah, arte lindona também, com assinatura de Ana Costa, cujo projeto gráfico também ilustra o site oficial.

Fica a dica.

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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

II ANUÁRIO DE FANZINES - ÚLTIMA SEMANA PARA ENVIO DE ZINES



Esta é a última semana para enviar sua publicação para o II Anuário de Fanzines, Zines e Publicações Alternativas da UGRA Press.

Essa publicação é uma referência para os fanzines nacionais, se você não conferiu a primeira, veja aqui.

Segue a convocatória da UGRA na íntegra:

Zineiros, faneditores e editores alternativos: é com grande prazer que a Ugra Press lança a convocatória para o II Anuário de Fanzines, Zines e Publicações Alternativas. A meta, a exemplo da primeira edição, é mapear, catalogar, divulgar e estabelecer um espaço crítico para a imprensa alternativa. A novidade é que dessa vez estamos convocando editores de toda a América do Sul, o que certamente fará do próximo Anuário uma grande referência para todos aqueles que pretendem divulgar seus trabalhos, fazer contatos e conhecer a fundo a fanedição sul-americana..

QUEM PODE PARTICIPAR?

O Anuário pretende cobrir a produção de fanzines, zines e publicações alternativas impressas em toda sua abrangência: quadrinhos, música, cinema, literatura, arte urbana, espiritualidade, perzines, artzines, queerzines… vale tudo! Não existem restrições temáticas, mas boletins partidários ou religiosos (como órgãos informativos de igrejas, por exemplo) serão desconsiderados. Publicações experimentais e autorais, como sempre, são mais do que bem vindas.


COMO PARTICIPAR?
1 – Envie sua(s) publicação(ções) para o seguinte endereço:

c/o Douglas Junior Utescher Alves
Caixa Postal 777
São Paulo / SP
CEP: 01031-970

2 – Não esqueça de enviar também um e-mail para contato! Será imprescindível para confirmar sua presença no Anuário.

3 – Assim que recebermos o material, enviaremos por e-mail uma ficha de inclusão que o editor deverá preencher e devolver (também por e-mail). Essa ficha conterá as informações necessárias para a correta catalogação da sua publicação. Sem o preenchimento da ficha, a publicação NÃO entrará no Anuário.


Mas não é só isso!

Na edição anterior, além das resenhas dos zines, publicamos matérias sobre as Fanzinotecas brasileiras e sobre os fanzines como instrumento pedagógico. Para o próximo Anuário, gostaríamos de abordar o fanzine como objeto de estudo. Portanto, você, estudante que fez ou está fazendo monografia, dissertação, artigo ou documentário sobre o tema, entre em contato e conte-nos mais sobre sua pesquisa!


DEADLINE
As publicações devem ser enviadas até 10 de dezembro de 2011. Material enviado após essa data ficará arquivado para o Anuário seguinte. Portanto, não deixe para a última hora!

A publicação do anuário está prevista para março de 2012.


CONTAMOS COM SUA COLABORAÇÃO!


Se precisar de algum outro material, entre em contato pelo e-mail ugra.press@gmail.com

PERGUNTAS FREQUENTES

Participei do anuário do ano passado. Posso participar deste também?Pode e deve! Caso tenham sido lançadas novas edições da sua publicação neste meio tempo, não deixe de enviá-las.

Eu edito várias publicações diferentes. Posso mandar todas?Sim. Todos os títulos recebidos serão resenhados.

Minha publicação está na vigésima edição. Posso mandar todas?Sim, mas por questões práticas só serão resenhadas as 3 edições mais recentes.

Ao invés de mandar uma cópia física da minha publicação, posso enviar um arquivo PDF?Não. Um dos aspectos que nos interessam é justamente compreender como são impressas as publicações alternativas atuais.

Minha publicação circula apenas em versão virtual (um arquivo PDF, por exemplo). Posso enviá-la?Não. O foco do Anuário são as publicações impressas.

Se eu enviar minha publicação, eu receberei um Anuário em troca?Infelizmente, isso não é possível. O Anuário é volumoso e de produção relativamente cara para nós. Arcar com os custos de impressão e envio para todos que participarem está muito além das nossas possibilidades. O que fizemos na primeira edição e continuaremos fazendo na segunda é determinar um preço especial para os participantes. Haverá também a versão digital do Anuário no formato PDF, distribuída gratuitamente.

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Vai deixar seus fanzines fora dessa??

sábado, 3 de dezembro de 2011

CELTON - LACARMÉLIO CIDADÃO HONORÁRIO DE BELO HORIZONTE



Um dos posts que mais gerou repercussão nestes mais de três anos de ZINISMO foi o de Celton, um herói brasileiro. O post contava a história do mineiro Lacarmélio Alfêo de Araújo que no maior exemplo do-it-yourself, desenhava, publicava e vendia suas histórias em quadrinhos nas ruas de Belo Horizonte e outras cidades brasileiras.

Gostamos tanto da entrevista que também a publicamos no ZINISMO impresso, edição comemorativa de dois anos.

Eis que, há uma ou duas semanas, recebo de Lacarmélio um e-mail com o seguinte recado:

"Oi Flavio,

Espero que esteja tudo bem com você.

Ganhei o título de Cidadão Honorário de Belo Horizonte e estou escrevendo para te convidar à solenidade de entrega, que será uma festa muito legal."


Ficamos muito felizes com a justa homenagem da cidade de Belo Horizonte ao incansável herói brasileiro, lembrando que Lacarmélio utiliza como cenário das histórias de Celton justamente a sua cidade natal.

Parabéns Lacarmélio, você é um exemplo de luta, empreendedorismo e perseverança para nós, independentes.



Abaixo reproduzo a entrevista originalmente publicada em maio de 2009.

O trânsito de São Paulo já gerou oportunidade para muita gente: vendedores de amendoins, limpadores de vidro e até os famosos faquinhas. Mas, por mais incrível que pareça, ele ainda pode oferecer surpresas. Vestido em um impecável terno amarelo, com uma placa com letras garrafais, Lacarmélio Alfêo de Araújo anuncia: "Leia Celton — Estou vendendo revistas em quadrinhos que eu mesmo fiz. R$ 2,00 - 32 páginas. Neste número: O Caçador de Emprego".

O marketing funciona, uma buzina basta e Lacarmélio corre por entre os carros vendendo o gibi de seu personagem Celton.

Celton não usa capa nem cueca por cima da calça. É um herói brasileiro que vive suas aventuras nas ruas de Belo Horizonte. Dotado de uma força física acima do comum, capaz de correr mais rápido que um automóvel e até mesmo de levantá-lo (poderes que praticamente não usa porque é discreto como todo bom mineiro), aliada a fortes princípios morais e éticos, ajuda as pessoas a melhorarem suas vidas entre um conserto de moto e outro em sua oficina.

A história de Lacarmélio também tem muito de heróico e parece com a de muitos brasileiros. Nascido numa pequena cidade mineira, já foi engraxate, vendeu picolé, trabalhou como auxiliar de escritório, escriturário, desenhista de publicidade (em Belo Horizonte) e tentou a vida em Nova York cantando Beatles no metrô. Criou o personagem “Homem Felino” – identidade secreta de Celton - e a partir de 1975 fez várias viagens a editoras em São Paulo e no Rio de Janeiro para tentar vender seus projetos (uma dessas, de bicicleta a São Paulo, durou quatro dias).

Cansado de receber “nãos” resolveu apelar para o “do-it-yourself”: fez um empréstimo bancário e lançou Celton (feito em off set) por conta própria. Nas bancas foi um fracasso de venda. Passou a vender a revista pessoalmente nas ruas de Belo Horizonte e então conseguiu êxito. Já deu entrevista no Jô Soares, participou da Bienal do Livro e fez trabalhos para empresas como a Skol e Petrobrás.

Agora Celton (ou Lacarmélio) chegou a São Paulo onde pretende continuar sua grande aventura: viver de sua arte.


Confira a entrevista que Lacarmélio cedeu exclusivamente para o ZINISMO:

ZINISMO: Para você, quais são os fatores que levam Celton a fazer sucesso?
LACARMÉLIO: Difícil de responder. Só posso dizer que a minha dedicação à revista, tanto na produção (roteiro, desenhos, pesquisas, produção gráfica, etc) quanto na venda é total. Estou sempre ligado em assuntos populares, que possam atrair a atenção dos leitores. Ao ter a idéia de um roteiro, eu só parto para sua produção (ter uma idéia é muito diferente de produzir uma revista) se eu sentir que ela é simples e talvez possa agradar. Sei que não estou escrevendo para mim, mas para os leitores. Em resumo: dedicação, trabalho e um "feeling" que não sei explicar.

Você vive de seus gibis? Qual é a tiragem? E a periodicidade?
Financeiramente, sim. Tiragem inicial 10 mil exemplares. Não há periodicidade, alguns números são mais difíceis do que outros. Só quando começo a produção é que percebo o grau de dificuldade de cada um. Já houve revistas que fiz em um mês, e a mais demorada levou um ano.

E por que São Paulo? Qual tem sido a reação do público?
Estou aqui por dois motivos principais: 1) os engarrafamentos são maiores do que os de BH e 2) agora eu tenho um filho de 6 anos, não posso mais fazer revista só por idealismo (o que na verdade ainda é), mas também porque fazer revista é a minha profissão e eu tenho que cuidar da segurança do meu filho. Se você não tiver filho, não entenderá esta resposta.

Quais suas inspirações para a criação do personagem?

Os assuntos populares e o que os leitores comentam dos números já publicados.

E os leitores paulistanos, onde podem procurar Celton?
De momento, comigo nos engarrafamentos, exatamente como em Belo Horizonte. São Paulo é uma cidade ainda misteriosa para mim: excitante, convidativa ao trabalho, às oportunidades...

Imagino que já deve ter passado por poucas e boas no seu ofício de vendedor de gibis, poderia contar algumas dessas aventuras?
É difícil lembrar, assim de supetão. Mas positivamente falando, todas fazem parte da história da revista, todas enriquecedoras. Mesmo as experiências chatas contribuíram para o enriquecimento da história da revista.

Um recado para seus leitores:
Não desistam nunca. A revista Celton só vem conseguindo algum resultado significativo por causa da insistência. Eu só venho aprendendo a escrever roteiros simples que agradam aos leitores, depois de muitos anos escrevendo para o povo. Eu só consigo viver hoje financeiramente da revista porque com os anos eu aprendi a vendê-la. As dores no corpo, principalmente nas pernas, ao final de um dia no meio do trânsito, só eu que sei como são terríveis, assim como os calos nas mãos segurando por horas aquela placa. A saudade do meu filho de 6 anos lá em BH às vezes me leva à loucura. Ainda bem que a mãe dele é a melhor mãe do mundo e está segurando a onda na minha ausência, pois ela sabe o quanto é importante as vendas em São Paulo. Tudo nesta vida tem seu preço. Se você não pagar o preço da vitória, não queira esperar por ela.


Universo HQ.

Solenidade de entrega do título de Cidadão Honorário de Belo Horizonte à Lacarmélio Alfêo de Araújo.
Câmara dos Vereadores (Palácio Francisco Bicalho).
Avenida dos Andradas, 3100 — Sta. Efigênia - Belo Horizonte - Minas Gerais
Data: 09 de dezembro/2011, sexta-feira - às 18:00 horas.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

17º GOIÂNIA NOISE FESTIVAL


17 anos de Goiânia Noise Festival. Disse e repito: 17 anos. Não é pouca coisa.

Nessa décima-sétima edição, a sempre quente Goiânia receberá 33 bandas nacionais e mais 3 internacionais em duas noites de muito rock no palco do Sol Music Hall. The Bellrays, Deliquent Habits, BigBang, Siba, Cidadão Instigado, Gerson King Combo, DeFalla, Mechanics, Claustrofobia, são alguns dos nomes que se apresentarão nos dias 2 e 3 de dezembro.

Quem já foi, sabe que a vibe do festival é excelente, além do jeito sempre hospitaleiro dos camaradas goianos (Monstro crew e afins), da boa comida e do preço super justo do ingresso (na real, se comparado com São Paulo, o correto mesmo seria dizer que o preço dos ingressos é incrivelmente barato). Ou seja, balada de primeira!


Segue a programação completa:

17º Goiânia Noise Festival
Data: Dias 2 e 3 de dezembro
Local: Sol Music Hall (Jaó)
Ingressos: R$ 20,00 (meia-entrada por noite até 25/11) e R$ 30,00 (meia-entrada por noite após o dia 25/11)
Pontos de venda: Monstro Discos, Ambiente Skate Shop, Harmonia Musical, Hocus Pocus e Trupe do Açaí.


PROGRAMAÇÃO

Dia 2/12 – Sexta-feira

18h – Chacina (GO)
18h30 – Black Queen (GO)
19h – Atomic Winter (GO)
19h30 – Lady Lanne (GO)
20h – The Neves (DF)
20h30 – FireFriend (SP)
21h – Peixoto e Maxado (SP)
21h30 – Space Truck (GO)
22h – Oitão (SP)
22h30 – BigBang (Noruega)
23h – Hellbenders (GO)
23h30 – Bang Bang Babies (GO)
00h – Delinquent Habits (EUA)
00h30 – Os Haxixins (SP)
01h – Raimundos (DF)
01h50 – Cidadão Instigado (SP)
02h40 – The BellRays (EUA)

Dia 3/12 – Sábado

17h – Doentes do Amor (GO)
17h30 – Darshan (DF)
18h – Kamura (GO)
18h30 – Dry (GO)
19h – The Galo Power (GO)
19h30 – The Pro (DF)
20h – Vida Seca (GO)
20h30 – Diablo Motor (PE)
21h – Bambinos Selvagens (RS)
21h30 – Beach Combers (RJ)
22h – Kães Vadius (SP)
22h30 – Cassim & Barbária (SC)
23h – Mechanics (GO)
23h30 – Brollies and Apples (SP)
00h00 – Claustrofobia (SP)
00h30 – Violins (GO)
01h00 – DeFalla (RS)
01h50 – Siba (PE)
02h40 – Gerson King Combo (RJ)

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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

INSPIRAÇÃO

Tá precisando de um pouco de inspiração para encarar a semana que se inicia ou mesmo o final de ano corrido? Então toma!



Italo Romano, skatista curitibano, perdeu as pernas num acidente de trem. Com o skate, ganhou pernas novas.

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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

ENTREVISTA LÊ ALMEIDA


Tive o primeiro contato com Lê Almeida através da coletânea em vinil 7 polegadas Coração Transfusionado, que comprei na loja Locomotiva Discos, dos irmãos Gilberto e Márcio Custodio. Alguns meses se passaram e, dias atrás, recebi um pacote enviado pelo ativista guitar Rodrigo Lariú, contendo o novo álbum do artista carioca, chamado Mono Maçã. Em vinil, coisa fina, 23 sons que navegam pelo guitar rock lo-fi, com influência de nomes como Guided By Voices e Pavement.

Por email falei com o cantor e compositor de 27 anos, que mora na Baixada Fluminense e trabalha com o pai, consertando malas. Além de tocar e gravar suas próprias músicas, Lê também lança trabalhos de outros artistas, pelo seu selo Transfusão Noise Records. Confira a entrevista.


Há quanto tempo você vem tocando e compondo?
Desde os 15 anos eu acho, comecei tocando bateria e depois fui partindo para outros instrumentos.

O estilo de som que você faz remete bastante à antiga escola guitar nacional, dos anos 90. Pelas imagens que vi em vídeo, você parece jovem, ou ao menos jovem demais para ter vivido intensamente aquela época. Como é sua ligação com essas bandas e essa época?
Eu curto muito o que já foi feito desse tipo de sonoridade, mas não tanto a nacional como você se refere, sou mais ligado aos roques 90 do Erics Trip, Microphones, Guided By Voices, Daniel Johnston, Halo Benders e afins. De nacional eu sou só muito fã do Second Come e Stellar.

Lançar em vinil é: realização de sonho, profissão de fé ou mais possível do que as pessoas imaginam?
Pra mim foi realização de sonho e viabilização para um mercado bonito e gratificante, onde você consegue fazer brotar uns sentimentos perdidos em meio a um monte de CDs. Sempre fui muito ligado a LPs e hoje nem acho uma coisa de total dificuldade, quando se trabalha com seriedade.

Também li por aí que você gravou o disco em casa, usando um Tascam, captou baterias no quintal, etc. Essa história procede?
Sim, todas as minhas gravações se baseiam em experiências caseiras ligadas a fita k7 e captações diferenciadas de sons, tanto em quintal como dentro do quarto e outros cômodos.

Nas suas músicas, a voz não vem em primeiro plano, está sempre meio enterrada, como se fosse mais um instrumento. O que é mais importante: as letras/voz ou a música/instrumental?
Eu considero a voz como mais um instrumento dentro das guitarras, acho que não precisa ser de um todo enterrada, mas não precisa ficar lá na frente como em 90% dos casos por aí.

Para você, o que é o rock brasileiro?
Complexo, existem várias variantes, eu não consigo ver tudo como uma coisa só... Me vejo dentro do roque independente que cultiva guitarras distorcidas e sei um pouco sobre isso. No contexto de roque brasileiro eu só entendo que tudo é meio repetido e limpo. Em relação a cenas e selos, acho que a coisa vem dando uma nova volta, ligada as bandas realmente independentes e pessoas realmente cientes do que querem fazer.



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terça-feira, 22 de novembro de 2011

A PIXAÇÃO MAIS BONITA DA CIDADE


A pixação (ou pichação, como preferir) política, de protesto, de contestação, era uma prática muito utilizada no período negro da Ditadura Militar no Brasil. Correu mundo a imagem do jovem estudante, spray na mão, mandando um "ABAIXO A DITADURA" na parede. De meados dos anos 80 pra cá, com a abertura política, esse tipo de manifestação perdeu força, tanto nos muros das cidades quanto nas cabeças dos jovens.

Talvez por isso essa pixação da foto acima chame tanto a minha atenção. Claro que colabora para isso o fato de que ela está no meu caminho de todos os dias, no trajeto SBC-Vila Mariana. Pela repetição diária acabou entrando no meu inconsciente. Entretanto, tenho a impressão de que, mesmo que tivesse visto uma única vez, a frase teria surtido efeito semelhante. Um pixo lindo, um pixo político: a pixação mais bonita da cidade.

obs (1). a foto meio tosca, nada profissional, foi tirada às pressas, com o celular, no meio do trânsito caótico de sp.

obs (2) faço também menção honrosa ao pixo lendário do Butantã: "SLAYER E MACONHA NAS ESCOLAS". Esse menos político, mas igualmente contestador e absolutamente divertido!


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domingo, 20 de novembro de 2011

DOCUMENTÁRIO HARDCORE ANOS 90 - TEASER ESPECIAL 15 ANOS DE VERDURADA

Para os que não sabem, está em produção um documentário sobre a história do Hardcore dos anos 90 em São Paulo, cuja previsão de lançamento é para o próximo ano (2012 - se o mundo não acabar).

Em comemoração aos 15 anos do festival Verdurada, a equipe de produção do documentário foi convidada e produziu um teaser especial sobre a cena Straight Edge e o evento que é um dos mais importantes da cena brasileira.



Para saber mais sobre o documentário, leia a entrevista com o produtor Marcelo Fonseca, feita pelo ZINISMO em maio de 2010.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

NOVA SÉRIE DE VIDEOCASTS DO PARTEUM

O inquieto e talentoso Parteum acaba de disponibilizar o primeiro episódio da sua nova série de videocasts. "Raciocínio Quebrado Ep. 01" mostra um pouco do dia-a-dia do artista, incluindo skate no Pátio do Colégio (São Paulo/SP), show e rolê pelas ruas de Curitiba (PR), pesquisa de materiais para a colaboração ÖUS X PARTEUM e muito mais. Confira:

Raciocínio Quebrado | Ep. 01 from Parteum on Vimeo.



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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

AMERICAN HARDCORE - A HISTÓRIA DO PUNK ROCK AMERICANO 1980 - 1986


A prática de fazer "copy-paste" de releases de imprensa não faz parte do modus operandi do Zinismo. Mas toda regra tem sua exceção: o release do DVD "American Hardcore - A História do Punk Rock Americano 1980 - 1986" foi escrito por mim, então achei justo reproduzi-lo aqui, para ilustrar essa nota avisando que o filme já está com a Pré-Venda rolando, no site Ideal Shop. Clique aqui e reserve o seu!

AMERICAN HARDCORE
A HISTÓRIA DO PUNK ROCK AMERICANO 1980 – 1986


“Não havia nenhuma organização de esquerda nos EUA nos anos 80. Mas havia o hardcore. Se você está procurando por radicalismo nos EUA nos anos 80, você deveria procurar o hardcore.” (Vic Bondi, do Articles of Faith, sobre o legado político do hardcore)

“Vou dizer exatamente o que está na minha cabeça, e vou fazer em 32 segundos.” (Ian Mackaye, do Minor Threat, sobre a proposta musical das bandas de hardcore do começo dos anos 80 nos EUA)


O diretor Paul Rachman teve bem mais do que 32 segundos para contar a história dessa geração no documentário “American Hardcore – A História do Punk Rock Americano 1980 – 1986”, mas conseguiu transmitir exatamente – com depoimentos, trechos de shows e contextualização de época – a energia, frustração e inconformismo com a ordem vigente (em termos políticos, musicais e comportamentais) que motivou aqueles jovens norte americanos a darem um passo além no Punk Rock.

Quem eram esses jovens? Para citar apenas algumas bandas: Black Flag, Circle Jerks, Minor Threat, Bad Brains, T.S.O.L., SS Decontrol, MDC, Bad Religion, D.O.A., Gang Green, Minutemen, Poison Idea, 7 Seconds, dentre muitas outras. Enquanto a América vivia sob a égide do primeiro governo Reagan, com a tradicional política externa de interferência e imperialismo, e internamente conservadora, careta e “pueril”, nos subúrbios de Los Angeles começava uma movimentação contrária a esse quadro: jovens que não estavam nem um pouco satisfeitos com isso, e disseram não!


Esse grito de negação, traduzido em músicas rápidas, agressivas e politizadas, disseminou-se rapidamente, tanto na Costa Oeste (LA, San Francisco, Orange County) quanto na Costa Leste (Boston, New York, Washington DC), “contaminando”, por fim, até mesmo o miolo do país, tradicionalmente mais conservador. O Hardcore estava nas ruas da América, contestando o establishment e construindo uma valiosa rede de contatos, que permitia o intercâmbio entre bandas, zines, discos, ideias. Sabe o tal do cenário underground? Então, começou ali.

Baseado no livro de Steven Blush (“American Hardcore: A Tribal History”), o documentário mostra cronologicamente o desenvolvimento dessa cena, através de depoimentos dos próprios protagonistas. Keith Morris e Greg Hetson (Circle Jerks), Ian Mackaye e Brian Baker (Minor Threat), Henry Rollins e Greg Ginn (Black Flag), H.R., Dr. Know e Darryl Jenifer (Bad Brains), Mike Watt (Minutemen), Vinnie Stigma (Agnostic Front), são algumas das vozes que dão vida ao relato.

Outros temas importantes são abordados, como a participação feminina, Straight Edge e, obviamente, a violência nos shows (e fora deles), que num determinado momento ganhou posição central e contribuiu para o desmoronamento daquele cenário. As brigas, somadas à crescente repressão policial e à desilusão pela reeleição de Ronald Reagan em 1985, foram baldes de água fria que minaram as energias e causaram o refluxo daquele movimento.

Porém, a história já havia sido escrita, em forma de acordes, ideias e ação. Um legado que abriu portas, mostrou caminhos e continua a inspirar. Como bem lembra Chris Doherty, do Gang Green: “Eles dirigem aquela merda de ônibus de turnê na estrada que nós construímos”.

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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

RAYMOND PETTIBON + RED HOT CHILI PEPPERS = MONARCHY OF ROSES

Bem, se este blog existisse há vinte anos atrás, o Red Hot Chili Peppers teria certamente passado muitas vezes por aqui, éramos mais jovens, tínhamos mais hormônios e o RHCP fazia um som realmente impressionante para a época.

Infelizmente, hoje a banda é um pouco uma sombra destes áureos tempos, mas por vezes ainda aparece com alguma novidade que merece atenção, principalmente com relação aos videos. É o caso de Monarchy of Roses que é inspirado nos trabalhos do artista Raymond Pettibon. Ok, você não suporta o RHCP, abaixa o volume então cara!

FANZINADA NO MASP



O MASP é o mais importante museu da cidade de São Paulo e um dos acervos mais milionários e respeitados no mundo. Com a sua exposição De Dentro e de Fora proporcionou, mais uma vez, a entrada do graffiti em museus e reforçar o seu reconhecimento como obra de arte. Justíssimo.

Caledonia Dance Curry, trouxe o seu “Acampamento Ercília” para o vão do MASP, um barraco aberto, onde artistas e “pessoas comuns”, podem fazer intervenções em toda a instalação, pemanentemente. E foi lá que a Fanzinada se instalou em 5 de novembro.

Boa parte da programação furou, mas foi uma grande oportunidade para rever fanzineiros das antigas e da atualidade e também conhecer muita gente que está produzindo fanzines impressos.

O poeta Glauco Mattoso escreveu um soneto especial mente para esse evento, o qual reproduzimos abaixo:

FESTIVO MOTIVO [soneto #5002]

Incrivel! O fanzine sobrevive,
em tempos de internet, e não ha nada
que o torne ultrapassado! A molecada
ainda tem aquelle gaz que eu tive!

Da rede virtual que elle se prive
nem é preciso, e é justo que elle a invada.
Mas, quando se organiza a "Fanzinada",
dum facto não ha foco que se esquive:

Seu charme é ser impresso, mais ou menos
o caso do chordel, esse folheto
tão practico em seus moldes tão pequenos...

Eu, hoje, a fanzinar não mais me metto,
mas gosto quando um zine berra, a plenos
pulmões, ter publicado o meu soneto...


Obs.: Os textos assinado por Glauco Mattoso estarão em desacordo com a ortografia oficial, pois o autor adotou o sistema etmológico vigente desde a época clássica até a década de 1940.

Abaixo, uma amostra do Jornal Dobrabil, feito por Glauco na década de 1980, todo feito em máquina de escrever:

sábado, 12 de novembro de 2011

O GOOGLE É POP


OK! O Google é o capeta! É a bola da vez das teorias de conspiração, afinal, o Google sabe tudo, TUDO MESMO. O Google conhece seu gosto musical, gastronômico, etc, etc, vende anúncios e ganha milhões de dolares com essas informações e bla, bla, bla...
Mas o Google é pop! Virou verbo e tudo mais!!!
E justamente por saber tudo, o Google brinca com os usuários!

Começou há uns quatro ou cinco anos atrás, na primeira explosão de mitos do CHUCK NORRIS! Talvez você nunca tenha ouvido falar, mas a real é que: SE VOCÊ DIGITAR NO GOOGLE "FIND CHUCK NORRIS" E CLICAR EM "ESTOU COM SORTE" (COLOQUE O MOUSE SOBRE A PALAVRA SE VOCÊ ESTIVER USANDO O NOVO LAY OUT DO GOOGLE) E COMO RESULTADO VOCÊ TERÁ A IMAGEM ACIMA!

Sim é isso mesmo!!! Nem mesmo o Google pode achar o Chuck Norris, porque todo mundo sabe, é o Chuck Norris que acha você!!!

Daí a parada pegou entre os geeks e de lá pra cá, o Google anda brincando bastante com os usuários!
Bom, se você estiver aí, de saco cheio e quer rir um pouco, tente fazer buscas como:

Google Sphere + estou com sorte!
Epic Google + estou com sorte!
Google Gravity + estou com sorte!
Google Loco + estou com sorte!
Google Gothic + estou com sorte!
ESSE É DEMAIS - Google PacMan + estou com sorte! - Clique na imagem e jogue!
Google Guittar + estou com sorte!
Google Pirate + estou com sorte!
Google Rainbow + estou com sorte!
Google Reverse + estou com sorte!

Ao menos, dá pra rir um pouco do temido Google!!!

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

SUMIÇO NA MANSÃO




Por Douglas Prieto*


Em 1989, comecei a fazer o segundo grau, ou ensino médio, numa escola do Ipiranga, chamada “Alexandre de Gusmão”. Um dos meus primeiros colegas foi um tipo meio lunático, um sujeito chamado Danilo, apelido Tucano (por conta da composição facial) e óculos espessos. Um cara daqueles que não gostava de estudar, mas se garantia nas provas graças a sua inteligência.

Acabamos nos tornando amigos por conta do gosto musical, mesmo sem ter nenhuma banda em comum. Eu ia atrás de tudo que tinha alguma ligação com skate, e vivia num mundo de TSOL, Suicidal Tendencies e bandas de metal. Ele era um aficionado pelo que chamava de "Industrial" e EBM (Eletronic Body Music), e vinha com Nitzer Ebb, Neubauten e se esforçava diariamente para me mostrar que o Front 242 ia muito além do que aparecia no Clip Trip, extinto programa da TV Gazeta. Mas o que era exatamente igual é que nós dois não queríamos escutar as bandas que chegavam aos nossos ouvidos, mas sim queríamos escolher o que ouvir. Essa atitude em relação a música nos tornou mais próximos do que se gostássemos do mesmo rótulo.

Respirando música 24h por dia (só a revista Mad, que encapava seus livros e cadernos, o fazia mudar de assunto), ele arrumou um trabalho na Mansão dos Nobres, casa noturna que funcionava na Av. Ricardo Jafet. E lá, ele aproveitou-se da boa biblioteca musical de maneira camarada. Certa vez, me gravou um K7 com LL Cool J de uma lado, N.W.A. do outro. “Vocês skatistas gostam de rap, não é?” foi a frase que me disse ao me entregar a fita (sem esquecer de exigir uma nova fita virgem).

Mas, surpreso mesmo, fiquei quando ele me trouxe esse LP, devidamente subtraído da Mansão, em sua última semana de trabalho por lá. Era o “New Traditionalists”, disco do Devo lançado em 1981, devidamente etiquetado e numerado pelo antigo proprietário. Ele me entregou o disco sem capa, disse que estava saindo do emprego, que esse disco jamais tocaria naquela casa, e portanto, não faria falta alguma lá. Tenho apenas dois LPs que guardo até hoje, e esse é um deles (o outro é do Grinders).

Logo depois desse presentão, o ano letivo acabou, e o cara sumiu. Quando fui no show do Front 242, há cerca de 6 anos, procurei-o na platéia, e ele não estava lá. Nunca mais vi o tal do Danilo, e não me recordo do sobrenome dele, de forma que não consegui encontrá-lo via redes sociais. Queria saber o que está ouvindo hoje em dia um cara que em 1989 falava com empolgação sobre como era bom “o novo 7 polegadas do Cassandra Complex” numa sala de aula de um colégio estadual.



*Formado em Propaganda e Marketing, Douglas L. Prieto é redator, colunista e blogueiro da Revista CemporcentoSKATE e Editora ZY. Em 2011 voltou a sentar na cadeira da escola, e está fazendo Pós-Graduação em Jornalismo e Direção Editorial na ESPM. Mas, acima de tudo, é skatista de alma, levando a vida em cima do skate desde 1987. Essa é sua primeira colaboração direta no Zinismo, e esperamos que seja a primeira de muitas.

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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

RAEL BRIAN = EXPO DESTRUINDO ROSTOS + ENTREVISTA



Rael Brian é um artista de Brusque (Santa Catarina) que se expressa através das colagens e circula pelo mesmo universo que o Zinismo, traduzindo: Skate, punk rock, hardcore, faça-você-mesmo e arte.

Por esta sintonia já passou por aqui algumas vezes e temos a grata satisfação de informar que sábado agora (dia 12 de novembro) haverá a abertura de sua exposição "Destruindo Rostos" no Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso. Além da exposição, o artista dará uma oficina de colagem no domingo, dia 13.



O Zinismo conversou com o jovem niilista sobre arte, inspiração, processo de trabalho e nossa decadente sociedade.

No ano passado rolou uma exposição sua em Balneário Camboriú, com o sugestivo título “Raiva Espiritual". O que mudou da Raiva Espiritual para a "Destruindo Rostos"?
Não mudou muita coisa não (risos), a raiva e o nivel de perturbação continuam os mesmos. O que eu creio que mudou foi meu trabalho estar mais maduro por influência da faculdade de fotografia que fiz e ter dado uma outra direção com enfase no retrato. Cada dia mais emo e agressivo (risos).

Vivemos numa sociedade em que a valorização de um ideal de beleza faz com que as pessoas se submetam à (dolorosas) cirurgias plásticas para se sentirem bem. Esse tipo bizarro de comportamento é uma inspiração para sua arte?
Pode se dizer que sim, as pessoas estão sempre correndo atras de um status perante a sociedade que é baseado em cima da mentira, como ter uma aparência que agrade aos outros e que a ponha em um determinado grupo social. Tem um rosto e uma aparência bonita, mas por tras a historia é outra. Não posso falar muito porque tambem me incluo nessa crítica.



Embora o título de sua nova exposição seja Destruindo Rostos, seu processo de trabalho se dá também através da reconstrução de novos rostos através dos recortes de faces anteriormente destruídas. Na sua arte e crítica, o que prevalece para você: a esperança ou a descrença social?
Descrença total em tudo e em todos. Isso me tira muitas noites de sono (risos), não acreditar em nada e muitas vezes nem em mim mesmo. Os valores que imperam na cabeça das pessoas como crenças falidas e o lucro a qualquer preço me fazem ter uma descrença em qualquer coisa.

O que te influencia (tanto esteticamente quanto em termos de postura ou atitude)?
A estética suja e sincera de artistas como Mikey Welsh que infelizmente faleceu esses dias, que tinha uma arte completamente sincera e que não tinha medo de expor seus sentimentos. Gente como Thurston Moore, Tim Kinsella, Glen Friedman, Carlos Dias, Redson, me influenciam pela postura de sempre se renovarem sem perder sua identidade. Acho que é isso que procuro. DIY e sinceridade.

Por que colagem? Como é o seu processo de criação e construção dos trabalhos?
Porque nunca tive afinidade com desenho e pintura (risos). Não sei, o negócio pra mim tem um ar marginal, uma arte que simplesmente é uma transformação de algo que já existe e já tem função como uma imagem qualquer de uma revista e essa trasnformação vira arte (risos). Isso é muito doido pra mim. Meu processo é sempre o mesmo ou quase sempre. Chego no meu estúdio e vejo aquela bagunça, cheio de revista jogada no chão, poeira, mofo e penso "puta que merda" uhauhauha, que vontade de voltar pra casa e dormir (risos). Ponho um som, esse ano ouvi muito o Bitches Brew do Miles Davis e bastante rock emo como Elliott Smith, Joan of Arc, Braid para criar e faço uma pesquisa rápida nas revistas e começo a experimentar: camada por cima de camada, olho por cima de olho, boca por cima de boca e vai ficando uma coisa sem pé nem cabeça (risos). Até que a parada tome um rumo. É um processo lento pelo fato de eu ser bem seletivo com as imagens que uso.



Acredito que estamos vivendo no Brasil, uma cena forte de colagem com artistas influenciados pela cultura punk. Fale um pouco de seus comparsas nesta cena:
Acho que é uma galera que tem os mesmos ideais e uma vontade muito grande de fazer algo, de criar algo e dizer algo. A maioria se conhece e se ajuda como o Kauê Garcia e a Carol que sempre me ajudaram e apoiaram. Tem neguinho que tá numa pegada cabreira como o Alex Vieira, Geo, ... Acho que essa nossa geração tem muito ainda o que mostrar, isso é só o começo, muita coisa ainda está por vir.

O Rael foi um dos entrevistados na edição do ZINISMO impresso que saiu no ano passado e pode ser baixada aqui!



Serviço:

DESTRUINDO ROSTOS - Exposição de RAEL BRIAN
Abertura: dia 12/11, sábado 19h.
Visitação: de 13 a 30/11.
Oficina de colagem: 13/11, domingo 14h.

CCJ-Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso
Av. Deputado Emilio Carlos-3.641-Vila Nova Cachoeirinha-São Paulo -SP.

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Blog do Rael.

DVD DA GANGRENA GASOSA

Como disse no post anterior, os cariocas estão de fato empenhados no crowdfunding. Agora é a vez da lendária banda Gangrena Gasosa, "a única banda de saravá metal do mundo", usar a ferramenta para viabilizar o lançamento do seu primeiro DVD.

"Suncê num vai colaborá?"



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MAIS CROWDFUNDING: A FILIAL

Mais uma nota de crowdfunding aqui no Zinismo, e mais um carioca na parada: depois do guitar/indie dos Cigarettes, agora é a vez de divulgar a ação do grupo de rap A FILIAL. Através do site Embolacha, o grupo precisa/pretende levantar 16 mil dinheiros brasileiros para gravar, prensar e distribuir seu novo disco, além de cumprir os acordos das "recompensas".

Com criatividade, skate no pé e o molejo que lhe é característico, nosso camarada Edu Lopes estrela o videozinho logo abaixo, explicando melhor a ação:



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terça-feira, 8 de novembro de 2011

VOCÊ TEM QUE OUVIR ISSO!


O jornalista e escritor Luiz Cesar Pimentel, que já fez uma colaboração muito especial aqui na casa, está lançando seu novo livro, chamado "Você tem que ouvir isso!". Trata-se de, nas palavras do próprio, "um compilado de mixtapes que 90 artistas fizeram, das músicas fundamentais para as vidas deles. Cada artista escolheu 20 músicas, que caberiam num CD, e explicou a importância delas". O livro traz listas de músicos de bandas como Dead Fish, Pato Fu, Ira!, Krisiun, Sepultura, dentre muitas outras.

Para quem mora (ou está) em São Paulo/SP, o lançamento acontece na quinta-feira, 10/11, na FNAC Paulista (av. paulista, 901), das 18h às 22h.

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domingo, 6 de novembro de 2011

SPIKE JONZE + UNKLE



Video de domingo.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

FANZINADA NO MASP!



A Fanzinada é um evento que reúne em uma mesma data e local, atividades diversas relacionadas ao mundo dos fanzines.

A primeira foi realizada em Santo André, no mês de abril, a segunda em Goiânia no mês de setembro e sábado agora, a partir das 14:00 horas acontecerá no Vão livre do MASP em São Paulo, mais precisamente no Acapamento Ercília, instalação da artista norte americana Swoon (que faz parte da exposição De dentro e de fora em cartaz no museu até 23 de dezembro).

Esta fanzinada está sendo organizada pela fanzineira Thina Curtis (Spell Work Zine)e possui uma programação intensa e eclética, com vários nomes familiares deste blog!

Exposição de desenhos: Cledson Bauhaus
14:00 hs – Oficina de HQ – Wendell Sacramento
14:00 hs – Instalação EXINTER – com Gabriela Iasi
15:00 hs – Graffiti – Live Paint com Daniel Melim, Dedot e Patricia Rizka
16:00 hs – Documentários Fanzineiros do Século Passado – Márcio Sno e Punk SA – Thina Curtis
17:00 hs – Debate – Zines, Produção Cultural e Mídias Alternativas
Márcio Sno, Fernanda de Aragão, Thina Curtis, Ugra Press, Renato Donizete, Flávio Grão e Job Fernando (The Katz).
17:00 hs – Oficina de fanzines e oficinas paralelas
18:00 hs – DILL – perfomance teatral
18:30 hs – Glassbox – Show de Rock Alternativo

Zines participantes:Aviso Final, Vestindo Outubros, Introspecção, Anuário de Fanzines, UGRA press, Blog Zinismo, Spell Work, Karta Bomba, Oficinativa, Subsolo – ruas do ABC, Aisthésis.


Como podem perceber, o ZINISMO estará lá e como é de praxe, recomenda!

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

NO MORE SHAVES



David Greenberger é um americano que um dia resolveu dedicar seu tempo livre visitando asilos masculinos. Lá, ele fazia o que os idosos mais gostam: ouvia a suas histórias. Percebeu, então, que poderia compartilhar essas diversas histórias para muito mais pessoas. Mas, de que forma? Hummm… Que tal um fanzine? Bingo! Foi assim que começou a publicar o Duplex Planet em 1979.

Mas o que publicava não era única e exclusivamente as histórias dos anciãos: ele fazia entrevistas fazendo perguntas como: “o que é felicidade?”, “o que é Marte?”, “o que é música?”. Pode parecer básico, bobo. Mas as respostas que recebia eram as mais variadas possíveis. E todas repletas de contextualizações etc. e tal. E isso que impressionou Greenberger e é o que torna essa coletânea de depoimentos tão enigmática e interessante.

Esse material acabou se transformando nos livros “Tell me if I’ve stopped”, “Duplex Planet: everybody’s asking who I was” e “Trees breathe out people breathe in” e, mais tarde em formato de CD, com o “The Duplex Planet Radio Hour”.

Como se não bastasse essa variedade de formatos, em 2003, lançou “No more shaves”, a versão em histórias em quadrinhos de algumas histórias que colheu em sua saga. Como não domina o desenho, chamou amigos para ilustrar. Em diversos casos, David aparece como personagem.

Os tipos de histórias são as mais variadas possíveis, como algumas lembranças do passado, teorias como a extinção dos dinossauros, as variadas espécies de cobras, as passagens pela guerra, o primeiro funeral, a origem das bruxas, a vida no espaço. Muitas parecem fora da realidade, que faz com que duvidemos da veracidade. Mas, acho que isso é que menos importa, o interessante é onde a imaginação e a criatividade dos narradores vão e como os ilustradores adaptam para os quadrinhos.

Esse trabalho acaba não apenas alimentando a fome de entretenimento do leitor, ele também faz pensar sobre como é curioso o universo cheio de bagagem e de muita imaginação da terceira idade. Dá até para refletir como será o “nosso universo” quando chegarmos lá.

Para ter um gostinho do trabalho de Greenberger, acesse o site: duplexplanet.com, onde tem diversas categorias, com perguntas sobre determinado tema, respondido das formas mais diversas pelos vovôs.

Boa viagem.




DIA DOS MORTOS - JOSE GUADALUPE POSADA



Particularmente invejo as sociedades ou religiões que conseguem lidar de um modo mais natural com o temido e inevitável momento da morte.

Dentre estas, o Dia dos Mortos no México (que também é comemorado no dia 02 de novembro) chama a atenção pelas suas alegres e coloridas festividades, marcadas pela "produção" de diversos itens baseados na Calaca ou Calavera, como maquiagens, cartazes e até doces.

Não há como desvincular este ícone tão presente no dia dos mortos mexicano, da influência de um artista em especial: o gravador Jose Guadalupe Posada.

Posada, viveu no México entre 1852 e 1913, e utilizava principalmente as técnicas da xilogravura (gravação através do entalhe na madeira) e litografia (gravação na pedra). Participou ativamente da mídia da época e produzia também panfletos populares onde os desenhos sempre tinham papel crucial (pois o povo - em sua maioria era constituído de analfabetos).



Posada retratava a vida política, assuntos cotidianos, escândalos da sociedade e até boatos escabrosos em tons sensacionalistas, sempre através de um viés crítico e popular.



Não esqueçamos também das caveiras, que foram utilizadas amplamente em suas produções e que justamente garantiram a popularidade (eternidade?) do estilo e memória do artista até os dias de hoje.



Grande mérito na perpetuação da memória do artista se deve também ao artista Diego Rivera, que quando vivo, resgatava diversas referências da cultura tradicional mexicana em sua arte e trouxe de volta, aa figuras de Posada.




Separamos um documentário de José Guadalupe Posada, em duas partes! Viva as Calaveras e Calacas!





Nesta pintura, Rivera pintou se em um encontro com o mestre e a esposa Frida Kahlo.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

QUANDO A INFORMAÇÃO É DEMAIS A AÇÃO SE ATROFIA?

Por Simone Maia*

Sabe quando dois personagens falam ao mesmo tempo numa determinada cena do filme e você não sabe qual dos dois ouvir? Você pensa que talvez o que o personagem "X" está dizendo seja mais relevante do que o que está dizendo o personagem "Y". O resultado, quase sempre, é que você capta fragmentos da fala de cada um deles e acaba entendendo mais ou menos coisa alguma.

Alguma semelhança com a vida real?

Ah, perdão pela invasão assim tão abrupta. Não sou das Forças Especiais, mas acabei invadindo este espaço com chutes e tiros nas trancas da porta. Na verdade, tive permissão para uma pequena interação aqui e devo uma apresentação: sou SM, leitora e divulgadora deste espaço que é um nicho alternativo pensante no meio underground online.

No início eu falava da multiplicidade de vozes e informações que se espalha cada vez mais rápido através das igualmente múltiplas mídias a que hoje (por enquanto) a minoria de nós tem acesso. Digo isso porque eu mesma nunca sequer segurei um iPod, um iPad ou um Tab – isso só pra mencionar algumas dessas maravilhas tecnológicas informacionais interativas de bolso.

Quando tanta gente fala, quando tanta gente se diz "especialista" em assuntos os mais diversos, a quem devemos de fato ouvir? Quem, nessa salada mista teórica e retórica, terá razão?

Talvez a grande sacada dessa "coisa" chamada globalização seja a promoção do exercício da análise através da pesquisa e do uso do bom senso por parte do leitor/espectador. Não há outra maneira dele se guiar em meio a tantos atalhos informacionais.

Sabemos que a mídia "oficial" possui gosto duvidoso, pois por trás de cada informação pode haver – e quase sempre há – interesses obscuros de seres com intenções igualmente obscuras. O mesmo pode se dizer de certas mídias que se autoproclamam "independentes". É preciso ficar atento o tempo todo.

Onde quero chegar?

Na preguiça mental, suscetibilidade moral e ideológica e nas tradicionais passividade e falta de atitude da maior parte da população brasileira dita "esclarecida". Expor opiniões, fomentar debates, trocar ideias, enfim, são coisas fundamentais, sem dúvida. O problema é a falta de atitude. É muito blá blá blá e tecla-tecla pra pouca ação.

Certo é que manifestações públicas de insatisfação são feitas aqui e acolá por uma minoria e certo é também que a maioria (que assiste a tudo passiva e indiferentemente pela web ou pela TV) fica lá pensando consigo mesma: "Pra quê isso? Não vai levar a nada!". Esta postura acomodada e cética de certa forma se justifica. Infelizmente, quase sempre tais manifestações – por mais pacíficas que se proponham – acabam apenas com alguns tantos olhos inchados pelo gás lacrimogêneo, partes de corpos com hematomas e algumas prisões. A truculência policial na repressão a expressões populares nesta "democracia" já é velha conhecida de todos.

Mas... E se a maioria dita "esclarecida" tomasse parte da coisa?

Ficar reclamando na fila do açougue, no boteco, no blog, no Twitter, no Facebook ou na grande sala de espera do INSS vai resolver algo? Muda alguma coisa? Não seria melhor unir forças, mentes e convicções para agir em conjunto e com um propósito comum? Ainda que a mídia distorça tudo depois?

Como disse, felizmente há uma minoria que não se contenta apenas com palavras. Há, por exemplo, a galera que há anos compõe a cena underground deste país e que não espera grandes recursos ou viabilizações para a realização de seus projetos e a propagação de suas ideias e ideais, mesmo muito antes da era "ponto com" surgir na linha do horizonte, e segue fiel a seu propósito.

O grande problema sempre foi e sempre será a maioria... E pior: a que se diz pensante, mas que nada faz para mudar o estado de coisas neste país a não ser falar e falar, teclar e teclar.

Então a pergunta vai pra esse segundo grupo: o que de fato estão fazendo com tanta informação? Apenas fazendo-a circular? E mais: seria o excesso de informação um agente paralisante, um artefato capaz de confundir as massas a tal ponto que simplesmente a tornasse incapaz de agir por já não saber mais o que pensar ou no que acreditar?


*Simone Maia, autora do livro de contos "A Última Estação" (Editora Expressão, copyright©2004 – esgotado). O que há de disponível da autora: E-book "Resíduos" para baixar gratuitamente no 4shared. Versão PDF e versão DOC.

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CIÊNCIAS SOCIAIS COM NOVO JORNAL

Alunos e professores do curso de Ciências Sociais do Centro Universitário Fundação Santo André acabam de lançar um novo jornal, confira logo abaixo:

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

3 ACORDES DE CÓLERA

Hoje faz um mês que nos deixou o vocalista da banda Cólera, Redson. Na ocasião houve espanto da grande mídia quando a triste notícia bombou nos "trend topics", nada surpreendente para quem vive, ou viveu, a cena underground/punk e sabe do pioneirismo do Cólera e do Redson em várias empreitadas.

Para não deixar em branco a data, compartilhamos o documentário TRÊS ACORDES DE CÓLERA produzido por: Paula Harumi & Thais Heinisch no ano de 2005 pela TV PUC. O documentário é uma boa oportunidade para os que queiram se lembrar (ou inteirar) da importância da banda para a cena, à qual todos nós, independente de opções estéticas, devemos respeito.



Gostou do vídeo? Passe para o level 2 nesta entrevista que o colega Márcio Sno fez com o Redson para o Portal Rock Press.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

AMOR AOS PEDAÇOS


- Lembra daquelas caixas de zines que eu disse que ia te dar? Então, preciso desocupar o espaço da casa do meu pai. Pode ser domingo? Me liga.

Essa foi a intimação final de Carlos Rodrigues Costa no meu Facebook.

Uma vez, quando visitei a sua extinta loja Sensorial Discos, ele disse que as caixas eram minhas. Enrolei por uns bons meses até receber essa última ameaça.

Tinha que pensar rápido: como explicar a chegada de três caixas de zines velhos na minha minúscula casa, numa época em que a ordem é o desapego e a desocupação de espécimes? Já sei: não explicar. Pronto.

Alguns e-mails, SMS e telefonemas depois, me vejo em um domingo, sete da manhã (pra calhar, bem no dia que começou o horário de verão, ou seja, acordei às seis!), chovendo como um tradicional janeiro paulista. Rodovia Castelo Branco, com direito a passagem ida e volta.

Em menos de uma hora lá estava eu em Itapevi ao lado das cinco caixas de fanzines. Cinco caixas??? Sim, duas a mais!

Uma olhada por cima e por dentro das caixas, já via que teria em mãos muitas coisas raras do submundo (não vou citar o quê, pra não causar furor!).

- Tem certeza mesmo que quer me dar isso? – perguntei por mais de dez vezes e obtive um “sim” em todas elas. OK, eu levo.

Voltei feliz, mesmo com a chuva castigando e deixando toda a vista esbranquiçada.

Não houve reclamações em casa. Estranho. Até hoje não reclamaram. Mais estranho.

Demorei uma semana até abrir a primeira caixa. Passei a folhear. Não, isso não ia dar certo. Não ia render nada ficar procurando datas e nome do editor. Só dá mesmo, por enquanto, pra separar por tamanho!

De repente, me dei conta de algo: diversos fanzines estavam carimbados com meu nome e endereço. Eu tinha o hábito de marcar coisas de “minha propriedade”.

Em 1994 fui com o Carlos para Mariana/MG participar de um evento de cultura alternativa organizado pelos alunos de História da Universidade Federal de Ouro Preto. Levamos na bagagem bolsas e bolsas de zines para uma exposição (nunca me esqueço a sensação de estar com bolsas pesadíssimas no metrô em horário de pico!). Na volta, com certeza, um trouxe zines do outro. E o ditado piscando em luzes de neon: “o bom filho a casa torna”. Bons meninos.

Dias depois retorno à peregrinação. E descobri que aquelas caixas me preparavam mais surpresas: edições de fanzines que tive, mas que perdi em enchentes e empréstimos que nunca mais voltaram. E lá estavam em casa os irmãos gêmeos do Papakapika, O Cabrunco, Bizarre Inc., Maria Overdrive, Escarro Napalm e até um zine que participei – e nunca havia visto – sobre a banda Soutien Xiita. Sorrisão no rosto.

Já era tarde. Ainda tinha uma caixa. Minha rinite perturbando. Olhei para a caixa. Ameacei fuçar o que tinha. Decidi que não.

Vou deixar um pouco de felicidade para outro dia. Até lá, a rinite sossegou e haverá um motivo especial para sorrir feito um menino bobo que ganhou um boneco Falcon após inúmeros pedidos pro pai.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

BEACHLIZARDSPINHEADSDEADFISH

O Beach Lizards estava programado para tocar na primeira noite do JuntraTribo2, em Campinas (SP). Acontece que nessa mesma noite (sexta) subiu ao palco a banda curitibana Resist Control, e o palco veio abaixo. Resultado: todas as bandas que tocariam depois foram automaticamente transferidas para o sábado.

Mas no sábado o vocalista do Beach Lizards, Demétrius, não podia. Precisou voltar ao Rio. Mesmo assim a banda carioca deu um jeito de mandar seu recado: duas músicas com o Paulo (Pinheads) no vocal, uma delas um cover de "along the way" (Bad Religion), e mais um cover do Bad Religion com o Rodrigo do Dead Fish (e seu cavanhaque) assumindo o mic.

Registro digno do título "histórico"!



Rodrigo, que nunca havia visto o vídeo, lembra que "ninguém se conhecia, mas já éramos todos amigos. Fomos nos ver pessoalmente neste dia. Quase todos estavam lá. Formando a rede social! hahahahaha"

Mais detalhes sobre essa e outras histórias dos Lizards você pode conferir no livro "Esporro", do jornalista/roqueiro Leonardo Panço. Pra quem mora em São Paulo (SP), o livro terá um lançamento nesse sábado, 29/10, as 17h, na Galeria Choque Cultural.


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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

CELEBRANDO THE RIPPER


Mesmo quem não anda de skate já esbarrou com esse gráfico por aí, nos últimos 25 anos: a caveira rasgando o papel (ou seria um ventre) com as mãos, e posicionando a cabeça ossuda nessa fresta. O famoso logo da Powell Peralta, chamado THE RIPPER, criado pelo artista Vernon Courtland Johnson, mais conhecido como VCJ.

Para celebrar o gráfico icônico, a Powell organizou uma exposição, com diversas re-leituras da caveirinha simpática. Confira o vídeo:

RIP THE RIPPER ART SHOW from Powell-Peralta on Vimeo.